Como vem sendo hábito os meus filhos acertaram.PERDEMOS com a Grécia.Já devem ter reparado que por vezes "funciono" e reajo como português e às vezes "sinto" como um africano.
Deambulo com frequência por Frantz Fanon à procura de sinais de despersonalização típica de um colonizado,e sinto-me baralhado.
Tenho 57 anos.Vim para Portugal com vinte anos e aqui me mantive e aqui criei novas raìzes.Casei-me com uma portuguesa e com ela tivemos dois filhos,aos quais não consegui transmitir o "impossível"-a visão do mundo do africano e o seu psquismo em cotejo com a visão europeia.
Como poderia transmitir isso,se eu próprio ando a procurar África em mim,quando toda a minha formação cultural é europeia?
Essa alienação, que faz com que eu nunca tenha tido um sonho "passado" em Portugal,reforçando assim as minhas origens,a par dos valores identitários que ainda alimento,surge-me como um elemento de defesa cultural.E interrogo-me sobre a origem dessa defesa.
Vivo em Portugal há 37 anos.Conheço este País de lés-a-lés por força da minha actividade profissional;as minhas estadias são suficientemente prolongadas para me permitir a interacção com os habitantes.Defendo-me de quê?!!!
De qualquer maneira penso que recuso a assimilação,ao mesmo tempo que não me reconheço como produto da cultura africana que me entristece na sua menoridade global.
Discorrendo sobre o futebol vim aqui parar.Extraordinário!
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