Facto 1 - Anders Breivik declarou -. se autor confesso da morte de 77 pessoas mas ressalva a sua condição de inocente das acusações de homicídio.
Facto múltiplo - Os senhores das guerras, de todas as latitudes, nunca se confessam autores de massacres nem tampouco culpados de coisa alguma.
Por alturas do massacre, escrevi por aqui que apesar do horror da tragédia, ela tinha indubitávelmente uma leitura política, não no sentido lato do termo, mas efectiva, coisa que nem os Media nem os comentadores encartados se referiram por evidente má - consciência, a mesma que assiste serena e diáriamente ao assassinato dos OUTROS, em outras paragens, apaziguada pelas necessidades políticas e ideológicas do Poder dos seus países, sem nunca ter sido chamada a se inocentar ou a se culpabilizar pelos actos hediondos cometidos em SEU nome.
A crítica das razões do Poder teria, deveria ter como um dos objectivos a chamada à Razão, ao nosso conhecimento da verdade escondida atrás dessa natural e quase automática aquiescência dos cidadãos à falsidade contida nas alegações expressas ou tácitas por um indivíduo ou por uma ideologia.
Breivik trava uma luta política e despertou brutalmente a consciência dos seus compatriotas e da U.E. com o seu acto hediondo, postulando uma ideologia de repúdio do multiculturalismo, que paulatinamente faz a sua marcha silenciosa nos corredores do Poder e nas consciências dos cidadãos europeus, uma resistência cultural ameaçada pelo Outro, pelo bárbaro alienígena.
Diz - se por aí que Sarkozy e o Berlusconi levaram a guerra ao norte de África devido à preocupação com a invasão contínua dos refugiados.Uma colega do seu partido chegou a propôr o seu despejamento nas águas do Mediterrâneo caso ela se tornasse incontrolável.
Pergunto: se neste universo despudorado em que as decisões executivas que levam ao assassinato de milhares sob o alibi de evitar outras supostas vítimas, essas classificadas de inocentes, quando no fundo as razões serão efectivamente outras e não as hipócritas e de costas largas razões humanitárias...:
- Qual é a diferença moral e política entre essas decisões e as tomadas individualmente em nome dos mesmos princípios, que permite descriminalizar uns e punir outros?
A resposta sabêmo - la nós e está profundamente enraízada nos nossos automatismos biológicos de sobrevivência e não na suposta superioridade ética do linchamento praticado por um indivíduo, por uma turba ou pelo Estado em nome DO QUE QUER QUE SEJA.
Só a auto - defesa é moral e legalmente válida.
A responsabilidade representativa do eleito não o iliba nem moral nem legal, nem criminalmente pelo assassinato, nem em presença nem à distância, porque o que está em causa é o acto em si que se repudia e não os alibis da sua aceitação. NÃO HÁ INOCENTES em nações que combatem outras nações, há vítimas de embuste e falsidades nos dois lados.
A perversidade conceptual que nos torna bons e os Outros maus também se manifesta dentro de portas quando naturalmente empurramos para as margens da criminalização os anti - sistema, com a complacência firme dos nossos preconceitos e do nosso sossêgo, ignorando que o regime teve origem no diálogo e no compromisso e não na força das verdades terminais, inexistentes.
As ideias de Breivik são falsas. Como cidadão posso contestá - las com argumentos que o levariam eventualmente a chegar à mesma conclusão; o Estado norueguês, a U.E., o Ocidente, NÃO! Só o poderão julgar como criminoso e NUNCA como político porque nesse combate de desmascaramento, perderiam.
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