terça-feira, fevereiro 11, 2014

UM DIA FRIO...( I )

                     
                                                       A persistência da memória -. DALI

O que mais me choca no " embasbacamento " actual do Pensamento, da criação filosófica, perante a selvática invasão mediática da Opinião, é o seu conformismo perante a solidificação de falsidades, das quais a sua  imunidade analítica o põe a salvo. E está a viver bem com isso...

O mais extraordinário dessa " dissidência ", que desejo também ela, ser uma falsa opinião, é reflectido pela origem das interrogações que hoje se põem na aventura do humano e das sociedades.
É que as questões que não têm sido postas pela Razão esclarecida e esclarecedora  à História acabada da Democracia liberal, estão a ser levantadas pelo povo.

Fukuyama, o formulador do conceito defendeu - se da interpretação, a seu ver redutora, que foi dada à sua contextualização nitzscheana do homem terminal à luz das perspectivas históricas que a demolição e colapso da doutrinação marxista na antiga União Soviética e malgré lui, da China maoista, permitiu avaliar.
Contudo, a realidade emergente associada à victória da propagação do way of life ocidental parece estar a dar razão, pela dinâmica, aparentemente imparável que a nova Globalização plutocrata carrega, às teses últimas e não expressas pelo pensador americano.

Há resistências, também elas globais, ao fim da História, e os maiores perigos aos portadores das bandeiras liberais, ( urge inventar um outro nome que não ofenda os liberais... ) à nova doutrinação triunfante, crescem dentro do Ocidente.
A implosão acontecerá inevitávelmente ( o calendário histórico contém imprevisibilidades temporais que a memória guardou... ) à medida em que as questões que as bases da pirâmide estão a formular se vão crescendo; por enquanto erráticas e sectoriais para se tornarem conceptualmente enquadradas no estupor caótico que hoje as enfraquece.

Na Natureza, as mudanças prefiguram, real ou metafóricamente, violência. Nas sociedades humanas, a Razão, de émulo inicial do Caos, passa à organização da ordem na reformulação do antigo. E escolhe as reformas na descontinuidade instalada.
Acontece que hoje, a violência é propriedade do Estado que sobre ela legisla, não em defesa própria ( a PAX europeia é um facto ) mas em protecção despudorada do poder; hoje sabe - se quase instintivamente onde ele se situa.
Também acontece que o esclarecimento está a desvendar a sua face embusteira escondida atrás das máscaras filistinas e verve pacificadora.

continuaremos...

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