DECLARAÇÃO DE INTERESSE
Nunca fui funcionário do Estado e ,sim, sei e conheci durante toda a minha actividade profissional as condições de trabalho " cá fora ".
Também sei que, sózinho, batalhei pela melhoria das condições salariais e de trabalho sem que, apodado de perigoso agitador, os meus colegas de profissão, veteranos, me acompanhassem nessa " guerra ". O que não os impediu de , uma vez saído com sucesso das minhas reivindicações, também delas tirarem proveito sem ter mexido uma palha.
Adiante...
Tem sido recorrente na coluna de M.Sousa Tavares uma " sanha " bizarra contra o Funcionalismo Público que nem nas confederações representativas do Comércio ou Indústria se encontra assim estampada com tanta contundência.
Não sei, exactamente, em que é que se baseia essa hostilidade por uma das principais instituições do Estado, sem a qual ele pura e simplesmente não existiria como tal. Desconfio que não será por nenhuma pulsão anarquista, coisa que nem nós, anarquista céptico, que a Função Pública tem sido por ele assim vergastada. Como também não creio que será o " laissez faire, laissez passer " o suporte das suas contrariedades contra a F. P., a coisa terá uma base pessoal, o que não me impedirá de tecer juízos sobre o exagero crítico comparativo com a situação dos " privados ".
Que eu saiba, na Democracia Portuguesa, todas as actividades profissionais são representadas em organizações que têm como fundamento de existência a defesa dos seus associados, TODAS. Verdade se diga que NINGUÉM é obrigado a ser sócio na presunção de que, como indivíduo, será capaz de resolver os seus assuntos profissionais. Tudo bem e ninguém tem nada a ver com isso desde que se cale perante a capacidade da sua organização de classe profissional em proteger os interesses dos que por ela são representados.
Estranhamente, tem sido EXACTAMENTE essa capacidade reivindicativa na melhoria das condições salariais e relações de trabalho que as organizações de classe, os sindicatos, nomeadamente, assim como as Ordens e as Confederações Patronais, que M. Sousa Tavares, suponho que freelancer, tem criticado, semana sim, semana sim.
É evidente que os trabalhadores da Função Pública estão menos sujeitos aos " azeites " da chefia e às " reestruturações " privadas. Era o que faltava que não fosse assim. A própria estabilidade dos serviços assim o exige, até por uma questão de eficácia do seu funcionamento. Já bastariam os exemplos que a cada mudança governativa sacodem o topo das hierarquias.
" Governo, sindicatos e partidos de esquerda não defendem quem mais precisa, mas quem mais reivindica ", proclama M.S.T. e exempla com os privilégios, que, convém não esquecer, não caíram do céu, do Funcionalismo Público versus Privados.
Quem não precisa não reivindica, como ele, o Passos ou a A.Crista, ou melhor, reivindicam no planos dos seus interesses de classe, ou não? Isso na democracia liberal, do mercado, do capitalismo em que vivemos.
Evidentemente que somos TODOS, dos nababos ao Zé, trabalhadores ou, como os famigerados, e hoje perseguidos, pensionistas já foram, para si e para os outros.
MAS...
..." Vai - se cavando um fosso entre os que trabalham e têm a protecção do Estado e os que trabalham para quem conseguem, sem a protecção de ninguém ", insiste M.S.T. e eu pergunto se não foi sempre assim ou se a culpa é só dos Governos de Esquerda?
É que, a abrir, lembrei da minha e a de muitos outros, condição em que exerci, no privado, a minha actividade profissional.
Só um reparo - tinha a " protecção " do Sindicato do sector e, curiosamente ou talvez não, era o ÚNICO trabalhador sindicalizado numa empresa de média condição.
Um conselho aos trabalhadores - Não oiçam o M.S.T.! A lamúria não leva a nada. Sindicalizem - se! E verão os vossos interesses tão bem defendidos como os da Função Pública.
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