sexta-feira, agosto 31, 2012
E... AO PROFETA
Nos idos anos trinta do século XX, Gasset deplorava a insistência com que se falava da decadência europeia e a nostalgia com que se encarava os paradigmas do passado pré - moderno.
Numa abordagem crítica entre a posição das elites de então e a explosão da vida configurada num extraordinário aumento populacional, liberto da escravidão, dizia, a certo passo, in - A rebelião das massas - ...
" O nosso tempo teria ideais claros e firmes, embora fosse incapaz de os realizar. Mas a verdade é estritamente ao contrário: vivemos num tempo que se sente fabulosamenete capaz de realizar, mas não sabe o que realizar. Domina todas as coisas, mas não é dono de si mesmo. Sente - se perdido na sua própria abundância. Embora com mais meios, mais saber, mais técnicas do que nunca, o mundo actual anda como o mais infeliz que possa ter havido: totalmente à deriva.
Daí essa estranha dualidade de prepotência e insegurança na alma contemporânea... "
( os sublinhados são meus )
Creio que, hoje, muito difícilmente haja quem discorde dessa aberração que tem marcado o plano inclinado da estupidificação imparável que o modelo único tem aplicado ao planeta através dos seus mandantes e lacaios.
Perante tanto conformismo à arrogância a pergunta impõe -se com estrondo: - QUEREM VER QUE NO FIM DE CONTAS SOMOS INFINITAMENTE MAIS ESTÚPIDOS DO QUE A NOSSA RACIONALIDADE ALCANÇA?
quarta-feira, agosto 29, 2012
A PALAVRA À POESIA...
... À solidão burguesa, nas palavras do poeta...
LABORATÓRIO I
Não era aquela a cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Quem de tal sorte
quebrou tão puramente pelo meio-
-dia das correrias no recreio?
Ou de lua que lívida a transporte
alguma vez algum olhar nos veio
que tamanha criança assim suporte?
Envólucro quebrado contra a crista
do antigo cipreste, ó fantástica festa
de quem consigo mesmo pela frente
se encontra e reencontra finalmente
E hora entreaberta como esta
em que país do sul Deus nos consente?
LABORATÓRIO II
Não foi aquela a cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Tão pura sorte
noutro céu se cumpriu que não no meio-
-dia do pão partido no recreio?
Ou outrem conheceu o súbito transporte
do convívio dos dias para alheio
olhar os gestos de que foi suporte?
Envólucro enquadrado contra a crista
do antigo cipreste, ó fantástica festa
das coisas que se tocam pela vista
esta daquela como aquela desta
E há país aonde Deus assista
a hora entreaberta como esta?
( RUY BELO )
LABORATÓRIO I
Não era aquela a cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Quem de tal sorte
quebrou tão puramente pelo meio-
-dia das correrias no recreio?
Ou de lua que lívida a transporte
alguma vez algum olhar nos veio
que tamanha criança assim suporte?
Envólucro quebrado contra a crista
do antigo cipreste, ó fantástica festa
de quem consigo mesmo pela frente
se encontra e reencontra finalmente
E hora entreaberta como esta
em que país do sul Deus nos consente?
LABORATÓRIO II
Não foi aquela a cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Tão pura sorte
noutro céu se cumpriu que não no meio-
-dia do pão partido no recreio?
Ou outrem conheceu o súbito transporte
do convívio dos dias para alheio
olhar os gestos de que foi suporte?
Envólucro enquadrado contra a crista
do antigo cipreste, ó fantástica festa
das coisas que se tocam pela vista
esta daquela como aquela desta
E há país aonde Deus assista
a hora entreaberta como esta?
( RUY BELO )
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