sexta-feira, julho 22, 2011

UM PLANO MERKEL...

O plano Marshall é irrepetível e a ser imitado em condições históricas como as de hoje atestariam a pobreza das soluções políticas apresentadas.
Hoje, como ontem, na Europa, apesar de tudo estar a girar em torno da Alemanha, os problemas estão no EURO e no que não se fala abertamente - a da desestruturação financeira e económica que acompanhou a substituição das moedas nacionais, com relevância para os países económicamente mais débeis.

O enfoque dado à economia e à protecção social, com ajudas maciças da UE no sentido de aproximar os níveis de vida dos estados membros revelou - se, mesmo em alturas de crises importadas dos USA, como o melhor caminho na criação de uma Federação política que daria sentido e conteúdo à IDEIA - EUROPA sonhada pelos seus progenitores.
Já o disse por aqui e REPITO que este projecto é hostilizado pelos USA, ( pelo seu poder económico e financeiro ) que tudo fará no sentido de o boicotar, tendo presente o pesadelo planetário de ver a Rússia aderir em espírito ou de facto a uma história de que fez e faz parte - a história da Europa.

Na visão de Merkel os estados do Sul estão a atrazar o federalismo europeu e céptica está a Alemanha de que irão recuperar o passo, de que as suas sucessivas tímidas medidas dão a medida.
Esse NOVO PLANO MARSHALL vai nessa direcção...

quarta-feira, julho 20, 2011

QUE EUROPA?


Barroso, o presidente da Comissão Europeia, latino de gema, despertou. A Europa tem alinhado pelo nacionalismo alemão e segue as directrizes da sra.Merkel, de uma chanceler que parece ter ido beber ao passado teorizado por Fichte no seu pangermanismo e no seu " Estado comercial fechado ", os ensinamentos da sua postura e da sua política europeia.

Razão têm alguns políticos alemães, nomeadamente Kohl em sentirem - se assustados com o fastio entediado com que a chanceler olha para os países latinos e para a sua joie de vivre imune à melancolia, disciplina e rigor nórdicos, nomeadamente para o assimétrico eixo franco-alemão de hoje.

Fichte foi um germanófilo puro e duro cuja Ideia de Europa se sustentava na superioridade germânica fundamental que a legitimava na liderança. Hitler também aí bebeu os seus ensinamentos e levou, no seu delírio imperial, a Alemanha e o resto da Europa à ruína.
Esse sonho não morreu e não apareceu na Alemanha por acaso. Hoje estará eventualmente enfraquecido mas a pulsão ainda é tentadora.

A Alemanha de Merkel só não se vira definitivamente para o Norte porque crê ser possível dobrar os mediterrânicos; MAS tem pela frente um grande mas transportado por uma IDEIA que ultrapassa a sua mesquinhez política e a própria Alemanha - a IDEIA da Europa.

Citando Hegel, já que aí estamos, diria que " a Ideia não é uma criação subjectiva do sujeito mas a própria realidade objectiva " e está no âmago da alma colectiva dos europeus que lhe deram origem - os do SUL.

segunda-feira, julho 18, 2011

CHEGA de etnofilosofia...

Se todo o Real é racional como diz Hegel, a racionalidade não poderá ser só a descrição objectiva e fundamentada de um Real sem que a sua condição deviante transporte na sua própria descrição novas formulações da sua leitura, sim, mas necessáriamente, soluções, acções que, ainda com o filósofo, antiReal, lhe determinem, com novas propostas, a sua transformação ou, no limite, o seu término.

A rapacidade organizada crê que pela domesticação dos Estados está a capitulação da " tirania das massas " imposta sobre as elites através do Voto. O logro das promessa eleitorais não - cumpridas sob os mais hipócritas alibis tem deixado cair a máscara da farsa democrática, mesmo que ancorada na mais nobre das aspirações humanas - a Liberdade.

Essa denúncia sobre a conversa acabada entre o eleitor e o eleito tem sido reiteradamente trazida à consideração de quem vê, lê ou ouve, através de quem tem estado atento e alerta a essa involução social imposta aos cidadãos em nome de uma visão do mundo fasciszante e éticamente corrupta.

Nunca como agora, os tempos estiveram tão propícios à mudança, chegados que estamos ao fim de um ciclo histórico de experimentação da síntese de toda a Filosofia dita ocidental que culminou, em termos políticos, na Democracia liberal. A sua continuada perversão deixou - a entregue a cães-pastores representados financeiramente pelo Capital, e toda a sua corte de lacaios e aspirantes a lacaios, e a grupos de cidadãos inconsoláveis com a " tirania das massas ", obstáculo a transpôr em cumplicidade com os seus pequenos títeres intelectuais cómodamente instalados no sistema.

Dos outros, daqueles que nos mantêm alertas em relatos contundentes do nosso real e do alheio, deseja- se mais. Aos cães- pastores só há uma resposta - a matilha, não o rebanho pacífico e domocrático apoiado e secretamente desprezado como exótico folclore, sem consequências no essencial, a matilha, não de outros cães - pastores, mas de lobos.

A Democracia amoleceu - nos até à letargia. A esperança, esse sentimento inútil, com que nos alimentam as preces tem sido uma armadilha que reduz os cidadãos à inacção, ao sebastianismo, ao pasmo indignado e vão, quando o tempo é de acção.

E é acção política que se espera da Europa, da Europa política, que a intelectual demitiu - se.
Como é possível não haver uma posição concertada dos, hoje PIIGS, com a ameaça do ataque estratégico à Itália, contra a troika formada pela Grã-Bretanha, Alemanha e França que deles esperam a capitulação aos seus memorandos?

Por outro lado, como não acredito que o ataque ao Euro não tenha sido detectado em tempo útil pelo conjunto das instituições da UE, tenho de admitir que há uma Ideia outra a fermentar...


P.S. Hoje, dia 23 de Setembro, senti - me na obrigação de " justificar " o título deste post.
É evidente que houve, de raspão , uma colagem analógica com um conceito vazio, mistificador, do meu ponto de vista, que o espaço não poderia contemplar, que é a etnofilosofia, no caso em apreço, com a Democracia liberal.