sábado, novembro 01, 2003

UM PAÍS DESMORALIZADO


Miguel Sousa Tavares escreveu ontem no público uma análise muito acutilante,sob o título acima mencionado do estado em que se encontra Portugal nos dias que correm.

Pra um luso-caboverdiano,como eu, residente neste País desde 1968,é-me perturbador a vergonha que eu sinto pelo estado das coisas que há décadas vem acontecendo por aqui.

E sinto-as,como português que,por nascimento e crença,escolheu viver aqui,num País cuja História aprendi a amar,não no SARCASMO do EÇA,nem na MELANCOLIA DOENTIA,NARCÍSICA e DILETANTE de PESSOA,mas na rotura violenta de ALMADA e na GRANDEZA cantada de CAMÕES,pleno de amor PÁTREO.

Em vergastadas sucessivas de "mea culpa,mea máxima culpa",o português vai-se açoitando numa punição atroz,em remissão de um PECADO cuja origem eu não vislumbro.

No prefácio de "Portugueses das sete pertidas" de Aquilino Ribeiro,alguém escreveu-Aquilino traça em largos pinçéis a trajectória parabólica de um povo que conquista rijamente o seu território,se derrama mundo fora,movido pela cobiça,o idealismo e o arrojo, e se queda,já sem fôlego,a viver na imaginação a gesta heróica que as suas forças não consentem.

Portugal, a ter morrido com SEBASTIÃO entrou definitivamente em putrefacção no cadáver insepulto de um rei imaturo e mal avisado.
Quando é que se libertará da culpa de não ter enterrado o seu rei perdido nas brumas de Alcácer-Quibir?