... O sentimento íntimo, já não tanto assim indefinido, de perda de um rumo e de um querer, misto de Utopia, esse objectivo imbatível no espírito do sapiens, e de pragmatismo na construção colectiva há tanto tempo adiada.
Uma Europa assim ansiada só cumprirá o seu humanismo quanto mais definidas estiverem as identidades que a formataram. Portugueses cada vez mais retintamente tugas, espanhóis furiosamente espanhóis, alemães cada vez mais rigorosamente alemães, os italianos, caóticos e apaixonados e por aí fora...
Esta soberana e insuperável riqueza cultural, hoje sob o impiedoso ataque de uma predistinação imbecil e imbecilizante, terá de prevalecer por sobre todas as burrocracias do Pensamento e da Acção, ou então...
Dizia, em 1992, Virgílio Ferreira...
" Europa, Europa, minha aflição, meu desespero. Capital do mundo ainda o és, porque tens, mesmo na velhice, os sinais, para os outros, de como terão de envelhecer. A Grécia esplende no fundo dos tempos e da humilhação. Esplende. A Grécia, ó Europa inteira. Tens o vírus do contágio no ar que o mundo inteiro respira. Que é que significa a falada " Crise ", fora da crise que és? Se amanhã fores submersa pelos pretos e amarelos e ismaelitas e a tropa dos computadores, o teu germe continuará no fundo das trevas e é daí que continuarás a iluminar. Europa, amada Europa, terra da minha condição. Eu te saúdo na tua doença ou agonia. E te quero.E te quero. "... em Pensar 451
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