sábado, outubro 25, 2014

EMPATIAS... MUITO RECOMENDÁVEIS

                                                           
                                                                    Clara Ferreira Alves

 "D' A ESTUPIDEZ DO PRIVILÉGIO "

A frase é da Pluma Caprichosa, um espaço imperdível na Revista do Expresso, que semana a semana nos sacode do torpor de ideias não-feitas e desafia - nos a REFLECTIR.
Em mim, pelo menos, já tem de há muito o efeito particular de me fazer sentir menos só nos meus uivos, por aqui...

Debruçado sobre a Pluma de hoje, recorro - me à única inanidade, que quero acreditar poética, de um dos meus pensadores malditos e bemquistos de seu nome Almada Negreiros, quando verberava no sanguíneo luso, no seu fabuloso ( a pobreza das palavras...) poema Narciso do meu ódio, o desvirgamento pátreo que a mestiçagem sexocolonial trazia à pureza rácica dos egrégios doers que deram novos mundos ao mundo.
Almada desconhecia a genética e os benefícios hoje descobertos pela Ciência da troca de fluidos cromossómicos na evolução do sapiens e a doideira resultante da atávica e conformista consanguinidade psicossocial, num país que nunca passou dos 11 milhões entre naturais (?) e imigrantes.
Nós, os caboverdianos, também desconhecíamos, então, dessas ciências, mas sabíamos por experiências próximas, localizadas numa das nossas ilhas - o Fogo - das consequências dos cruzamentos próximos dos naturais na tentativa canhestra de manutenção da caucasiana tez, de maioria europeia, associada a virtualidades tidas como (passe o pleonasmo...) socialmente virtuosas em contraponto com as demais numa resistência feroz da manutenção do regime esclavagista praticada pela fidalguia menor vinda, voluntária ou coercivamente do Continente europeu.
" Foguêro ê dodu " - O natural da ilha do Fogo é maluco - era uma designação, preconceituosa, paradoxalmente genuína é certo, dos naturais da ilha, conhecida por todo o arquipélago. Eles atribuem o eventual desiquilíbrio psico-social ao vulcão que os encima.

A matriz, escalpelizada pela Pluma Caprichosa, sustentou ad retro, uma realidade histórica que se em Cabo Verde teve uma importância folclórica e brejeira, choca - nos, a nós, os imigrantes caboverdianos, a mim, cuja abominação do autoritarismo é quase uma segunda natureza, aliás própria dos ilhéus, encontrar esse " cobarde compromisso com a iniquidade que faz fraca a forte gente... " de que fala a C.F.Alves. num povo do qual só nos ensinaram os Cabrais, os Gamas, os Afonsos, os Braganças, os Camões e... Salazar, o salvador da Pátria.
O QUE É QUE ACONTECEU? 
Eu sei, vivo - o desde 1968, quando aqui aterrei. Assim como sei o que se deixou fazer e... não fazer, como parte activa e quase sempre atento e... informado, como obriga a todo o cidadão da República.

O problema, ainda não resolvido é o QUE FAZER  com essa informação, das tais que, semanalmente e ainda felizmente, entre outros, a Pluma Caprichosa nos desafia.

sexta-feira, outubro 24, 2014

PORCA MISÉRIA

UM PÂNTANO VISCOSO...

... se abateu sobre o país desde que os meus concidadãos se deixaram enredar na mais manhosa articulação do discurso político que há memória em Portugal  e guindaram ao Poder este atraso de vida que o governo actual protagoniza.
Salazar, o nosso ditador doméstico, desdenhava da democracia com uma fundamentação pragmática - os eventuais eleitores, estruturalmente analfabetos, pouco saberiam cuidar dos próprios interesses quanto mais das virtuosidades da Coisa Pública. No fim de contas, seria ter incompetentes a decidir da competência das elites.
 Essa seria, num debate ainda não totalmente encerrado, que as recorrentes batotas pós - eleições testemunham da actualidade e urgência de reabertura das conversas acabadas até novas eleições, numa reformulação e renovação do regime, a sua maior fraqueza e, paradoxalmente, a maior força da Democracia, como governo da maioria expressa livremente.

Tendo em conta os exemplos históricos que abundam e reforçam o desafio, o que se passou na maioria absoluta -  Governo, Assembleia da República, Presidente da República e..., por pouco, a Justiça - que governou Portugal nos últimos anos, mais premente se torna adequar o regime de uma salvaguarda, melhor, que este termo é nebuloso como se descobriu agora, de um enquadramento jurídico e processual sem interpretações dúbias, que o proteja dos salteadores semânticos e não só.

Nenhum voto de censura política lançado à Coligação da Direita a fez vacilar nos seus propósitos, hoje se sabem velados (???), já que nenhuma racionalidade política os sustenta e dá fundamentação - os resultados proclamam - no, ad nauseam .

Estamos perante um impasse em que o último julgamento a fazer terá de ser a apreciação ética e no limite, moral, desta Coligação política e de todo o seu suporte.
A última absurda leviandade dada à luz, e aqui remeto para o meu post anterior dada a pertinência, tem o nome IRS, uma salganhada fiscal, como já foi denominada, que da manhosa complexidade retira dividendos em prol de interesses outros, sob a máscara de benefícios aos cidadãos.
A intencionalidade (re)velada remete - nos, sem rebuços, ao campo moral, e será nesta perspectiva que todos os actos governamentais terão de ser ajuízados a partir de agora, já que a máscara da dissimulação caiu, DE VEZ.

terça-feira, outubro 21, 2014

DA CORRUPÇÃO POLÍTICA

PORTUGAL, UMA ROTUNDA SEM ESCAPATÓRIA?

Tarda o abate do maior embuste governativo que se viu pós - Abril...

Se à Política se exige uma ordenação jurídica, burocrática q.b. que contemple as regras do funcionamento da sua administração prática, aos poucos se vai descobrindo que o veículo da sua corrupção, que fatalmente irá atingir todas as estruturas que ela engloba,  está, exactamente, na Burocracia, na sua organização jurídica global, que quanto mais complexas, reflectem o grau e o nível da degradação ética de um Estado, de um país.

As sucessivas tentativas feitas por este Governo nas suas três figuras de proa, nomeadamente o primeiro - ministro, o sub - primeiro ministro e o Ministério das Finanças, de Gaspar a Albuquerque, nos sucessivos Orçamentos de Estado apresentados à votação, têm sido exemplos acabados do que se crê ser possível fazer na interpretação ou torneamento do quadro jurídico português.
O exemplo oferecido por este governo tem potenciado uma corrupção generalizada do entendimento do cidadão sobre a LEI, contribuindo objectivamente, com o fecho dos tribunais, para a reserva da sua interpretação viciada pelas sociedades de advogados a soldo de interesses poderosos, poluíndo uma máxima essencial da política democrática - a Justiça.

A simulação, o mascaramento, a chico - espertice, a MANHA, estão, em todo o  seu esplendor, neste último Orçamento apresentado.
Nós sabemos e conhecemos a cara de pau com que a troyka portuguesa se apresenta perante os nacionais e conhecemos o rosto que afivelam perante os chefes, lá fora. 

Se se acrescentar, num outro ângulo, o programa político com que se apresentaram ao escrutínio dos portugueses pela voz de Passos Coelho, e a rapidez com que foi metido na gaveta uma vez alcançado o poder, resumindo o papel do Governo ao de uma subrepartição ultra - zelota da Super Burocracia europeia, contaminando objectiva e anti - democráticamente a última  e em essência, definitiva, marca do tecido democrático - as eleições, traçaremos um seu quadro normativo a seguir até finar.
Este governo nunca governou. Quem se lembra do nome dos Ministros? Geriu e incompetentemente as directrizes recebidas. Nunca cumpriu nenhum objectivo a que se propôs, o que a U.E. sabia que não era possível. O que interessava era o recrutamento e obteve - o, com sucesso.
Farão companhia ao Gaspar e outros num papel em que, d'aqui, estão a obter um reconhecimento conciliar lá fora.
Se isso não reclama de uma subversão, de uma corrupção generalizada que da política se liga a negócios que este governo vai fomentando, pela pulverização patrimonial, onde irão morar os tranquilamente os ex - ministros, num Estado onde há ( haverá? ) criminalização contra os lesa-património nacional, já não sei do significado de CORRUPÇÃO POLÍTICA.