quinta-feira, março 25, 2021

UMA AUSÊNCIA PROLONGADA

 Depois de tão longa ausência, com tantas coisas a acontecerem, a assistir, incrédulo, a marcha lesta do declínio da Racionalidade, atrever-me-ei a regressar, devagar. Com que propósitos, para além dos que a mim próprio estipulei desde que aqui aterrei nos longínquos anos de 2003, não sei.

E se tudo não sejam pretextos para, também eu, testar o estado da minha e conjurar os danos que a pandemia, inevitávelmente, provocou. Quiçá um refinamento do Kinismo e de um cepticismo crescente sobre a espécie na sua involução, perdão, evolução.

Veremos...

sexta-feira, dezembro 11, 2020

A ERA DA SOBREVIVÊNCIA...

... Quando associada à Era da Ignorância militante, Charlatanismo e Metafísica pretensamente religiosa, em denegação da Ciência, dará, inevitávelmente, frutos venenosos.

A reflexão, bombardeada pelo dilúvio de informação, minto, de dados, dá o passo à sensação básica e, numa hipótese benigna, à percepção elementar, como guia comportamental da espécie.

Decadência física que a exposição a um vírus elementar atesta, e intelectual que o advento da I.A. sublinhará.

A massificação genérica do século XX " envelheceu " o tempo e o espaço da formação de elites e criou uma amálgama sincrética, ruidosa, petulante, de "sábios " e " especialistas " do Todo.

Os dedos tímidos da dúvida e interrogação do Real, levantados, então, na busca de respostas são hoje abafados por uma vozearia trompeteira e desdenhosa. O mas titubeante, esmagado por proclamações definitivas. O critério da verdade, completamente atomizado pela relativização e perspectiva, saltou da Ciência para as certezas uterinas e machadadas varonis de cada um(a) dos portadores de voz, esfuma - se e torna- se irrelevante, à medida de cada olhar, de cada fôlego, de cada " achamento ".

COVID 19

Descobrimo -nos cívicos ou submissos? Dos estados de emergência ao lento soltar das amarras, que novas configurações mentais, sociais, individuais se formaram durante este exercício que perdura?

sábado, outubro 17, 2020

SOMOS TODOS ANARQUISTAS? GOOD.

 DA OBEDIÊNCIA...

O que é " obediência " num Estado democrático?

Numa ditadura não escolhemos quem tem o direito atribuído e o dever acordado de nos pedir ou exigir obediência; num Estado democrático, nós, os cidadãos, é que escolhemos, dentro de uma configuração legal existente ou criada, a que e não a quem, devemos obediência.

Haverá desobediência legítima ou leis ilegítimas em Democracia? Quando é que o o Contrato se desfaz? Dependerá, temporalmente, de Quem nos governa?

Se a Política procura a liquefacção das individualidades, inamovíveis ontológicamente, em prol da maioria, toda a racionalidade volitiva posta ao serviço de si própria, corre o risco de, como avisou V.Ferreira... " A Razão é um elástico. Vê se consegues não a esticar muito para não rebentar ", rebentar contigo e com os outros.


quarta-feira, outubro 14, 2020

LAMENTO...

... O MEU SILÊNCIO

As minhas reflexões, sobre tudo, estão completamente contrabandeadas pela Covid2. Irritantes e irritáveis, censuro - as em amargor. A minha desilusão, passado quase um ano sobre o evento, inunda toda a nossa Civilização tecno - científica, a braços com uma desumanidade em crescendo.

Continuarei em silêncio..., por ora.

domingo, setembro 20, 2020

A PUTA DA CONJUNTURA...

... NA NOVA(?)CONJUNTURA

Costa Gravas, no seu filme " O Capital ", pôs na boca de um banqueiro inescrupuloso, venal e oportunista, quando interpelado sobre o seu futuro no pântano moral que enfrentava, após decisões malignas que afectaram milhares de cidadãos, a proclamação definitiva - E agora? Agora 
é com a puta da conjuntura - foi a resposta.

A actividade da Banca é amoral dizia Ricardo Salgado o ex-DDT do país e a Conjuntura é o resultado das decisões, individuais, colectivas, nacionais, internacionais, institucionais e governamentais das nações representadas nas suas lideranças. Nebulosa e indefinida serve sempre de escape e alibi desmoralizador ao que foge do controlo. Hoje chamar -se - ia SARSCOVID 2? Falso..

Em Democracia, a última e decisiva palavra deveria estar nas decisões individuais do cidadão eleitor, no que ao sentido de mudanças reais no universo da sua deploração política e repugnância cívica lhe concerne.
Acontece que o sistema, que os regimes democráticos contemporâneos sustentam e mimam, numa protecção feroz dos privilégios que o regime, à cautela, vai introduzindo subreptíciamente no tecido legislativo e judicial, principalmente neste, parece imutável, por mais " alternâncias " reparadoras a suceder no topo das hierarquias dos Estados. ESSA É A PUTA DA CONJUNTURA.

( a cont. )

segunda-feira, setembro 14, 2020

PRESIDENCIAIS

BARALHAR O JOGO?

Daniel Oliveira congratulou - se, e eu também, com a candidatura da socialista Ana Gomes à presidência da República portuguesa, cargo hoje ocupado pelo político conservador de Direita, Marcelo Rebelo de Sousa.
Conhecidas já as palavras do primeiro - ministro António Costa, secretário - Geral do P.Socialista, rendido já à evidência da vitória do actual presidente à reeleição, sem lhe mencionar um apoio explícito, urgiu - se conhecer pelos militantes socialistas qual seria o candidato do partido a apresentar - se às eleições, cumprindo uma " burocracia " partidária de sempre. Debalde...
... pelo que Ana Gomes, farta de esperar pela definição oficial, lançou a sua candidatura pelos militantes não seduzidos pela hipótese não - hostilizada de Marcelo.

Baralhou o jogo? Pelo contrário e Costa agradece.

Quando é que o interesse individual passa a ser colectivo, logo, político? E quando é que o interesse político se torna individual, logo, pessoal?
Fácil seria, como o fez D. Oliveira no Expresso de 12/9, classificar como interesse individual, o silêncio tácito, táctico, POLÍTICO, essencialmente político, de A. Costa face às presidenciais, ao ter esvaziado o conteúdo ideológico que Marcelo eventualmente pudesse exercitar no segundo mandato.

Por outro lado, mutatis mutandis, poder - se - ia assacar a Ana Gomes um impulso " meramente " pessoal, individual, numa disputa já decidida pelos portugueses. Seria injusto, naturalmente,mas a agenda eleitoral de Ana Gomes e do candidato do Chega acabam por se tocar na de Marcelo em zonas intratáveis, cujas definições fazem parte já do imaginário português - Liberdade e Democracia.
Diferentes, pela clareza estampada, serão as posições do candidato do PCP, João Ferreira e do Bloco, MarizaMatias, políticamente ideologizadas e marcadamente programáticas.

Baralhou o jogo? Não o creio, tornou - o mais transparente.

sexta-feira, agosto 28, 2020

NADA, MAS TUDO A VER...

 ... COM " A ESTRATÉGIA DO BUFÃO " de F. Louçã...

... um excelente ensaio dado à luz em 15/8 na Revista do Expresso.

Da velhice do Pensamento contemporâneo, porém , não se vislumbra uma pista de reflexão à altura do seu chão, quanto mais das suas elevações, projectáveis ou projectadas, queixava - me por aqui.

As respostas que o Pensamento do século XX pôs à disposição de uma modernidade que se auto-reclamava de um novo élan, entre tropeções, quedas e elevações,  estariam, hoje, caducas e esvaziadas da sua credibilidade, tal as sucessivas marés de cinismo e relativização dos seus princípios. E, aparentemente, parece que, pendurados sobre o abismo num ensimesmamento existencial sem retorno, estaremos a cair num " sonambulismo da Razão " perante a " bufaneidade " dos novos intérpretes do Poder e a nova religiosidade imposta pela Cibernética.

Bufões, chamou Louçã à nova safra de dirigentes políticos que à luta pela reforma ou eventual derrube do sistema, capitalista, para o caso, responderam com a exigência da reforma ou eventual derrube do regime, para o caso, democrático. E bufanismo à sua estratégia de conquista e manutenção do poder.

A nova pandemia surgiu como uma oportunidade de reencontrar um apoio firme sobre o qual assentar uma humanidade em crise que se quer transformada pelo acontecimento.

Olhando com sobranceria exigível para as lideranças que nos abraçam, umas, e embaraçam outras, assalta - nos um irresistível pavor perante tanto dislate civilizacional. E uma pergunta atormenta - nos os dias - Se foi a Liberdade, essa intangibilidade godotiana, que nos trouxe até aqui, com que nova autoridade e arbítrio nos tirará do poço para onde ameaça atirar - nos, de novo? Com um novo início? Aterradora essa contingência.

O barbarismo larvar, comum de todos, está aí à espreita por parte dos que, da Civilização, desconhecem ou negligenciam a sua fragilidade e equilíbrio periclitante, que o diáfano peso do novo Corona atestou com contundência, em progresso.

Pelo que, ao ressentimento, ódio e divisões, mentiras, malícias, sacanices, convocados pelos novos bárbaros, a lavrar num espaço de sociabilidades virtuais , nunca, a não ser por uma militãncia tão feroz como o seu despudor, poderia funcionar nesse espaço, hoje quase deserto, " um lugar natural de criação de sociabilidades... ". Daí, esse sentimento de ameaça já não latente, mas real.

Impossível combater a intolerância com tolerância e evangelismos. O Estado democrático ou é forte ou néscio.

quarta-feira, agosto 19, 2020

SOLTAS...

AUTORITAS, NON VERITAS FACIT LEGEM

Será verdade que é o intérprete e não o texto que dita a Lei?

TRUMP
BOLSONARO
ERDOGAN 
SALMAN
LUKASHENKO
PUTIN
DUTERTE
XI
KIM
MADURO
etc... etc...

Quantos de nós não teremos sentido " a náusea física directamente sentida no estômago e na cabeça " do Bernardo Soares e essa " sufocação do vulgar "com que o gesto e a voz de alguém nos agride?

Qual a característica comum, qual a nota estridente que nos atordoa a interpretação desses intérpretes?

segunda-feira, julho 13, 2020

PRESIDENCIAIS e... outras coisas

ANTES DE TEMPO?

Ainda há tempo mas não deixo de concordar com aqueles que pensam que o Partido Socialista deve apresentar um candidato às próximas eleições presidenciais em Portugal. Que as boas relações institucionais, que não políticas, globalmente positivas para a estabilidade governativa, não lancem no esquecimento a área política e partidária conservadora do presidente Marcelo, que partirá para essas eleições como um vencedor antecipado.Terá a votação da Direita, a oposição do Bloco, do PCP e , do CHEGA, que lançou já na corrida como candidato daquela agremiação, André Ventura,
um aspirante a caudilho de uma Direita esvaziada no seu ideário, incaracterizada pela anterior liderança do CDS.

Marcelo foi e está a ser, formal e institucionalmente, um presidente correcto, um bom presidente no quadro político anterior e , por enquanto, do novo, marcado pela crispação partidária que o governo minoritário do PS vai estimulando.
 Acontece que, da desconfiança latente que a Esquerda, genéricamente lhe devota está a emergir um apelo à apresentação de uma candidatura própria a temperar os tempos de antena deixados, até agora às oposições do governo e do P.República.

Perante o posicionamento pessoal e político de Pedro Nuno dos Santos, Ministro socialista,a enjeitar o apoio ao actual presidente de Direita, Marcelo R. de Sousa, nas próximas eleições presidenciais, choveram críticas e reparos por ter, oh céus, transformado uma eleições " burocráticas " numa escolha ideológica.

Vejamos... Marcelo é tudo menos um burocrata, é um político encartado da cabeça aos pés. Nada garante que o passado recente de colaboração institucional com o PS, direi melhor, com o Primeiro - Ministro António Costa, não venha a sofrer alterações, que a mundivisão ideológica do actual presidente fácilmente justificaria.
A Ideologia não tem nada a ver com o exercício de cargos políticos? Bullshit!

A contenção tem como alvo o futuro de Marcelo, não o seu passado recente. E aceita - se.