sábado, novembro 15, 2014

FALTA DE TOMATES

AGARREM - ME, SE NÃO!...

Saragoça da Mata, escreve no jornal " I " de 14/11, uma prosa indignada, que eu sublinho positivamente, sobre a feminização crescente da alma lusa, que, acrescento, nem o desvario psicopata da matança das mulheres em Portugal em acentuação progressiva da sua impotência descaracterizadamente viril, esconde a sua degradação.
Bem, as suas palavras não foram exactamente essas e tampouco o alcance, projectado sobre a diplomacia portuguesa que hoje envergonharia qualquer estado independente que ainda não tivesse enterrado aquilo que, conceitos como nacionalismo ou mesmo patriotismo, essenciam de amor próprio ou identidade nacional. É, no fundo, uma questão de tomates que a manipulação casuística da Crise reforçou, tanto na vertente psicopata como na impotência diplomática.

Deixando de fora, nem me atreveria, canudo e a Lei condicionam, a caracterização psicológica dos nossos governantes actuais e quiçá, da maioria dos nossos políticos actuais ( será uma condição, a maleabilidade cervical?... ), há, no fim de contas, um caracterizador bastamente reglossado por aqui de Almada, que definem de uma ponta a outra o arremedo fugidio do indígena pátrio - a MANHA.

E é de MANHA que se fala, quando do buraco negro do estiolamento ético do país por parte da sua representação estimada como elitista, da Política  e às suas faces económicas, financeiras, diplomáticas, educacionais e sanitárias.
A semana tem sido pródiga na amostragem directa dos falhanços nacionais, EXACTAMENTE, nacional ,em todas as áreas em apreço, protagonizadas por este executivo.

Da cobardia da resposta diplomática às duplas desconsiderações de Timor - Leste, melhor, Xanana Gusmão, nos casos da imposição da Guiné - Equatorial na órbita dos PALOPS, e recentemente na expulsão pretensiosa ( é evidente que foi para consumo interno... ) dos magistrados lusos e, não por acaso, também de um caboverdiano,

Da opacidade estruturada do branqueamento do ninho de víboras que será a CPI sobre o GES ( comissão parlamentar de inquérito ) que vai arrancar amanhã, a escolha, na abertura das " hostilidades " da instituição Banco de Portugal, representado como regulador das boas práticas financeiras, na pessoa do Governador Carlos Costa, testemunha a obliquidade dirigida de um processo de averiguações, objectivamente pró - réu. Nada teve de inocente o escalonamento das audições. A nódoa moral foi abrangente dadas as cumplicidades de décadas com o poder e as suas franjas recolectoras. Daí o extremo cuidado com que se irão destapar as carecas.

Da corrupção estimulada por uma venda de acesso ao espaço Shengen por parte do Governo, através da concessão de vistos mediante investimentos no país, estamos agora a assistir, felizmente e digno de aplauso, a reacção do Ministério da Justiça - detenção de elevados quadros da Administração Pública com cumplicidades estranhas dentro do SIS ( serviços de informação da República ).

Dos pézinhos de lã na abordagem  do que se estaria a prefigurar - se como crime de Saúde Pública, por parte dos responsáveis sanitários ( grandes interesses em foco... ) no surto de infecção pela bactéria legionella. Salvaram - se os responsáveis directos ao nível do controlo de danos e pela comunicação. O mesmo não se poderá dizer da fiscalização preventiva.

Do crime lesa - pátria que está a ser o desmantelamento de uma empresa como a P.T. e o desfastio, sempre em nome de números e não de decisões políticas, com que se prepara a entrega da TAP sobrarão, a ver vamos, mais casos de corrupção. Todo o ambiente para essa propagação venal não surgiu por acaso e tem um mentor não revelável... que mais um ano deste governo ajudarão a florescer... em desmantelamento e transmissão às negociatas.

quinta-feira, novembro 13, 2014

ESPANTO DE UM ANARQUISTA

( continuação... )

Nem eu, na minha natureza política anarquista seria capaz de imaginar, pelas circunstâncias actuais do país, um modelo tão cínico de desmontagem do modelo político de Estado saído do 25 de Abril, de quase todo o seu edifício organizacional com a eficácia aparente com que esta coligação de Direita está a produzir. Para cúmulo, estando - se literalmente nas tintas para as consequências próximas ou futuras na governação do país.
E fê - lo, está a fazê - lo, à vista de toda a gente e com a complacência de quem tinha, tem e terá a obrigação de o proteger - O CIDADÃO - e julgava -se, com o seu garante último - a presidência da República, ocupada por Cavaco Silva.

Do panorama económico - jurídico e social pós - Abril só restará, no final deste mandato, uma Constituição, que sucessivos ataques ainda não conseguiram reduzir à irrelevância, verdade seja dita, pela resistência feroz ( quem diria...) do Partido Comunista Português e de uma Esquerda descentralizada.
A ideia, se conceptualmente imaginada, será a redução do universo eleitoral a uma massa amorfa de burocratas tementes e de cidadãos conformistas, cujos já débeis lamentos, antecipando o fim da angústia, reflectem, no limite, a sua capitulação à ordem das coisas.

Depois deste extraordinário e perigoso exercício político que a Direita europeia e caseira persegue - Anatole France dizia que os estúpidos são mais de temer de que os maus, já que estes descansavam de vez em quando, o Caos político que se seguirá - o pensamento reactivo adversariado por uma realidade desconstruída e tão fortemente armadilhada, umas vezes por incúria, outras por incompetência e outras por vontade expressa servilizada por directivas exteriores, terá de ser violentamente pró - activo, intransigentemente contemplado, ou correrá mal.

A vertente ético - política que a esta coligação PSD/CDS/PR nunca se pôs, mais, desprezou - a liminarmente, terá de estar presente na recomposição de TUDO o que foi descaracterizado, mormente na área da justiça social, por este governo.
Aos compromissos políticos que o futuro governo se irá obrigar não podem, não DEVEM, por absurdo político e de comunicação ao exterior, ser alcançados com nenhum membro da COLIGAÇÃO, sob o risco inevitável da total desfragmentação da Esquerda e o enfraquecimento objectivo do PS, já que a Direita se sente confortável com a actual situação que criaram e que só obriga a uma gestão de danos,
Se o PS tem uma identidade própria e que naturalmente o distingue da Direita, esta é a oportunidade de a exercer, na demarcação clara dos pressupostos e do discurso actual do Centrão, forçando - se a um entendimento virtuoso com os partidos à sua esquerda.
A esse respeito remete - se para a entrevista de Ana Drago ao Expresso do último sábado, uma das mais lúcidas tomadas de posição política na área da esquerda que ouvi nos últimos tempos.

Por mais que defenda a atomização dirigida do Poder, do Estado, não creio que a Ideia tenha espaço e esclarecidos meios humanos em Portugal para se tornar uma alternativa virtuosa, pelo que o que será do país na próxima década depende, em muito da identificação que do futuro governo de A. Costa fizerem a Esquerda e os seus votantes e simpatizantes sobre a sua definição SOCIAL e anti- corrupção; sobre isso há um entendimento instintivo por parte do povo que não sobre as minudências burocráticas dos contornos da dívida e dos financiamentos, deixadas aos especialistas.

SEMANA REVISITADA III

CAVACO FALOU



                                                                   
O Presidente da República portuguesa deu uma entrevista ao Expresso e como acontece em quase todas as suas intervenções disse o que, na sua interpretação pessoal do cargo, o que DEVIA dizer.

A ABRIR -  O próximo governo será o que os eleitores decidirem e se não se sentiram suficientemente menorizados pela política da actual coligação PSD/CDS/PR não darão a maioria absoluta ao PS e, inconsequentemente, não aumentarão para níveis de governação os votos no PCP e no Bloco de Esquerda.
Em princípio, pela minha experiência do universo eleitoral do país, vão procastinar entre a revolução eleitoral e o regresso à normalidade vigente do Centrão - nem carne nem peixe.

Os brandos costumes, ahh os famigerados brandos costumes ( Quem terá inventado esse nonsense que uma longa e provinciana ditadura sobre a tutela fascista de Salazar ajudou pós - ditadura, a sua interiorização funda na alma lusa? ) não permitem a fuga à norma, ao desvario democrático no enfrentamento do medo do futuro na reconfiguração do Estado.
A revolução do 25 de Abril foi uma magnífica loucura que acabou cedo.
Não foi à toa que a Burocracia se instalou no país, funcionária e adepto do servilismo e deslumbramentos sociais e, mais grave, no pensamento nacional retratado no conformismo resilente da maioria esclarecida do país.
Que se respire tudo isso na entrevista do institucional conveniente saído da Presidência da República não é de admirar.
 Cavaco Silva com esta entrevista quis marcar a agenda, não só eleitoral como a partidária. Já o tentou sem sucesso com Seguro e, conhecendo Costa, o novo líder do P.S., o mais que provável Primeiro - Ministro, o condicionamento a que o tentaria obrigar no cimentar das " conquistas " da sua coligação através de acordos de regime está dentro da idiossincracia que tem alimentado a Direita europeia na uniformização ideológica da Europa.

O mais extraordinário em todo este processo delirante é a convicção espraiada pelos actuais governos dos países da UE de que o " Ai aguenta, aguenta! " com que caracterizam a maleabilidade interpretativa dos seus cidadãos face à natureza desalmada e fria com que uma austeridade dirigida a um universo específico vai desequilibrando social e deliberadamente, sociedades inteiras.
( continua ... )