" AS ISOTÉRMICAS DO ZIGOMÁTICO "
Pierre Daninos, escreveu em tempos um delicioso livro sobre o humor à volta do Mundo e conclui que o humor balança de trópico a trópico e que há piadas que não passariam do Canal da Mancha, assim como haveria outras que não passariam do Mediterrâneo. O humor, conclui é uma questão pessoal.
Hoje, a globalização não permite que as nossas piadas caseiras se fiquem por cá, e aquilo em que a gentileza do contacto pessoal inibiria a grosseria, pelo conhecimento cultural do outro, a distância e o je m'en fou permitem que o gozo à nossa latitude não se fique por aqui e atinja ofensivamente outros.
Eu não contarei anedotas alarves e racistas perante quem eu saiba ser sensivel ao tema. Eu não ofendo com piadas sobre obesos um amigo de 120 quilos.
O árabe, diz Daninos, faz um esgar doloroso para se rir, e como todos os islamitas não se ri da sua religião e eventualmente da alheia : os fundamentalistas morrem por ela. A razoabilidade que se lhes pede em termos de " encaixe ", denota ignorânci grave ou pelo menos irresponsabilidade, que NADA têm a ver com liberdade de expressão.
Ouçamos Daninos:
Os Africanos riem-se de si e dos outros, desde que a situação seja clara e transparente.
Os Britânicos preferem a subtileza e o nonsense; os Franceses riem-se dos defeitos físicos; os chineses riem-se das desgraças, suas e alheias; na Turqui impera o silêncio, assim como nos planaltos de Castela e Bulgária; o Indiano ri-se do patrão; o Australiano não acha graça a anedotas que o relacionem com o canguru, os sul-americanos têm uma ironia amarga, negra a do chileno, parda a do argentino, cruel a dos mexicanos...
Naturalmente que no Ocidente, quem viva da " liberdade de expressão ", como os Medis, os escritores, os artistas, ela é uma condição sine qua non da Democracia, em comparação com a maioria da população que talvez preferisse que Ela fosse mais intransigente com a miséria fisica, económica, cultural.
Algum Governo arriscaria um referendo pondo em confronto essa perspectiva?
É claro que a minoria, com as condições de sobrevivência e recolecção resolvidos, como eu, se me BORRIFASSE para o resto ( E que RESTO!... ) preferiria a liberdade de expressão.
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