NOT IN OUR BACKYARD ?
Catherine Ashton, no fervor revolucionário das lutas de rua em Kiev, exigiu a Moscovo que deixasse a população ucraniana escolher o seu próprio destino da maneira que quisesse.
Esqueceu - se das sensibilidades não tão ocidentalizadas do país, nomeadamente da Crimeia.
Yanukovcich foi deposto e bem ( terá sido? Um presidente democráticamente eleito? ) pelo seu povo em revolta na rua e foi obrigado ao exílio com os aplausos das chancelarias ocidentais. Estranho? Nem por isso...
Se um estado, qualquer estado democrático, como aconteceu na Tunísia, no Egipto, na Líbia, na Síria e poderia ter acontecido no 25 de Abril em Portugal ou poderá vir a acontecer, eventualmente, na Escócia, ou aparentemente no referendo catalão, na plena legitimidade e dever constitucional do uso da violência contra ameaças violentas internas ou externas com os meios que julgar adequados, pegar em armas contra a violência, como sempre tem acontecido em casos de resistência feroz, haverá baixas, feridos e mortos dos dois lados da barricada.
Nenhum Presidente de Estado em exercício será julgado nessas circunstâncias. Haverá , naturalmente, um julgamento político, que estando já presente na base da contestação, não se transformará em criminal caso a revolta seja anulada.
É a velha relativização das imunidades e consagrações dos vencedores com que os outrora terroristas se confrontaram, quando, vencedores sobre os poderes instalados se apresentavam perante os Poderes Mundiais.
Se não agradassem ou não viessem a ter ulteriores apoios, sejamos claros, dos USA e da Europa, do Ocidente, para condensar, seriam considerados ditadores, convenientes ou criminosos, consoante os interesses económicos ou geo-estratégicos e o seu estado um regime. Está a acontecer na Venezuela, neste preciso instante, o desenvolvimento deste desiderato, assim como na Síria e suavizou - se convenientemente com o Egipto, o Irão, a China, a Arábia Saudita e com o Sudão ( demasiados interesses petrolíferos e não só, do principal credor das dívidas dos USA ).
Este manual geo - político de tão básico, previsível e preguiçoso, pelo que de exigência política e intelectual, para não dizer também democrática, deveria contemplar, é a medíocre cartilha da Globalização. - JUST BUSINESS - diria o mafioso.
Por outro lado, é confrangedor assistir hoje a uma Europa refém de um passadismo imperial e capturada por uma bisonha filosofia política e económica deixadas ao pasto de um carreirismo burrocrático e à ganância hobbista de enfastiados endinheirados, à custa de um projecto ímpar na história europeia. Cavalga entretanto, desabrida e cegamente cavalo alheio a gritar progresso por detrás das ruínas que vai deixando à sua passagem. Mata - se a Ideia e veda - se o passo ao sonho...
" Os sinais perigosos de separatismo no país " que nunca impediram Turchinov de marchar e bem, pela libertação do seu país de um Poder indesejado, são um enfrentamento, por aqui previsto, com que a sua liberdade pró - ocidental tem de haver, a começar pela Crimeia.
É, nas palavras dos seus apoiantes, deixá - los, à população da Crimeia " escolher o seu próprio destino da maneira que quiser... ".
É que a Liberdade só deveria ter uma face, mas acontece que o seu chamamento ecoa e bem, em todo os rostos e pelo planeta inteiro.
O que fazer com ela e com a dos Outros mereceria e merece outro tipo de abordagens que não sómente as dos manuais geo - políticos.
E Putin ?, perguntará o cínico...
Eu falo como ocidental que sou. Putin defende, com esmagadora maioria do seu povo que o apoia, a sua cartilha, tão daninha como a nossa não deveria ser, o seu czarismo como o da Merkel, do Obama ou do presidente da China.
Reina a Estupidez esclarecida.
" A Política e a Lei têm de respeitar a vontade manifestada democrática e pacíficamente pelo povo" - diz Francesc Homs, consultor da Generalitat catalã. Tudo bem! E se, quando reiterada e definitivamente isso não acontece, em parte alguma, qual a máxima que usará, no caso, contra o Poder estatal?
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