quarta-feira, abril 13, 2011

POR ONDE PÁRA O ORGULHO NACIONAL?

Relendo C.Ferreira Alves in " Rebranding Portugal " (Expresso/Única 9/4/11), onde, entre considerações patetas de alguns dos nossos " irmãos " brasileiros, que de PIGS, onde hoje nos encontramos passaram a PRIC's e já g(l)osam uma anexação do velho e depauperado pai,não pude deixar de fazer um paralelismo com a situação portuguesa relatada por Pilar Vásquez Cuesta em A Língua e Culturas portuguesas no tempo dos Filipes e a " preparação ", consciente do que a elite lusitana de então fez em prol da anexação de Portugal por Castela.

As " massas ", essas foram aliciadas e amolecidas à custa de uma diglossia militante difundida com o apadrinhamento e cumplicidade activa dos dramaturgos nacionais e de grupos de saltimbancos do outro lado.
A nobreza, deslumbrada com o brilho da Corte espanhola e as prebendas patrimoniais que a lealdade pressupunha já estava " pronta " há décadas atrás. O Comércio, exultava...

No Portugal de hoje, o acordo ortográfico, acompanhado da massificação telenovelesca brasileira, são sintomas de uma lassidão cultural e psicológica no corpo identitário luso, que antecedido pelo fatalismo redutor pós - colonial que devolveu o País às suas fronteira originais, " encolheu " o indivíduo a uma formatação caracteriológica onde a recusa do livre-arbítrio foi substituída por um " estado de consciência" que formalizou a Liberdade reconquistada no 25 de Abril numa orfandade mítica, onde a protecção, representada pelas botas de Salazar,lhes foi suprimida. Só se reencontrou nos " autoritarismos " democráticos de alguma das suas figuras que emergiram até hoje.
Tenho por mim que o cidadão português deixou - se de se ver como parte importante de um todo, que ele não se consegue situar em qualquer projecto nacional, que ele não se reconhece quando olha para si.

O resto da história está a acontecer hoje, numa das suas maiores crises de sempre.
A sua elite abraçou deslumbrada um projecto em andamento - a Europa - enquanto uma parte do seu povo ainda estava em ÁFRICA, presa à memória senhorial, indolente e intelectualmente inerme,a outra parte espartilhada pelo resto do mundo, bebendo de novas fontes enquanto na mãe-Pátria se reajustava consigo próprio e com a sua epopeia construída e herdada e que ELA destruiu, objectivamente.

Nos tempos modernos,onde os paradigmas que marcam o curso da História estão balizados pelo Sistema Capitalista, o livre-arbítrio tem, dentro dos conceitos formais e políticos da Liberdade, um significado que os ultrapassam. Ele implica uma responsabilização pessoal e concreta do indivíduo com a sua vida, inserida NECESSÁRIAMENTE num todo que lhe dará um sentido que o ultrapassa. E não é um mero " estado de alma ", terá de ser promovido através de acções decididas, pela progressão material e espiritual do " EU " como elo CONSCIENTE de um todo.

Os adventos inevitáveis que estão aí serão um teste decisivo que confirmarão ou não se Portugal não precisará mesmo de um " Rebranding ".

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