OS CARAS DE CU
Miguel Esteves Cardoso
continuemos...
O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador.
Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar - se irreconhecível. Foi - se subindo na escala da subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing. Os praticantes porrtugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoaram-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.
Os culambistas portugueses habituaram - se depressa à modalidade. Comparar o engraxador entusiasta dos anos 60 com o culambista profissional dos anos 90 ( e os de hoje, sublinhado meu...) é como comparar fazer carreiras num colchão na Praia de Paço de Arcos ao campeonato de « windsurf » na Praia do Guincho. Os culambistas são um pouco a versão terrestre e abjecta dos nossos windsurfistas.
continuaremos...
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