sexta-feira, outubro 27, 2017

D'O JULGAMENTO MORAL E... JUSTIÇA

J' ACCUSE!




Nenhum ser humano, na plena posse das suas capacidades racionais, estará livre de julgar, tomado em toda a sua compreensão e extensão, sem ser com todo o peso da sua história, das suas experiências pessoais ou de próximos, das suas memórias, das suas idiossincracias, das suas aversões e das suas simpatias, NENHUM!
O que deveria distinguir o julgamento pelo Estado através da aplicação pelos juízes e juízas das suas leis, enquadrar - se - ia numa pseudo neutralidade decisória que no balanço analítico das provas e da sua refutação, equilibraria, racionalmente, à luz da legislação, a sentença, pretensamente tão neutra como a intenção presumida dos legisladores.

Supôr que o quadro legal de qualquer nação estaria livre de considerações moralistas seria antepôr um véu de Maia entre o presente e o passado numa refutação esdrúxula da base de qualquer LEI, tanta a terrena como a divina. Seria apagar todo o imaginário nacional ao longo da fermentação das suas regras de convívio social.

Quando para além da menção dos artigos violados no âmbito de uma acusação se faz uso de considerandos moralistas e , quer se queira ou não, tradicionais no Senso Comum e hoje sublimados no processo de domesticação do sapiens, pretende - se obter uma cumplicidade empática com uma decisão entre dois males - o adultério, e a violência como resultado humanizado face à traição.
Como reagiria a maioria dos, no caso, homens, perante essa situação?

Em consciência, e o juízo é sempre uni-pessoal, se condeno porque há - de a Lei absolver, se absolvo a vítima porque há - de a Lei condená - la?
Se considero mais grave o adultério que a reacção violenta faço justiça e absolvo a violência, num caso de legítima defesa, num caso de HONRA.
Honra, essa palavra caída em esquecimento e varrida do panorama social onde vigora a amoralidade, a indiferença sobre valores outrora charneiras no relacionamento humano.
" Uma mulher adúltera é uma pessoa falsa, hipócrita, desonesta, desleal, fútil e imoral "

Este é o quadro intimidatório que em cada julgamento se materializa em quem julga. Fácil é o julgamento sem juízos morais apesar de implícitos e não expostos, verbalizados.

A despessoalização exigida no julgamento pelo Estado configura - se a esta luz como uma violência pessoal.
Eu condeno o adultério tout - court e sou ateu. O cidadão Joaquim Neto e a cidadã Maria Luíza Abrantes também. O que nos distingue para lá da liberdade de emitir esta opinião públicamente? - As margens que as nossas condições permitem. As minhas, são pessoais e eventualmente auto - impostas, as deles não o serão, definitivamente.

domingo, outubro 22, 2017

O " ANTIPÁTICO "

                                                             
                                            António Costa, Primeiro - Ministro de Portugal

A irracionalidade ou a urgência do racional, a Emoção que não a frieza e cabeça fria, a lamentação inane que não a acção concertada e reflectida, o choro que não a solidariedade efectiva, a Empatia que não a Confiança na relação positiva e pragmática, perante a devastação que atingiu Portugal, seriam as " receitas " meritórias que o político deveria abraçar, para escapar à, aparentemente, crítica que se almeja ser demolidora à sua postura perante o quadro político e físico que enfrentou.

" Será um homem sensato aquele que, para decidir se um homem está em paz ou guerra consigo próprio, liga mais às palavras do que aos actos? - Demóstenes

O apelo à Emoção à flor da pele, ao coração, aos instintos, à auto - compaixão será sempre a arma dos populistas tenham eles as cores que tiverem e os cargos que exercem.
Redenções, pedidos de desculpas confessionais, apelos sebastianistas foram a postura do faduncho a que respondeu a resistência da intervenção, que se impôs.

Não comungo, de maneira nenhuma, com o teor das críticas ao P.Ministro, para lá do seu carácter estritamente político e institucional, que acreditam criar uma maré de " estados de alma " que ofusque a racionalidade analítica do desempenho deste Governo.
O caminho populista, que com todas as " nuances " empáticas e talvez, inadvertidamente, o Presidente da República encabeça como referência voluntária ou não, na criação de " factos políticos " que estão marcar a agenda, mediática, por ora, é um mau sinal... Quem não está a entender isto não está a perceber o que se está a germinar pelo país pós - Pedrógão...


Vergonha, sim, toda a gente é livre de a sentir como sentimento banal, com ou sem sustentação e eu também a sinto por ter contribuído, pela parte que me toca, com o meu silêncio impotente, então, sobre o conhecimento que ia obtendo do " fogareiro " em que, inevitávelmente o país se transformaria um dia, na denúncia do tipo da mancha verde demoníaca que na época começava a nos encher de orgulho e... euros.

Porém, nunca lembrou a ninguém nos USA, com as Torres Gémeas, em Espanha com Atocha, em Londres com a Grenfell Tower e por aí fora, concluir, tão ligeiramente e envergonhado até à medula, pela incapacidade do seu país em defender o seu território e as suas gentes.
A incúria foi também e, na minha opinião, nossa e depois da casa arrombada as lágrimas de crocodilo inundam o país mediático num atroz cinismo pelo país que só nos últimos tempos lhes foi dado a conhecer.
E já que estamos numa de teleologia, estão eles, cuido que é tempo de um Nacional MEA CULPA e estarmos mais atentos.

E socorro - me ainda do velhinho Demóstenes para acabar - Parece - me que o bom cidadão deve preferir as palavras que salvam às palavras que agradam - disse ele e eu, entretanto, prefiro ouvir as palavras e acções do Governo e escrutiná - las, RACIONALMENTE.