domingo, dezembro 18, 2011

Da História moderna...

... após o decreto terminal da morte das Grandes narrativas resta um olhar apaziguador, comprometido, com o seu fim, de que a derrocada do experimentalismo soviético deu um grande empurrão com a incapacidade de conciliação da liberdade política com a construção de um estado TENDENCIALMENTE justo, afrontando os seus representantes com o cumprimento do compromisso que esteve na matriz da construção das comunidades, nações, estados - o equilíbrio das forças em presença em vez da lei - do - mais - forte.


Sobre o papel conformista e demissionário, pelo menos no que à sua componente científica diria respeito, dos historiadores modernos, após a derradeira tentativa falhada na ex- URSS, diz Peter Sloterdijk in Palácio de Cristal - .... por fim torna -se necessário pôr em prática um pensamento com uma configuração totalmente diferente - um discurso sobre as coisas históricas discreto, polivalente, não totalizador, mas, antes do mais, ciente da circunstancialidade das suas perspectivas.... E conclui ...- Nesta concepção, tudo é correcto, até à conclusão final, que quase sempre aponta para a direcção falsa, de RESIGNAÇÃO. ( sublinhado meu...)


O perigo do que ele chama precipitação na análise, necessáriamente circunstancial do historiador que escreve sobre a pressão dos factos e do calendário é evidente, pela distorção, quase sempre anexada a uma visão pessoal e comprometida com os factos decorrentes e a funcionar em velocidades tão pouco históricas.
Tudo isso veio - me à lembrança e como leigo deixo a minha apreciação sobre o desapreço do historiador moderno Dr. Rui Ramos sobre a escolha por parte da revista TIME, do Protester ( contestatário ) como personalidade do Ano.


O historiador faz uma distinção apressada entre o contestatário da chamada Primavera árabe e o contestatário europeu com uma, também denunciada linearidade por parte de Sloterdijk, distinção legitimada ( fantástica a nuance...) dos contestatários árabes, que na visão do historiador afrontam uma ditadura em nome de uma democracia ( vulgo, eleições... ) enquanto o contestatário europeu, já a viver uma democracia, só tem de se resignar às consequências incontroladas do seu voto e ponto final e não per der o seu tempo a tentar MELHORAR o que nítidamente fede por todos os lados, num mero hedonismo de protesto, útil para alimentar os circos mediáticos ocidentais  ( cito ), quando o que se pretende é discrição absoluta na estratégia do derrube e demolição de uma conquista civilizacional - o Estado Social.


Confesso que não soube exactamente como lidar com o texto e de quem estava a discordar, se do político, do comentador ou do historiador. O que eu sei é que o medo é muito grande e há razões para isso. Por enquanto, os sindicatos estão a fazer o papel controlador que lhes está na matriz..., porém não me admirava que da desobediência civil pacífica que tarda, se parta para uma escalada menos hedonista...


Os conselhos paternalistas, amestrantes, dentro em pouco de nada valerão àqueles a quem se aponta o caminho do exílio, porque não terão nada a perder, pelo contrário...


CUIDEM - SE!

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