domingo, fevereiro 09, 2014
MIRÓ
Mirabolantes peripécias envolvem a discussão sobre a alienação por parte do Estado português dos garatujos, borrões, enfim, activos, representados pelos quadros do pintor catalão Joan Miró a quem der mais.
Se a publicidade à volta do caso se tornou benéfica para o Estado na valorização das obras do pintor, que passou agruras, caso estivesse vivo agradeceria o desvelo da valorização artística dos seus quadros. Claro que a questão não é esta... Adiante...
Passando por cima de uma discussão acabada - para o Governo actual tudo tem um preço - que o comércio despudorado e frio do património nacional, o material, o cultural, o territorial, o espiritual, o intelectual, também esse, os quadros de Miró, ainda por cima estrangeiro, não poderiam escapar à visão mercantilista de, convenhamos, um país falido.
A falência que o montante da dívida contempla, já se disse, acaba por ser um alibi virtuoso fácilmente entendido por esse universo contabilístico formatado em prol desse entendimento.
Da mesma maneira que para uma sociedade ser livre seja preciso uma ordenação jurídica e mental que permita o pleno uso das capacidades racionais num pensamento sem peias de proibição, fácil tem sido a expansão da nova ordem religiosa de adoração ao omnipresente Consumo. A posse do dinheiro e o crédito fazem o resto. Simples...
Toda a gente, TUDO, se torna vendável consoante a moeda de transacção nesse espaço onde o dinheiro contaminou tudo e sobre tudo exerce o seu domínio e fascinação. Toda a gente sabe disso; nem toda a gente aceita isso, porém...
A questão Miró vale pela carga simbólica, pelo diagnóstico que os sintomas produzidos pelo governo actual, onde nenhum elemento é inocente no seu contributo activo e militante, permitem extrapolar. É nas margens dessas extrapolações, por razões óbvias, que a polémica se instalou e ainda bem.
A mim permitiu - me mais uma visão esclarecedora do país pensante e conhecer mais um pouco quem leio.
E vai um contributo meu para o Governo.
Os painéis de S. Vicente dariam uma pipa de massa se fossem acrescentados ao lote de Miró.
Porque não?
Aceitam - se controvérsias...
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