... são dois notáveis neologismos das duas mais incisivas e inteligentes comentadoras dos media portugueses.
Inês Pedrosa e Clara Ferreira Alves têm marcado, cada uma ao seu estilo, semanalmente, na revista Única do Expresso, com uma escrita corrosiva, cortante, mordaz o quotidiano de um espaço privilegiado da sua observação: o mundo politico e por arrastamento o mundo masculino.
Sem contemplações e às vezes com merecida crueldade têm denunciado os ultrages com que a vida publica se tem debatido nesta nossa Democracia ainda tão mal amanhada, protagonizados por cada um e todos. Sim, todos, porque a nossa cumplicidade negligente e por vezes activa também nos faz parte, embora em menor grau, desta mediocre situação a justificar a ira dessas comentadoras, porque só uma empatia muito grande com os personagens tão nossos conhecidos justifica a existência e a contumácia das acções negativas e da sua ausência na procura do melhor para o País.
É exactamente a " distracção " e o deixa-andar dos outros que tem sido permanentemente sacudido, numa desmontagem da " moralidade interesseira " que parece estar a tornar-se uma imagem de marca sob alibis vários que vão da competitividade ao sucesso profissional e material.
Os " MERDIAS " , ( neologismo feliz de C.F. Alves ) têm tido nesta formação de caracteres um papel muito forte na denúncia do que eles próprios têm sido um espelho: a indigência na capacidade de interpretação, do raciocinio e nas conclusões a tirar do exercicio de uma actividade que também ela devia ser activamente formadora e não só informadora, ficando-se pela constatação dos factos. Salvam-se alguns comentadores e cronistas que, presos nos seus interesses ideológicos e materiais pecam por manifesta falta de objectividade, descredibilizando por esta prática malsã a força de um opinião, que mesmo o sendo, deveria ser também FORMATIVA.
Porque se, como diz Inês Pedrosa - as convicções não as tem quem quer, mas quem sabe criar em si um espaço existencial para ela - também é verdade que nesse mesmo espaço, aberto à sua criação não deixamos ou pelo penos não devíamos deixar entrar gato por lebre.
Vem aì um ANO NOVO e forçosamente diferente e com perspectivas tão pessimistas como os outros as tiveram.
Que estejamos mais atentos e mais actuantes no sentido de, se não melhorar pelo menos não deixar degradar mais este pequeno espaço que é de TODOS e só com todos fará sentido: PORTUGAL
BOM ANO para o País e para cada um de vós em particular são os votos de CALAMATCHE.
Sem comentários:
Enviar um comentário