quarta-feira, janeiro 14, 2015

LIBERDADES ( de EXPRESSÕES )


MANIFESTAÇÃO EM PARIS ( um rescaldo... a frio... )

Olhando para os perto de cinquenta chefes de estados que estiveram presentes na cerimónia da defesa dos " valores ocidentais " , que encabeçavam o desfile de desagravo e solidariedade com as vítimas do cobarde ( pelos valores humanistas que me enformam ) assassinato levado a cabo por quatro jihadistas franceses, a falsidade e a hipocrisia pairavam clamorosas por cima de tão distintas personalidades.

Sem querer, por ora, historiar a responsabilidade directa, a montante e fatalmente a jusante, nos desenvolvimentos das últimas décadas das acções que despoletaram a tomada de uma consciência, hoje mais política de que religiosa, identitária anti - Ocidente por parte do, para simplificar, o Islão, estremeço a pensar nas acções futuras dos nossos distintos dirigentes perante a demissão temerosa da moderação islâmica face ao extremismo jihadista, dentro e fora de portas.


Num Ocidente dessacralizado, cujos valores remanescentes  disfarçam a relativização ética e moral - a liberdade de expressão  ( um universo onde o relevante subjaz de manipulações de interesses para os quais a verdade se torna um pormenor descartável... ) teima em confundir - se com a impunidade que casuísticamente nos permitimos na abordagem negligenciada com que enfrentamos, não só as nossas idiossincracias como as dos Outros.

É a liberdade de expressão que me permite, não impunemente, porque choca com o MEU respeito humano, mas para as adversariar, que reproduzo acima a selvageria sarcástica do Charlie Hebdo contemplada em algumas caricaturas ofensivas, seja qual for o ângulo da interpretação.
A gratuitidade, repugnante por vezes, da crítica humorística releva de uma militância trágica, psicológicamente demente da redação, hoje, também ela tragicàmente extinta, do C. Hebdo.

A auto - censura que nos permite sair à rua e voltar incólumes para a paz do lar, é um dos traços essenciais da nossa humanidade, se não por uma questão de defesa própria, também por uma defesa dos outros na sua relação connosco. Todos os adultos conhecem os seus limites e, em semelhança, pressupõe os dos outros, sob o risco das consequências, não só legais como as retaliatórias.

E entra - se no campo da justificação da violência, sim, como TODOS sabemos ela tem justificações e atenuantes. A História do sapiens é uma história sobre a violência, sobre as violências e as suas infindáveis faces, do soft, falso soft, à brutal, da homicida à genocida e ainda nos chocamos com a nossa capacidade infinita do que somos capazes e não da incapacidade de contrariar essa genética maldita.

Confúcio diria que os homens comuns chocam - se com coisas invulgares e os sábios com as coisas comuns.

Esperamos que o choque sentido pelas luminárias que encabeçaram a manifestação dos homens comuns tenham a capacidade de se chocarem, de facto, com os assassinatos de Paris.

P.S. - HOJE, 16 DE JANEIRO, SOUBE QUE, AFINAL, O CORTEJO DE 200 METROS, DOS  ILUSTRES NADA TEVE A VER COM A MARCHA DOS COMUNS QUE ACONTECIA NOUTRO LADO, DESAFIANDO A INTOLERÂNCIA. O CORTEJO SIMBÓLICO E COBARDE DESMERECEU OS VALORES QUE O POVO ENCABEÇOU. NÃO FOI UM LAPSO, JUSTIFICÁVEL PELA LOGÍSTICA, FOI CONTUMÁCIA.

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