domingo, fevereiro 23, 2014

UCRÂNIA III

MUDANÇAS

Uma luta democrática espontânea, quase caótica, determinada, consciente dos valores em causa pelos quais valia a pena " dar a vida ", se necessário, marcou, pelos resultados ( não, não houve revolução, ainda, esse conceito que amolece os espíritos temerosos da Europa domesticada de hoje... ) que permitiu alcançar e projectar uma victória significativa de uma nação que se recusa a ser governada contra os seus anseios mais profundos, a ser controlada, mesmo nas suas decepções que um futuro incerto poderá trazer.

As reformas nunca trouxeram mudanças em nenhuma parte do mundo político, houve sempre gestão de continuidades com remendos ad - hoc, para tudo continuar, em substância, na mesma.

Na China, por exemplo, houve uma revolução, uma mudança temporária que não será sinónimo de progresso, que teve a particularidade de ser encabeçada por um Poder autocrático que teve o bom senso de saber ler uma realidade já, então, incontrolável. A assumpção/manutenção das forças armadas enquadradas pelo P.C. chinês permite o controlo virtuoso dos desvios programáticos definidos pela cúpula.
Indubitávelmente uma democracia vigiada como as são todas, desobrigou - se, pela liberdade individual dispensada ao povo, da gestão da miséria e das responsabilidades pessoais que ela, a liberdade, obrigaria e obriga aos seres livres no sentido de fazer, por ser livre, o melhor que lhes fôr possível pela SUA FELICIDADE.
Foi, portanto, uma revolução, pelo abandono, dos dirigentes e dos dirigidos de uma idiossincracia política e psicológica, vencida pela natureza humana.
Os sucessivos golpes que as utopias políticas concernentes ao estabelecimento de um mundo, ou no mínimo de uma nação que servisse de farol ao planeta no sentido efectivo de uma harmonização civilizacional que soubesse gerir a polis de modo que o seu funcionamento não desse origem às obscenas desigualdades originárias da pobreza, exclusão e fome e sem - abrigos não obstam a que as circunstâncias históricas, que não os personagens políticos en passant, moldem e reequilibrem os anseios mais profundos das nações, representados pelo seu povo.
Só a Política tem essa obrigação e só a Política a capacidade de impôr ( todas as leis são imposições... ) democráticamente as condições desse equilíbrio.
Por que não o faz? Por corrupção na sua essência e nos homens que ela promove aos lugares de decisão e... por um criminoso conformismo burocrático que mantém e sustenta o status quo.

Se à natureza selvagem do sapiens se soube controlar uma razão de força pelo esclarecimento em prol da cidade, da nação e do estado, porquê esse SILÊNCIO cúmplice sobre a incompetência e a corrupção política generalizada pelo sequestro da Democracia pelos INVESTIDORES ou capital, se assim o preferirem?
Nada digo que não tenha já sido dito ou pensado; nenhuma solução teórica teve virtuosas resoluções práticas mas o crime, hoje, é que NADA ESTÁ A SER FEITO AGORA PARA MELHORAR OS SUCESSIVOS ERROS NO SISTEMA E NO REGIME QUE NOS GUARDA, NADA!
As crises sistemáticas do capitalismo sempre foram resolvidas com injecção de mais capital pago pelos contribuintes e NUNCA com ideias outras e quando existiram foi para sufragar a não-alternativa.
O que isso senão uma viagem interminável numa rotunda sem escapatória, conceito racionalmente absurdo.

Entre duas compras de soberania representadas pela UE e pela Rússia, a Ucrânia escolheu a Liberdade, primeiro passo para futuros enfrentamentos.
Louve - se a coragem, a maturidade cívica e política e ... o PATRIOTISMO.

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