domingo, fevereiro 26, 2012

NA MOUCHE!!!

É dar um pulinho ao www.africaminha.blogspot. e ler o título - A soberba também se paga

ESTRANHEZAS...

Angel Luís de De La Calle, correspondente do semanário Expresso em Madrid, começou a sua crónica sobre a inusitada, porque longínqua, carga policial em Valência sobre estudantes liceais que protestavam por melhores condições nas salas de aulas, nomeadamente pelo seu aquecimento apropriado, que sofreu um corte ao abrigo da austeridade imposta pelo governo espanhol, reflectindo connosco sobre a " ausência de contestação social expressiva e generalizada " das massas perante o descalabro social imposto pelos governantes europeus como medidas de combate à crise económica global.


O que é que se passa afinal? Como é que foi possível esse esboroamento cívico e o pasmo conformista do mundo de hoje ?
Em Portugal, o conformismo social manteve, a par aliás e em momentos históricos distintos de outros países europeus, um regime fascista durante quase meio século. Teve a cidadania e a sua ausência de percorrer todo esse tempo de caldeamento do absurdo até que, milagrosamente, meia dúzia de capitães, fartos da discriminação profissional sofrida no arrastamento da formação de capitães - proveta, derrubaram, com um simples empurrão uma ditadura resilente.
À não existência desse narcisismo corporativo interiorizado na cultura militar nada obstaria à queda do autoritarismo político, cujo suporte era garantido por quem o derrubou.

Em que é que se sustentava essa inércia cívica, esse conformismo temeroso, quando à volta já tudo estava já estabilizado em novos paradigmas resultantes da negação violenta do que aqui persistia teimosamente por mais trinta anos, o tempo de formação de uma geração?


Porquê hoje a dificuldade de interiorização do erro, do erro sistemático definido nas consequências visíveis do presente, em vista de um futuro já vandalizado pelos mesmos princípios que definiram e têm definido as crises do capitalismo?
Porquê a apologia do real artificial fruto de uma volição tacanha e não da maturação reflexiva sobre o real palpável, concreto, da Vida que se desenrola objectivamente diante dos nossos olhos?


O embrutecimento reflexivo de hoje deveria pressupôr, parece pressupôr a inexistência efectiva de danos reais sobre cada um de nós. É que só com essa falsa identificação consigo entender e ensaiar uma explicação à estranheza do repórter sobre a " ausência de contestação social expressiva e generalizada... " ao que se passa.