domingo, dezembro 04, 2011

DA " REFUNDAÇÃO " da U.E.



A Política deve(ria) ser actualmente o único ramo específico do conhecimento que se obriga(ria) a interrogar as massas " não - especialistas " sobre o que deveria fazer ou ser feito.
Sabemos que isso nem sempre acontece; em rigor só acontece quando se referenda, não um projecto, ( seria tolice...) mas uma Lei específica.


A particularidade de leigos a ajuízarem especialistas e eventualmente condená - los à demissão coerciva pelas eleições, radica no conceito muito pouco racional da vontade da maioria, entendida como uma entidade colectiva dono de uma omnisciência que escapa ao individual, a que se deve atribuir a Verdade, ou no mínimo o bom-senso no seu julgamento.
Um piloto de um Airbus com problemas na cabine nunca abandonaria o cockpit para indagar junto dos passageiros, sem ser tomado por imbecil, sobre o que fazer. Porque há de parte a parte uma relação de confiança tácita que se estabelece quando alguém entra num avião, da capacidade assumida por um e da " crença " baseada na normalidade que a racionalidade exige, do outro.
Essa confiança, chamemos - lhe civilizacional, está a perder - se em relação à classe política que delegou cobardemente as suas obrigações aos BUROCRATAS fazedores e multiplicadores de dinheiro traindo uma máxima universal que nos diz que a riqueza de uma nação, em qualquer das suas vertentes, é criada pelo trabalho concreto do seu povo no sentido do seu melhoramento global.


O sentimento geral que engloba hoje os governados, do lado de fora do condomínio, é a falta de confiança nos seus líderes, baseado no único critério de avaliação pertinente e fundamentado que lhe é possível  -  a Realidade, onde todos somos especialistas de nós mesmos. E a realidade evidencia - nos que as coisas não são o que desejaríamos.
Como ela pode ser transformada num prazo relativamente curto, o que não é possível à natureza humana, tomada como uma complexa e mítica entidade colectiva, a solução é evidente - Mudam - se as normas do funcionamento do regime e principalmente do sistema económico e financeiro que foi sufragado pelo apelo ao que a Democracia tem de controlar - o individualismo, o corporativismo, a selvageria financeira, insensível ao descalabro das nações.


Quando vejo, revejo e continuo a ver a dupla Merkozy em exercícios imperialistas de puro narcisismo político hesitarem na contenção da gangrena mercantil que se alastra pela U.E., porque não sabem o que deve ser feito ou sabem e não o querem fazer, só me resta uma conclusão, já pressentida então nas hesitações sobre o resgate da Grécia  - A estratégia está hoje à vista - Quer - se a refundação da U.E. extirpando as maçãs podres ou em troca a sua submissão aos ditâmes do par-dançante no Poder.


A pergunta é imperiosa: - Para quê?

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