domingo, abril 24, 2011

VOLTO A " COLAR "...

" O grande paradoxo do artista é ter de tornar invisível a visibilidade do artifício com que torna visível esse artifício " - Virgilio Ferreira

Acontece, porém que seria melhor que para além da generosidade de conceder mérito ao decifrador da mensagem do artista que tivesse havido transparência argumentativa, para além do cansaço e da atenção que a formalidade conceptual da estória contemplou.
É o que tem acontecido na narrativa oposicionista a Sócrates, por exemplo, na linha carrillista que a receita exibida pelo original e pelos seguidores apresentam.
Os " estados de alma " que a maior parte da Crítica transporta não esclarecem NADA.

A decifração dos artifícios deste artista, do outro que prefaciou este post e do Sócrates exige muito muito mais do que o que qualquer ser vivo é capaz de fazer - interpretar e transformar o Real na sua limitada condição de existir, onde a História se fica pelo relato de " estados de alma " e não escrutinada devido a uma auto -limitação imposta por " divindade " alheia.

Não é preciso conhecer a física teórica para dizer, fundamentando racionalmente, claro, que Hawking se equivocou quando disse que a Filosofia estava morta, nem ele de conhecer a história da Filosofia para teorizar sobre a sua morte.
Da mesma maneira, o desconhecimento dos fundamentos das Éticas aristotélica, platónica, espinoziana ou gandhiana não deveria inibir ninguém na teorização (uma consequência de possuir um cérebro racional )e interpretação e argumentação da Ética com qualquer outra racionalidade assim como em qualquer outro tema não - científico, mesmo os aparentemente " científicamente " enquadrados, como a Política, Democracia, Justiça ou a natureza humana no seu todo.

Nessa " argumentação " com as teses ( não passam disso...) alheias há um pressuposto que a honestidade intelectual ( gratuita para quem não procura benefícios de consequência)não pode dispensar - o conhecimento dos argumentos, fontes e, por vezes, experiências do Outro.
E, surpresa das surpresas, por vezes a coincidência da metodologia reflexiva, para além das cumplicidades que a empatia arrasta, leva à alegria íntima e por vezes compulsiva de partilhar com outros o " milagre " de termos a mesma opinião de Homens que pertencem ao Olimpo ou.... NÃO.

Reduzir isso a a um almanaque de citações e " descobertas " transformaria Platão num farsante e toda a Filosofia ocidental num balão que o físico tentou esvaziar.
Só a " apropriação " do conhecimento e a transmissão do acto de aprender, pensando, no seguimento, atrelado, encostado, papagueando, com ou sem originalidade,sobre o que já foi dito e o que está por dizer, torna possível essa imortalidade do acto de filosofar, sejam os nomes Bandarra, Aleixo, Zé - Povinho, Espinoza ou Hitler.

Poder - se - á argumentar que uma vez morto Deus e a sua " interpretação" terrena e com a metafísica reduzida a um passatempo de ociosos, as questões que o Homem tem levantado,já reduzidas à sua materialidade, são físicas e que, naturalmente só a Ciência as poderá responder. Concedo, com uma questão filosófica - Que ciência usaram as formigas e as abelhas na construção das suas sociedades? Em que é que se distingue o seu conhecimento, de engenharia, por exemplo, do dos humanos?


Bem, chega de divagação gratuita...,por ora.

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