quinta-feira, maio 12, 2011

ALÇAPÕES...

Pelo que tenho ouvido nos debates, análises e comentários sobre os termos do acordo com os negociadores do F.M.I. e da U.E. parece - me que um " campo minado " e cheio de alçapões se vai apresentar aos próximos governantes do País.

Os cidadãos não foram tidos nem achados nesse processo. O bom-senso aconselharia que essas negociações, precipitadas pela queda do Governo,só ocorressem depois das eleições e não aparecerem como um ultimato inconcebível ao País, definindo lhe em pormenor um programa de Governo ao qual se EXIGE vassalagem, com um controlo trimestral da execução.

CAPITULAÇÃO - foi o que aconteceu, com a BANCA nacional à cabeça levando, na néscia e absurda enxurrada financeira, todo um povo que tem sido obrigado a pagar a MERDA que tem andado a fazer.

Veremos quem será o escolhido pelos cidadãos para se esquivar com inteligência a uma agenda direitista e conservadora que nos querem prender às pernas...

quarta-feira, maio 11, 2011

É disto que falo...

Leio que a NATO se recusou a prestar auxílio a uma embarcação avariada e carregada de refugiados, que demandavam o Mediterrâneo em busca de território mais civilizado, desprezando a civilidade que a lei internacional define como obrigação nos pedidos de socorro.

Só a " falta de qualidade " que lhes terá sido atribuída por ordens superiores, terá obstado ao seu salvamento.

Cometeu - se um crime.
O julgamento só será feito ao nível da nossa consciência, já que quem hoje detém o Poder de julgar, aplicando os critérios do mais forte e não da Justiça, adjectivando as acções consoante os seus interesses, detém o poder das armas e não o fará em casa própria.

Um homicídio é um homicídio, quer seja cometido pelo indivíduo ou pelo Estado. O terrorismo é terrorismo, quer seja cometido pelo indivíduo ou pelo Estado e por aí fora...

A representação do colectivo que o Estado e os seus tentáculos protagonizam tem de ser escrutinada nos exactos parâmetros que a LEI impõe aos cidadãos que O formataram. Os Estados não são impunes; os " interesses " próprios que defendem podem tornar - se numa ameaça aos outros Estados, como a História das nações bem conhece e responsabiliza TODOS.
A " CHAVE " do regulamento normalizado do " sapiens " com os outros habitantes da TERRA terá de abrir todas as portas que as evoluções díspares dos outros ramos da espécie criaram. A Biologia, a Sobrevivência, não chega; a Racionalidade, pelos vistos, também não.

E que tal a SOLIDARIEDADE, a junção dessas duas urgências?

segunda-feira, maio 09, 2011

VIVA LA MUERTE!!!???

Clara F. Alves, cuja lucidez muito prezo e que por várias vezes por aqui tenho enaltecido a diferença que ela marca no panorama jornalístico nacional esteve nas celebrações festivas que acompanharam em várias praças do Ocidente, o assassinato do líder da organização extremista Al-Qaeda e admirou - se da perplexidade de outras almas com a visão de um filme que elas seguramente julgavam pertencer ao universo do Outro, como aconteceu a este bloguista.

E.Cioran disse, mais coisa menos coisa, que a lucidez,no momento em que julgamos ter compreendido tudo, nos dá ar de assassinos.
Não que, creio eu, o assassínio e a lucidez tenham alguma coisa em comum, necessáriamente; o que tem de pretensão a lucidez tem o assassínio o absurdo.

Os alibis para a justificação do assassinato,( não há semântica que nos valha... )provêm do domínio de uma narrativa que a história do Homem transporta desde as origens e subvertem toda a essência que a racionalidade pôs no seu conteúdo e transformam - se na negação daquilo que em nós estremece ao ver a sua face sombreada pela demência.
Falo da Justiça, Liberdade, Religião, Solidariedade,Civilização, Orgulho nacional,Segurança, em nome dos quais se manda assassinar, numa patética e trágica inversão com o valor primordial que lhes dá SENTIDO - a VIDA, humana para o caso.

Quando se ignora ostensivamente o homicídio que diáriamente acontece por este globo, nomeadamente nas regiões mais pobres do mundo,sim,porque não vejo a distinção entre " deixar morrer à mingua " com a promoção da matança em nome de uma ideologia, vingança ou interesse nacional, pergunto se é a altura da " pilha de cadáveres " que nos sufoca ou a nossa incapacidade de compaixão pela " falta de qualidade " da pilha?
É que nesse desinvestimento NÃO HÁ INOCENTES a não ser as crianças e quando os líderes, escolhidos por nós mandam matar e levam nas suas bombas o TERROR para despejar sobre outros " inocentes " e os seus líderes,são mandatados e irresponsabilizados por NÓS, responsabilizando -nos a TODOS.
E é isso que me incomoda...

Nenhuma compaixão me desperta a morte de assassinos como Bin Laden. E, seguramente, não merece a minha celebração.

Por mim, recuso que matem em meu nome. ENVERGONHA - ME!
A capacidade de o fazer, inscrita nos meus genes de primata é minha, e o seu uso também. E celebro,isso sim, a VIDA e AQUILO que me tem impedido de glorificar a Morte. Lucidez não é , de certeza; será coisa OUTRA.


Por quem os sinos irão dobrar, acompanhando os festejos do Outro lado, quando, sob outras bandeiras as bombas nos despertarem a compaixão devida aos nossos?