sexta-feira, agosto 28, 2020

NADA, MAS TUDO A VER...

 ... COM " A ESTRATÉGIA DO BUFÃO " de F. Louçã...

... um excelente ensaio dado à luz em 15/8 na Revista do Expresso.

Da velhice do Pensamento contemporâneo, porém , não se vislumbra uma pista de reflexão à altura do seu chão, quanto mais das suas elevações, projectáveis ou projectadas, queixava - me por aqui.

As respostas que o Pensamento do século XX pôs à disposição de uma modernidade que se auto-reclamava de um novo élan, entre tropeções, quedas e elevações,  estariam, hoje, caducas e esvaziadas da sua credibilidade, tal as sucessivas marés de cinismo e relativização dos seus princípios. E, aparentemente, parece que, pendurados sobre o abismo num ensimesmamento existencial sem retorno, estaremos a cair num " sonambulismo da Razão " perante a " bufaneidade " dos novos intérpretes do Poder e a nova religiosidade imposta pela Cibernética.

Bufões, chamou Louçã à nova safra de dirigentes políticos que à luta pela reforma ou eventual derrube do sistema, capitalista, para o caso, responderam com a exigência da reforma ou eventual derrube do regime, para o caso, democrático. E bufanismo à sua estratégia de conquista e manutenção do poder.

A nova pandemia surgiu como uma oportunidade de reencontrar um apoio firme sobre o qual assentar uma humanidade em crise que se quer transformada pelo acontecimento.

Olhando com sobranceria exigível para as lideranças que nos abraçam, umas, e embaraçam outras, assalta - nos um irresistível pavor perante tanto dislate civilizacional. E uma pergunta atormenta - nos os dias - Se foi a Liberdade, essa intangibilidade godotiana, que nos trouxe até aqui, com que nova autoridade e arbítrio nos tirará do poço para onde ameaça atirar - nos, de novo? Com um novo início? Aterradora essa contingência.

O barbarismo larvar, comum de todos, está aí à espreita por parte dos que, da Civilização, desconhecem ou negligenciam a sua fragilidade e equilíbrio periclitante, que o diáfano peso do novo Corona atestou com contundência, em progresso.

Pelo que, ao ressentimento, ódio e divisões, mentiras, malícias, sacanices, convocados pelos novos bárbaros, a lavrar num espaço de sociabilidades virtuais , nunca, a não ser por uma militãncia tão feroz como o seu despudor, poderia funcionar nesse espaço, hoje quase deserto, " um lugar natural de criação de sociabilidades... ". Daí, esse sentimento de ameaça já não latente, mas real.

Impossível combater a intolerância com tolerância e evangelismos. O Estado democrático ou é forte ou néscio.

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