O MEU, NATURALMENTE...,
... NO SOMATÓRIO DO TODO
O racismo e a xenofobia, comum entre todos os povos em relação ao forasteiro e estimulado pelas diferenças não só físicas como culturais, uma banalidade social aos poucos em extinção pelo globo, assim como o machismo e um feminismo obsoleto que os seus resquícios ainda sustentam, a existir e existe, em franjas marginais da sociedade portuguesa, teve o seu tempo histórico e não é hoje sustentável em Portugal.
Se quisermos, por outro ângulo de incidência na criação desse imaginário, num plano hermenêutico de pesquisa de que Taylor chama de " expectações " no plano ético/moral e que eu reduziria à qualidade do civismo, num englobamento, chamemos - lhe ontológico, há um dado adquirido ao qual se atribui muitos nomes consoante o grau de depreciação agreste ou benévola. Ele é o " DESENRASCANÇO ", uma auto - assumida, pretensiosa mas aplicável genéricamente às gentes lusas, capacidade de contornar, no sentido lato, instrumental, ético ou mesmo moral, as contrariedades da vida.
A diferença, em relação ao que se poderia chamar de iniciativa, comum à racionalidade, está no atrevimento e desfaçatez normalizados como prática do dia - a -dia em todos os campos de actividade, mesmo a especialização. ( esta prosa não é uma teorização social, avisa - se, é o meu imaginário... expresso )
Essa evolução, que desde a Revolução de Abril se foi cimentando na nossa modernidade e que pela rapidez com que, no espaço de uma geração, se impôs no imaginário moderno português, atesta o alcance que o condicionamento fascista, repressor, do Estado Novo de Salazar tinha num imaginário que, liberto das amarras, se expôs em toda sua glória.
A autoflagelação, a auto - crítica feroz recorrentemente vem à superfície como resquícios dessa vil tristeza a que Portugal esteve submetido durante o que hoje nos parece uma eternidade, uma eternidade que também foi o reflexo da ideia que Portugal tinha, então, de si.
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