quarta-feira, novembro 24, 2010

d' O SÍTIO DAS MULHERES MORTAS...

Inês Pedrosa titulava assim, na sua Crónica Feminina da " Unica " do Expresso de 14/8/2010, que abordava mais um caso de brutal assassinato de uma mulher às mãos do seu companheiro, em pena suspensa por agressão da qual tinha sido condenado por queixa da vítima, agora morta.

Consternada, Inês Pedrosa verberava a inexistência de uma protecção efectiva das vítimas por parte do sistema judicial português, já que através dos " direitos fundamentais " dos agressores se impediria a sua expulsão do lar, com eventual perda de paternidade se se desse o caso de haver filhos do casal.
Na altura da escrita dessa " dor de alma ", o número de mulheres mortas durante o ano até Agosto de 2010 era de 16. Hoje já estamos em 39 com 37 a escaparem por pouco a igual sorte.

Tenho por mim, na ressaca do que escrevi aqui ontem, que há uma pergunta que tem de ser feita - O QUE É QUE SE PASSA!!!???. O que é que se passa com os homens e, SIM, com as mulheres portuguesas?

É que a vitimização TEM dois sentidos e embora fatalmente penalizadora para as mulheres, olhar para esta magna questão com um sentido único de inocentamento das vítimas femininas reduzindo a outra parte a um mero problema de privação de liberdade, seja por internamento prisional ou psiquiátrico, que na minha opinião caberia à maior parte dos agressores, é definitivamente, curto.

Homicídio - Prisão, claro!..., mas o resto, o PORQUÊ? Para lá do asqueroso da violência, a nossa sociedade " ensina - nos " que há margens cinzentas de circunstâncias atenuantes na sua manipulação. É o espaço onde a Justiça se move e até que o Homem mude a sua natureza essas situações irão repetir - se, desgraçadamente.

É que esses homens também amaram e confiaram nas suas companheiras e no seu delírio também seriam capazes de dizer que " perderam a cabeça " e mataram por amor.

" Amor ou abuso ", vá - se lá saber, não é, Inês?

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