A incomodidade, agora que a espuma da polémica se vai decantando, que me invadiu ao presenciar a cena da agressão do treinador da equipa portuguesa, impediu - me de , a quente, verter aqui a minha opinião. Fá-lo-ei agora, livre de todas as emoções que as incidências próprias do desafio me provocaram e provocam em todos os amantes do futebol.
Recuso liminarmente a cruxificação pública e a humilhação que se seguiram. O gesto de Scolari, à luz do politicamente correcto que nos vai amolecendo a espinha e refinando a cobardia, pessoal e colectiva, será condenável nessa justa escala de abolição de tudo o que faz de nós seres naturais.
A agressividade que qualquer competição desportiva transporta e no futebol ela chega a raiar a agressão violenta, faz parte intrínseca e impossível de negociação, da nossa natureza, sem a qual a sobrevivência do " social e politicamente correcto " que nos mantém no limite da tolerância seria impraticável.
Scolari foi agressivo e a mim nem me interessa saber se foi resposta a uma agressão verbal. Sei bem, como ser sanguíneo que sou, agressivo qb, do esforço hercúleo que faço diáriamente na contenção da minha agressividade e da ira que de mim se apossa na minha vivência reflexiva dos comportamentos moralmente inaceitáveis dos outros e das consequências obscenas e vis dos seus actos.
Posto isso, não o condeno, exactamente pelo contexto e história que estiveram na origem do gesto. As instituições que o façam se não acharem justificável a sua acção.