quinta-feira, abril 21, 2011

DA ABSTENÇÃO...

Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, lastimava há dias em declarações aos MEDIA, o apelo de um cidadão responsável (sic) à Abstenção nas próximas eleições. E acrescentava um veemente apelo ao voto como parte importante da luta política que se avizinha.

Sou um cidadão responsável e já fiz por aqui, num exercício sobre a Democracia, a assumpção dessa prerrogativa por parte dos cidadãos quando a relação de confiança que deveriam manter com os seus políticos se degradou ao ponto de atingir o âmago do regime naquilo que tem de consentimento legitimado, por parte dos votantes.

A abstenção é um não - consentimento do meu voto como legitimação do statu quo, de políticas, não necessáriamente locais, que pairando por cima dos cidadãos e estribadas em perversidades financeiras, reduzem os votantes e a população mundial em geral a autómatos que de tempos a tempos vão às urnas renovar o seu assentimento à escravatura.

Esta ritualização comporta o voto expresso, o não-expresso e o voto ausente. A continuada desvalorização do voto ausente, que tem aumentado em todo o espaço democrático, diz-nos que não é a indiferença o móbil dessa deserção mas sim o corte dos laços de confiança racional com um contrato livremente assumido entre as partes.

Se por um voto se ganham ou se perdem eleições,como os políticos reclamam, por um voto se elegeria um biltre ou um cidadão honesto. Neste baile de máscaras onde todos somos figurantes arrebanhados de uma Ópera ensaiada e tocada por uma nova classe de " cientistas ", sem rosto a quem "estalar", o voto só é consequente, para os desafinados do coro , quando prima pela ausência. E tem, quer queiram ou não, um significado político transparente - NÃO AO SISTEMA, SIM À REFORMA DO REGIME, DE BAIXO PARA CIMA !, com a convicção que a História transporta que isso só é possível com uma Revolução e que o povo ruminante do Ocidente actual ainda precisa de mais vergasta para reagir.

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