CARTA ABERTA a um jornalista
A propósito da sua crónica na " Única " de 13 /7, e no seguimento das minhas críticas aos jornalistas de Portugal, aproveito para lhe pôr em consideração o seguinte:
No jornalismo, como em todas as profissões, há ( deveria haver ) uma componente cívica sempre presente. Essa componente cívica prende-se, no que diz respeito aos jornalistas, à obrigação de competência ( conhecimento da lingua veiculada ), rigor ( ausência de má - fé intelectual ), cidadania ( obrigação moral e profissional de " promover ( bons ) hábitos culturais, como fazemos com os nossos filhos e amigos, não?, no sentido de melhorar a ili teracia dos cidadãos ), e por último e mais importante, CORAGEM ( na defesa dos seus conteúdos ) .
Infelizmente, poucos jornalistas em Portugal teriam a coragem da pivot Mika Brzezinskida MS NBC, de se recusar a abrir um telejornal com a trivialidade da saída da cadeia de Paris Hilton ou de, em Portugal com o nome da nova namorada de C. Ronaldo.
Este problema da coragem é importante porque está intimamente ligado à competência de quem diz não. Só a mediocridade se acomoda ao protelamento dos principios ( profissionais , morais e outros ) em nome de protecções ( alibis ) várias, do emprego, da família, dos amigos, etc, etc.
Em Portugal, figuras de coragem como M.S.Tavares, Inês Pedrosa, Pacheco Pereira, Clara Ferreira Alves, entre poucos outros, como B.Bastos, V.J.Silva, não abundam e a diferença que fazem entre " fazer fretes" e serem jornalistas, reduz a massa dos funcionários da Comunicação Social a essa expressão mais simples: funcionários, robots, paus - mandados, incompetentes por inerência, venais por cobardia, analfabetos por má formação, incultos por defeito próprio, intriguistas por defeito de carácter, neutros por ausência de formação educativa e cívica.
Por isso, meu caro J. A .Carvalho, o problema não está na politização das noticias, porque toda a noticia é politica e passível de interpretação política. Acontece, por outro lado, que o papel dos jornalistas não se deveria esgotar na informação. Tem que ser também ele, FORMATIVO, e daí a importância de Ouvir e Ler as pessoas mencionadas atrás; também é isso ( a credibilidade ) que me fará parar e ler a sua crónica QuemTV.
Só uma revisão urgente como diz vos melhorará e por arrasto, também os nossos cidadãos. Mas também, se me permite, tenho um conselho: reflicta melhor ( já que este assunto, para si apolítico, o perturba ) sobre o papel dos jornalistas e pondere o contributo que devem dar à sociedade para além da informação, já que a NET o faz melhor como sabe, como savana de liberdade e livre expressão que é.
Quero crer que, desculpe a impertinência, se sente frustrado, ( para mim com razão ) do seu papel que hoje representa como jornalista na função que actualmente exerce e do eco que sente, sentirá? do que faz
Creia que isso é um bom sintoma...
Sem agravo, de um leitor atento.
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