sexta-feira, novembro 20, 2015

MODERATOR!!!???...


... OU L'AGENT PROVOCATEUR?

Radicada no passado e daltónico perverso sobre o futuro que normalmente os leitores das folhas de chá contemporâneos projectam desde o fim do século XX, está em marcha em Portugal uma narrativa histórica, refundada e reinterpretada por uma Direita que nunca desistiu de, o sendo, fazer um ajuste de contas com o passado recente pós - 25 de Abril.

A visão, melhor, a projecção, é perversa porque, ao contrário do daltónico, só vê o vermelho e vê - o como uma ameaça, hoje anacrónica e vencida por um real que só a ainda existência dos Estados que lhe deram e mal, existência histórica, ainda existem - a Rússia e a China. E existem, poderosas e... intocáveis.
Aconteceu, neste jardim à beira mar plantado, que os compêndios escolares salazarentos marcaram fundo na geração que me precedeu e na minha, muitas almas, através dos discursos, política e históricamente enquadrados pelo real pós - II G.G. - O Comunismo é a subversão de tudo; na sua fúria destruidora não distingue o erro e a verdade, o bem e o mal, a justiça e a injustiça... -  que o sr. Prof.Dr. Salazar apregoava nos seus discursos de regime, mole e provincianamente fascistas.

O reciclamento do statu-quo mental, conformista, quando não deliberada e convictamente interiorizado pela maioria esmagadora da, então, elite do regime e pela maioria analfabeta do país, pobre, honrada, servil e temente dos poderes do Estado e da Igreja, foi uma dura prova de resignação e... penitência, com o perdão democrático e humanista a caucionar a reciclagem.

Hoje,  Novembro de 2015, a sanha anti - comunista é um eco do passado histórico transmitido por gente vencida mas não convencida das virtuosidades democráticas que Abril abriu, que sobre o passado tece, insidiosamente, dos factos, uma simplificação analítica que sobre realidades históricas que as nações que as construíram e as dissiparam, atiram - nos ao século de Occam em mirabolantes  dissertações conceptuais sobre a soberania em democracia.

A simplicidade linear e mediática, convém ter isso presente, na linha da propaganda dos " estremecimentos democráticos " da Direita representada pela Coligação governamental demitida pela Assembleia da República, que as luminárias elitistas e, curiosamente (!!!???), em consonância com os seus valores,  sufragadas em sapiências, eleitas pelo presidente da República, para sobre o País, política e maioritáriamente representado na Assembleia da República, condicionar o exercício da sua maioria a contemplar num governo por si apoiado, é uma tentativa desesperada e histérica de reduzir a complexidade das mudanças do tecido político do país a soundbites e a " pintelhos " ( desculpe lá, Catroga! ) argumentativos que lembram e fedem ao Estado Novo.

Em Democracia, o poder legislativo, um dos braços do Estado, reside NA Assembleia da República, ou seja NENHUMA lei é vinculativa sem a sua aprovação e as leis aí aprovadas obrigam o Governo à sua aplicação.
O absurdo impasse político criado pela presidência da República, que aos representantes da maioria parlamentar torce o nariz, numa procastinação displicente, alimentada pelos próceres prudenciais, a justificar o injustificável à inevitabilidade da formação de um governo estável, o contrário de um governo de gestão que, pelos vistos, parece acarinhar CONTRA o seu palavreado recorrente das urgências dos superiores interesses da Nação ( estarão  no seu juízo!!!!??? ), está a desvirtuar a função que lhe compete como garante da Constituição que jurou e que, pelos vistos, está a requerer uma nova leitura.

O papel moderador tem de começar, hoje, pelo depois e não pelo antes, seja ele o que quer que este tenha sido, como plebiscito, na cabeça e nas idiossincracias do cidadão e presidente Cavaco Silva.
Citando Renan - a existência de uma Nação é um plebiscito quotidiano - de que o cidadão Cavaco Silva, embora exercendo a magistratura que a Democracia lhe outorgou, não tem, a não ser autocráticamente, a definição.

É que a definição do Governo da República é da competência da Assembleia.

domingo, novembro 15, 2015

SNOBEIRAS E DILETÂNCIAS

O PORTUGAL PEQUENINO e MESQUINHO

Uma das mais extraordinárias constatações que a nossa nova " crisesinha " nos trouxe ao conhecimento foi que o discurso do - NÃO HÁ ALTERNATIVA - estava já em profunda interiorização prática em paragens insuspeitadas da nossa provinciana elite, dos críticos diletantes das acções da Direita portuguesa que, também pela linguagem, tomaram de assalto o PSD, radicalizando - o, à medida em que afastava do seu convívio próximo os seus militantes sociais - democratas.

Espantosamente, toda a Oposição política vai sendo demonizada, em nome de terrores que, durante a Revolução dos Cravos, ameaçava trazer ao convivio de uma elite média - burguesa, a " ralé " da sociedade representada, nesses dias, para ela sombrias, pelo P.C.P., e pela extrema esquerda radical enquanto se radicaliza o discurso e a pose mascarados até então pelo poder de uma maioria absoluta no Parlamento.
Por outro lado, quando Henrique Monteiro, no Expresso de ontem, o faz sobre uma convergência de esquerda que se opõe à bisonha realidade em construção pelo Pensamento Único em Portugal, chocado com o que pensa(á)!!!? ser uma radicalização quando não a viu durante esses quatro anos a ser construída com diligência e cumplicidades de quem agora, cego pelo vermelho, investe, diz - nos muuuuito sobre a hipocrisia e cinismo político mascarados de temperança.

Chamar de capitulação do P.S aos resultados dos acordos possíveis que um pacto de apoio parlamentar vai sustentar em caso de um governo P.S., é, no mínimo, idiotizar todos os dirigentes desse partido a quem Portugal deve a Democracia parlamentar que hoje sustenta e permite os insultos democráticos debitados pela casta dos direitinhas videiristas que  ainda se acoitam no Poder enquanto vão criando e fortalecendo um futuro rentista em caso de retirada, junto dos grupos económicos que hoje defendem e protegem, em nome do País, claro.

A evidência de que este governo demitido não poderia continuar em funções está a ser demonstrada por estes dias na selvageria, democrática, claro, com que substituíram o desprezo pelo P.Socialista e a Esquerda em geral, com o cair da máscara fascistóide com que enfrentam com arrogância e desprezo o Parlamento, assim, como o afrontamento com o Tribunal Constitucional, então, exemplam. Os discursos, nomeadamente dos líderes da Direita, Coelho/Portas estão a ser cada vez mais perigosos, caudilhistas e alarves.

As snobeiras e diletâncias de uma classe média tropista, horrorizada com a possibilidade de convívio político e social com o estrato social donde a maioria proveio têm, nos altos cargos da República e nos Media, representantes militantes dos retratos psico - sociais de uma Direita que conseguiu demolir todos os valores com que dantes se apresentava, nomeadamente a Pátria, a Família e a Ordem. 
A outra, a intelectualizada, num país abrangentemente deseducada e mantida numa ignorância servil e conveniente, a par da miséria tida como lei natural da vida, também está a sentir como uma afronta o seu impasse tropista porquanto irá sofrer, num governo de esquerda, a pressão dos que almejam uma felicidade que aquela interiorizou como sua, em exclusividade.

Toda a gente informada sabe das desvantagens de um governo de gestão. O espantoso é ver a sua defesa, contra os interesses do país, por parte dessa Direita transmontana, passe a conotação geográfica, que põe, como sempre o tem feito, muitas vezes às escondidas é certo, os seus interesses à frente do país que, hipócritamente dizem defender.

( continuaremos... )