sábado, abril 30, 2011

PERSPECTIVAS...


Parafraseando o que de Otelo não se surpreendeu com os " estados de alma " que definiram grosseiramente a frustração que J.P.P. pode histórica e filosòficamente enquadrar, direi que não m'espanto às vezes, outras m'envergonho - me em permanência.

Fácil é atribuir a quem, do panorama nacional o reduza a , para lá dos esteoreotipos de imposição da Ordem como " receita " para o afastamento do " véu de Maya " que nos empata e define e difícil é, não a justificação, também ela possível, a apresentação do " remédio " para debelar a doença de que Otelo e os portugueses se queixam. ESSA deveria ser uma " obrigação " do Abrupto.

É que para lá da " falta de jeito " do Otelo, consegui entender a mensagem que JPP reduziu à semântica e ao formalismo intelectual dos iluminados. E foi diferente...

A CHAVE DO SUCESSO?

POR ONDE PÁRA?

O que é que têm em comum os tão proclamados BRIC's?
O que é que o Brasil, a Índia e a China, mais a Rússia, têm em comum? A demografia, a massa populacional.
De todos eles, o Brasil é o que poderá ter mais riqueza natural, a China mais população e orgulho nacional e a India mais cabeça e história.
Juntando ao lote a riqueza, por ora só natural, de Angola e a Ganância, feita doutrina fundadora, dos USA,atrelada a um monumental sofisma filosófico segundo o qual a Liberdade de ser rico é pertença de todos, o que tem mantido e alimentado o pasmo social num país onde a riqueza produzida por 95% da sua população se encontra na posse de 1%, faço a pergunta de uma Vida - O que é que faz as " coisas " acontecerem como acontecem e sejam o que são?

A pergunta não é inútil mas as respostas têm - no sido, como as histórias das Nações atestam.

A contradição fundamental, reiteradamente denunciada pelos historiadores e sociólogos, entre as sociedades humanas e a Natureza, considerada como o espaço privilegiado das suas realizações colectivas, se por um lado se adequa ( deveria ) ao território da sua " pertença ", com as respostas de sobrevivência e evolução que o meio obriga, por outro lado degrada - se, na tentativa duplamente contra - natura de se adequar a paradigmas comportamentais e culturais que a Globalização Imperial lhe dita.

Toda a história dos Impérios, universalmente retratada e estúpidamente ignorada deu - nos a conhecer a sua impossibilidade de sucesso, pela multiplicação dos factores de contradição do biológico com o cultural, próprio e alheio.

ESTUPIDEZ é a palavra chave que se desmultiplica em cada tentativa de " arrebanhamento " de espécies, que embora pertencentes ao mesmo género, são histórica e culturalmente estranhas.

No Portugal de hoje, " a resgatar " por uma história alienígena que O ultrapassa, vive - se o mesmo drama dos povos que foram obrigados a abdicar da sua identidade.

TRAGÉDIA, é a palavra tabu que ninguém quer pronunciar. A SOBREVIVÊNCIA É COISA OUTRA, eventualmente menos nobre, mas NECESSÁRIA. E estamos de volta à BIOLOGIA.

terça-feira, abril 26, 2011

O DISCURSO DOS PRESIDENTES

Espalhou - se o mal pelas aldeias em assertivas chamadas de atenção, como reiteradamente desde o princípio do século XX, as cabeças mais esclarecidas do País têm feito.

Em nenhum País do Globo conheci um povo assim tão singular e que a si faz tanto mal. Já lhe foram dadas tantas definições e disposições de carácter explicadas pelos próprios por sucessivas gerações que se chegou ao ponto de se tentar novas abordagens caucionadas pelas opiniões dos outros, numa procura quase desesperada da sua imagem, reflectida pelo olhar estrangeiro.

E é como estrangeiro, a viver cá desde 1968, que se compara com a sua própria naturalidade caboverdiana e sobre os seus anfitriões e sobre o País de que culturalmente se define, marcado que foi por uma tão longa permanência e vivência, que lastimo ver o meu País, já não de adopção mas sentido, atónito e perplexo consigo próprio.

É fácil gostar de Portugal, também ele um País singular mas não tão fácil gostar dos portugueses. Difícil de definir em profundidade, já que nunca se entrega, e cioso do seu espaço e da sua intimidade, remete e define a sua " simpatia " em contactos superficiais, formais e descomprometidos cujos limites zela ciosamente. O respeito humano marca - lhe profundamente o carácter que um clima generoso suaviza na sua exterioridade.

Toda esta visão/opinião pessoal reflecte - se declaradamente na sua vida cívica e política numa polaridade estranha que soluça entre a confiança e desconfiança em intervalos tão curtos e tão marcados, que não vejo em parte algum nada semelhante.
Voltando ao discurso dos Presidentes, que exortou os portugueses a um cerrar de fronteiras e a responder como um todo ao desafio e à ameaça de decadência de que eles foram os autores, juntamente com os seus representantes políticos, empresariais e judiciais, pede - se uma REVOLUÇÃO.

Estarão os portugueses prontos e preparados para isso?

domingo, abril 24, 2011

VOLTO A " COLAR "...

" O grande paradoxo do artista é ter de tornar invisível a visibilidade do artifício com que torna visível esse artifício " - Virgilio Ferreira

Acontece, porém que seria melhor que para além da generosidade de conceder mérito ao decifrador da mensagem do artista que tivesse havido transparência argumentativa, para além do cansaço e da atenção que a formalidade conceptual da estória contemplou.
É o que tem acontecido na narrativa oposicionista a Sócrates, por exemplo, na linha carrillista que a receita exibida pelo original e pelos seguidores apresentam.
Os " estados de alma " que a maior parte da Crítica transporta não esclarecem NADA.

A decifração dos artifícios deste artista, do outro que prefaciou este post e do Sócrates exige muito muito mais do que o que qualquer ser vivo é capaz de fazer - interpretar e transformar o Real na sua limitada condição de existir, onde a História se fica pelo relato de " estados de alma " e não escrutinada devido a uma auto -limitação imposta por " divindade " alheia.

Não é preciso conhecer a física teórica para dizer, fundamentando racionalmente, claro, que Hawking se equivocou quando disse que a Filosofia estava morta, nem ele de conhecer a história da Filosofia para teorizar sobre a sua morte.
Da mesma maneira, o desconhecimento dos fundamentos das Éticas aristotélica, platónica, espinoziana ou gandhiana não deveria inibir ninguém na teorização (uma consequência de possuir um cérebro racional )e interpretação e argumentação da Ética com qualquer outra racionalidade assim como em qualquer outro tema não - científico, mesmo os aparentemente " científicamente " enquadrados, como a Política, Democracia, Justiça ou a natureza humana no seu todo.

Nessa " argumentação " com as teses ( não passam disso...) alheias há um pressuposto que a honestidade intelectual ( gratuita para quem não procura benefícios de consequência)não pode dispensar - o conhecimento dos argumentos, fontes e, por vezes, experiências do Outro.
E, surpresa das surpresas, por vezes a coincidência da metodologia reflexiva, para além das cumplicidades que a empatia arrasta, leva à alegria íntima e por vezes compulsiva de partilhar com outros o " milagre " de termos a mesma opinião de Homens que pertencem ao Olimpo ou.... NÃO.

Reduzir isso a a um almanaque de citações e " descobertas " transformaria Platão num farsante e toda a Filosofia ocidental num balão que o físico tentou esvaziar.
Só a " apropriação " do conhecimento e a transmissão do acto de aprender, pensando, no seguimento, atrelado, encostado, papagueando, com ou sem originalidade,sobre o que já foi dito e o que está por dizer, torna possível essa imortalidade do acto de filosofar, sejam os nomes Bandarra, Aleixo, Zé - Povinho, Espinoza ou Hitler.

Poder - se - á argumentar que uma vez morto Deus e a sua " interpretação" terrena e com a metafísica reduzida a um passatempo de ociosos, as questões que o Homem tem levantado,já reduzidas à sua materialidade, são físicas e que, naturalmente só a Ciência as poderá responder. Concedo, com uma questão filosófica - Que ciência usaram as formigas e as abelhas na construção das suas sociedades? Em que é que se distingue o seu conhecimento, de engenharia, por exemplo, do dos humanos?


Bem, chega de divagação gratuita...,por ora.