domingo, setembro 26, 2004

...regresso ao mundo das palavras...

Dou um pontapé nestas árvores de carne e folhas

Mas esperem!

A palavra árvore não é uma árvore,
momento de sombra,
nem a palavra sol queima a pele das mãos.
E até hoje nunca vi voar a palavra rouxinol.

Ah! se eu pudesse colar no papel o canto dos pássaros,
o esfarrapar concreto dos cantos dos pássaros,
e esta mão de sol que cria
a invenção das flores.

Mas não.

Sempre as mesmas palavras
com alçapão de bruma.

Sempre esta resignação à Poesia
com pontes mágicas para coisa nenhuma

JOSÉ GOMES FERREIRA-poesia IV

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