quinta-feira, fevereiro 09, 2017

D´O ADVOGADO DO DIABO

DANCING WITH THE DEVIL

Já que chegámos à conclusão que nos (re)descobrimos com Ockham e antes dele com Aristóteles, que só existe uma realidade, a individual, reportada aos nossos sentidos e às nossas emoções por sobre uma racionalidade Universal, hoje em decadência, a História sussurra - nos que entrámos no modo sobrevivência.

Entremos, pois, no assunto deste post... que, como de costume, reflecte o estupor de um septuagenário perante a marcha de um mundo em interrogação sobre TODOS os seus adquiridos civilizacionais.

Falemos, então, do que hoje se chama fascismo islamita numa tentativa de caracterização, como o vejo, fundamentalista e religiosa.
Ele existe e é um facto incontornável na sua vertente jihadista e radical. Existe sobre uma fundamentação religiosa literal baseada em textos medievais sagrados para os seus fiéis, no Alcorão, existe em todo o Oriente - Médio e mutatis mutandis, em Israel com o Talmude e a Tora e existiu no mundo Ocidental com a Bíblia da Inquisição. Impossível, pois, descartar a vertente religiosa no advento do Fundamentalismo como um exercício autoritário do poder religioso e quando a esse se associa o poder político, o do Estado, em militância expansionista armada, está criado o caldo fascista em toda a sua glória.

Quando, sob o estandarte da Liberdade, o Ocidente quis exportar os seus " fundamentalismos ", políticos, religiosos, e sociais, como essências incontornáveis de Civilização, que uma racionalidade supostamente universalizada, abraçaria sem reservas, esqueceu - se que a demanda teria e tem o selo de dominação, que é o que acontece quando os nossos valores se sobrepõem aos contemplados pelo Outro.
Não cabe aqui, neste espaço, historiar o século das Luzes na sedimentação dos paradigmas que enformam o Ocidente actual na sua mais importante conquista - o valor da Liberdade - e os direitos humanos. Políticamente, como consequência, como eu o entendo, e não como uma causa, a Democracia emergiu como um regime político soberano na consciência, PREPARADA, dos ocidentais.

Infelizmente e com um olhar ocidental, a História seguiu outros caminhos noutras paragens. Lá não houve Luteros nem Gutenbergs, não houve Kants nem Marxs. A Tora e o Alcorão são os veículos de Iluminação, políticas, religiosas e... sociais, por aquelas paragens...
No Ocidente, com o abrenúncio da morte de Deus, a Bíblia do Deus cristão já não tem o carácter definitivo e definidor na formação das consciências, e definitivamente, abandonou o fundamentalismo agregador e militante de outrora na propagação da sua Fé. A palavra e não a espada, a prédica e não a sharia e o excomungo, a integração no mundo temporal  e o Ecumenismo, e não o isolamento fundamentalista, são as armas do Cristianismo de hoje

As consequências daqueles posicionamentos reflectem - se na sociedade civil, nos costumes e nas aspirações libertárias, onde a libertação do feminino marca, pelo essencial e vital contraste, o referencial decisivo que, subterrâneamente, opõe as sociedades ocidentais e... as outras.
O feminismo, em sociedades que, ainda hoje, estabelecem e fundamentam, via textos sagrados, a hierarquização e submissão militante das mulheres, é visto como uma afronta vital, tal como a homossexualidade e o travestismo sexual.
Os laços de civilidade que a tolerância democrática pratica até ao desmazelo moral, potenciou o conflito entre os contextos universais e divinos do fundamentalismo religioso e a laicidade cínica do Ocidente.
Num tempo de escapismo em que a universalidade dos valores, hoje vaga e hipócritamente inseridos no pacote democrático, à mercê das oscilações pragmáticas e casuísticas da Política, a sua defesa, que a moleza das convicções atribui à Tolerância, não tem dono nem acantonamento ideológico, terá de ser de TODOS.
O fascismo, de qualquer espécie e origem, é para ABATER. HOJE!

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