sexta-feira, janeiro 27, 2006

ELEIÇÕES EM CABO VERDE

PAICV--41
MPD----29
UCID-----2
PRD-------0
PSD--------0

Comentários ? Só um e um bocadinho longo.
A alternância democrática só é justificada e justificável quando é coerente com o desempenho de um governo. Se ele for mau, objectivamente mau, deve ser afastado. Se pelo contrário a sua acção for aferida às medidas dos nossos desejos, que eventualmente foram contrariados, em prol de objectivos mais abrangentes, mais justos, acontece esse ping-pong imaturo, interesseiro, vingativo e provinciano que caracteriza os zig-zags eleitoriais de alguns países, de eleição em eleição.

O que está a acontecer em Cabo Verde, com algum atraso é certo, é uma luta de classes com conotações racistas à mistura.
A pequena burguesia do PLATEAUX, ( quem conhece C.V. sabe do que estou a falar ) de Mindelo e de S. Filipe perdeu, com a independência, a influência que a sua escolaridade de então lhe proporcionava, social e econòmicamente, em resultado da massificação de licenciaturas universitárias conseguidas pelos badius de Sta. Catarina, Assomada, pelos negros di BAXO-PRAIA,pelos excluídos dos clubs Mindelenses pelos mulatos de S. Filipe.

São esses BADIUS, pretos que nunca o foram, pelo menos na acepção europeia do termo,já que a formatação do caboverdiano o distingue, na sua insularidade, que lhe inseriu nos seus genes caracteristicas particulares de resistência, adaptabilidade e um orgulho feroz, dizia eu, são esses Badius, gente sem nome, sem pedigree, competentes, inteligentes, simples, e com grande amor pela SUA terra que detêm o poder em Cabo Verde.

Infelizmente isso tem incomodado, mais do que eventuais insuficiências ou incompetências a burguesia local sediada no MPD.

Sei que vou tocar num assunto TABU em Cabo Verde, que é o racismo de classe, de tonalidades cromáticas definidas pela gradação da cor da pele, pela soberba da parola origem europeia que ainda hoje se faz sentir na minha terra. Politicamente enquadrado, diluindo o impensável, muita gente, a coberto da matriz partidária alimenta o sonho do poder perdido.

Sei que o PAICV despreza as lantejoulas barrocas das festas palacianas, sei que o PAICV não esqueceu as suas origens de classe e que governa para o POVO. ISSO basta-me e alegra-me, porque sei que eles sabem que os seus PEIDOS INTELECTUAIS valem tanto ou mais do que os dos outros. O segredo está não nas suas origens mas na direcção que tomam.

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