segunda-feira, junho 20, 2016

BREXIT?

WHY?

Porque é que se está hoje a pôr - se esta questão?
Falou - se por aqui, na qualidade de ilhéu, das características que formatam todos os povos insulares, numa comparação das semelhanças que as suas condições naturais teimam em rematar - a independência mental, o olhar atento sobre intencionalidades soberanas e, porque não uma desconfiança atávica sobre o outsider.

O GLUTÃO E O FARISEU

" Reparai num mapa da Europa. A Inglaterra lá está no alto, à parte, por sua conta própria e olha o Continente como um cão a vigiar o rebanho lá em baixo, como uma ave de rapina oculta entre as núvens para saltar em cheio sobre a vítima, como um severo vigilante espia com suspeita a sua gentalha.
Os países da Europa estão todos ligados, compactos, todos juntos e confiantes, mesmo os mais remotos. São uma família e nas famílias não há sempre acordo, nas famílias há,por vezes, divisões e zangas mas, em suma, há sempre recordações, sentimentos, interesses comuns. A Europa continental é tão sociável, tão amiga do mundo que, por um lado, parece uma só com a Ásia e em baixo, no meio - dia, se projecta com as suas ilhas e penínsulas até quase tocar a África.
A Inglaterra, não. Reconhece que a Europa não é a sua Pátria. A Inglaterra não tem nada a ver com a Europa. Com o seu focinho apontado ao polo e as suas alturas brancas sobre o mar mostra claramente que não quer pertencer ao Continente.
A Europa, para ela, não é mais que uma daquelas partes do mundo onde lhe convém traficar, dominar e, se sucede, combater. Todas as terras, para ela são iguais. Jamais está em comunhão com a Europa, e tão - pouco com os outros continentes. Não é solidária com ninguém... "

Duras, e a espaços nublada por uma visão historicista, datada e intencionada, as palavras de Giovanni Papini sobre a pérfida Albion nos meados do século XX, pareceriam, à primeira vista, uma síntese, que os factos fundamentam, do que ele considera ser um atavismo caracteriológico de simulação, hipocrisia e mentira do qual ela já nem tem a consciência.

ACONTECE que estamos no século XXI e o mundo mudou. As relações nacionais, globais, entre os Estados e as Instituições metapolíticas das quais a Globalização em projecto, no arredondamento dos conflitos mundiais através do comércio, têm estado reféns de realidades que as suplantam, por mais que os nacionalismos estrebuchem.
Por mim, o proverbial common sense britânico prevalecerá sobre a nostalgia do Union Jack.

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