quarta-feira, agosto 30, 2017

ANGOLA, ainda...

... UM ESTADO EM FORMAÇÃO

Que urgência é essa e que nostálgicos estremecimentos colonialistas por um país e um Estado em formação que, do século XV ao século XX não se soube FAZER e que, ainda jovem e à procura do seu destino, se admoesta assim, tão sem cerimónia?

Um Estado corrupto, diz - se, com uma convicção de virtuosos, por um país cuja corrupção, pequena, média, grande, faz, genéricamente, parte do seu modo de fazer as coisas, do aparelho do Estado ao empreendedorismo privado e que já leva mais de 900 anos de existência e mais de 40 anos de Democracia. 
No mínimo, um pouco de pudor e conhecimento da história da formação dos Estados, no caso, africanos pós - independência de séculos de dominação E... formação de carácteres, a que a formatura da veia corruptiva e corruptora, pelo exemplo da elite dominante, se tornou parte do seu imaginário político - social.

A evolução da Democracia, conta - nos a sua história, foi feita pela burguesia sobre pressão do povo em geral. As revoluções que a primarizaram foram todas marcadas por essa posse e por esse controlo na reposição da ordem após o caos.
Num país onde a primeira universidade data de 1962, no rescaldo das pressões da pequena e média burguesia assimilada e filhos de colonos com escassa representação nativa, Angola nunca chegou a ter uma elitização suficiente que propiciasse a formação de uma burguesia capaz de se tornar um respaldo da sua maioridade democrática. Com a saída dos colonos e dos filhos escolarizados a situação criou um vazio que as contingências históricas preencheram.
Entretanto,  os vencedores de quase trinta anos de guerra não descuraram, ainda que com timidez, a formação dessa elitização pela criação de instituições superiores de educação e ensino.

Enquanto o vazio, ocupado táctica e estratégicamente, pelo Poder - a estrutura política partidária do MPLA, vencedor da guerra civil contra a UNITA e FNLA - e pelos militares, seria de uma singularidade quase trágica o abandono dos despojos da guerra, permitam - me o desplante figurativo, da riqueza do país à predação internacional, com Portugal à cabeça. Não o fez e, na minha opinião, FEZ BEM.
Aconteceu o que tinha de acontecer, por uma questão de determinismo histórico e das condições político/sociais em presença. Querer ou exigir, em África ou em qualquer outra parte do mundo um figurino que o pensamento unificador, mistificador e falsamente ignorante, criou para os Outros é no mínimo,... uma presunção pouco respeitável.

A mudança está a decorrer, num país que passou de 7 milhões de almas para 15.000.000, com uma juventude ansiosa de conhecimento a aprender a rebeldia e o inconformismo e com uma classe média cada vez e bem, mais exigente no que ao desenvolvimento PATRIÓTICO e económico do país diz respeito, é uma questão de tempo histórico.

Por aqui, levou - se mais de 40 anos para afastar o provinciano fascismo luso, conquanto a limpeza do condicionamento ainda vá precisar de mais tempo.

PORTANTO, CALMA COM ANGOLA e... contenham as piedosas, predicativas e judiciosas bocas moralistas.

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