quinta-feira, maio 03, 2012

SENADO EUROPEU?

PARA QUÊ?


Impossível esperar da classe social dirigente qualquer mudança aos princípios económicos em que se sustenta o seu domínio e o seu bem - estar - o liberalismo.
O povo, sempre " sábio " há muito que definiu num aforismo manhoso a natureza que do conhecimento maioritário de si e dos outros tem aprendido  - Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte.


Ora, de tolo a classe social no poder não tem nada e quanto à arte de esconder dos tolos que a sua miséria periódica é não culpa própria e está incontornàvelmente ligada, como sabem, à economia liberal da qual as cíclicas crises não são mais do que os resultados de um reordenamento dos rendimentos, sempre que à boleia das migalhas que caem do pote, o Zé melhora o seu estado económico e o seu poder de compra, mimando os tiques e os privilégios da burguesia endinheirada, ela está pujante.


Por mais que os bem intencionados procurem explicações outras para debelar essa urdidura cíclica que tem sistemáticamente devolvido à realidade a proporcionalidade éticamente reprovável da repartição dos rendimentos, a economia política tornou - se um instrumento de domínio e gestão dos desequilíbrios e não de coesão social.
Uma sociedade " equilibrada " numa repartição justa do rendimento nacional não faz parte dos ensinamentos das escolas de economia dos países que abraçaram o capitalismo liberal a não ser como uma utópica miragem. Nelas aprende - se, pelo estudo das " conjunturas económicas " a estar atento na manutenção do status  e não de como prevenir o aparecimento das brutais assimetrias que a liberdade incontrolada engendra.


" Se Keynes voltasse à Terra não seria certamente keynesiano " proclama o defensor da existência de um Senado europeu ( mais um gabinete burocrático e transnacional de inimigos da Vida ), o presidente do tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, entrevistado pela Clara F.Alves na Revista do Expresso último.
 Como!!!|!|? O que é que levaria o pensamento keynesiano a entrar em curto-circuito com o seu projector?
Não creio que a solução monetarista que os estudos de " conjuntura " da escola alemã professam em torno de garrotes orçamentais que estão a empobrecer a Europa e a criar desemprego em massa, fosse do seu agrado e o levassem a tirar uma vírgula ao que pensou e que em relação ao emprego é determinante como factor de coesão social numa sociedade em que os dirigentes se deveriam advertir dos excessos para cima ou para baixo prevenindo e obstando à ocorrência de assimetrias denunciadores do descalabro e de CRISES.
Acontece que as crises do capitalismo, como os artistas as orquestram, são uma " limpeza do sistema " necessária para repôr as disparidades que permitem alimentar fraudulentamente um sistema caduco, imoral, criminoso, em nome das mais nobres aspirações do Homem - a Liberdade e a Democracia.


E vai fazendo o seu caminho numa sociedade que " sábia " acha que somos todos iguais e que quem parte e reparte e...blá-blá-blá...

quarta-feira, maio 02, 2012

VENHA CÁ!

Notável a polémica em torno da campanha do Pingo Doce, com descontos únicos.


TODA a gente se queixou, excepto os clientes e não foram poucos. Venham mais campanhas do género que a clientela agradece. As queixas foram de quem não precisa dessa alteração anormal ao hábito de saquear os bolsos de quem pouco tem.


Eu não fui lá; as razões dos que lá foram são muitas e fundamentadas e de quem fez a campanha também.


Veremos os desenvolvimentos nesses dias que se seguirão...

segunda-feira, abril 30, 2012

MIGUEL PORTAS



Morreu um democrata socialista que manteve uma luta sem tréguas e sem nuances  em favor da sua interpretação virtuosa por aqueles que a praticam. Foi um exemplo a seguir pela nova geração.


Aqui fica a minha singela e sincera homenagem.

SOARES É " FIXE " !

Assente a poeira sobre polémica ausência do ex - presidente da República às comemorações oficiais do 25 de Abril e para além da simpatia pessoal e não política que consagro ao cidadão Mário Soares, um homem sério ( para utilizar a sua terminologia... ) permito - me lembrar duas coisas...


A diferença fundamental que havia entre Soares e Alegre e anteriormente com Cunhal, principalmente com este, estaria na separação da personalidade política da pessoal que Soares sempre fez em relação aos seus adversários ideológicos, atitude impensável para Cunhal que do urbano e institucional relacionamento sempre separou as águas.
A proximidade política, ética, filosófica, cultural seriam condições essenciais a um relacionamento " simpático ", quando não empático, com o Outro.
 Soares é praticante de uma pandemocracia que não distingue o Homem das suas ideias aos quais, independentemente das suas virtudes, algumas mencionadas um pouco acima, atribui respeito, em nome da democracia e da liberdade e, se empunhadas por quem nutre simpatia pessoal, não se coíbe de tecer alibis virtuosos ao carácter do Outro, tidos como meritórios e devidos. A sua deriva ideológica, melhor, consistência, deriva desse posicionamento.


Já a Direita ideológica é mais consistente no que às afinidades pessoais com Soares lhes diz respeito. Dos seus " sótãos " expulsaram e expulsam em antipatia o aristocrático político. Eanes nutre - lhe desprezo. Cavaco, profundo ressentimento político e distâncias vingativas, o que para mim só devia abonar pessoalmente Mário Soares; na verdade isso não acontece. O ex - presidente SENTE mais do que devia essas hostilidades pessoais, mas também sentiu como ofensa pessoal e não devia, junto dos correligionários Zenha e Alegre, o afrontamento POLÍTICO.
Para um político que combateu e combate IDEIAS e não pessoas e que o faz considerar sérios ( termo ideológicamente inconsequente ) adversários que não o consideram sério, é de uma ingenuidade tremenda.
Por mim,  na política o homem faz a função assim como a função faz o homem e os fins estão íntimamente ligados aos meios. E só pelos meios posso ajuízar da seriedade dos homens que a conduzem. E também só aí posso alimentar sentimentos de simpatia e juízos parabenizantes pessoais.


A não - comparência de Soares, numas cerimónias alusivas a uma data histórica, essa sim pandemocrata, peca por irreflexão, por confusão entre o contingente e o essencial. Dando de barato que só a impotência leva a Direita hoje a celebrar essa data, essa Direita que se permite enterrar o 1º de Dezembro como se tivesse a importância das celebrações fascistas do 10 de Junho, o famigerado Dia da raça, dizia, deslustrou a força de 25 de Abril.
Foi pena, pelo gozo que também lhe daria ouvir Cavaco a fazer um discurso, contrabandeado é certo, de elogio a um socialista de nome Sócrates pela obra efectuada, em anúncios de excelências tornadas possíveis no Portugal de hoje.