sábado, dezembro 24, 2011

O " Almeida - Mor do Reino "





" Portugal precisa de uma boa vassourada " - tal é a exigência do sr. António Ribeiro Ferreira ontem, hoje, no " I ", como anteontem, como sempre, nos jornais que lhe sustentam a prosa reaccionária, salazarenta e bafienta. 
Para esse senhor, Portugal ainda vive prisioneiro dos sindicatos e de mitos ( sic ) como o da concertação social..., cito, e que essa ralé sindicalizada deveria ser toda arrebanhada ( ai que saudades do Velho, não é Ferreira? ) e posta a trabalhar numa democrática requisição civil.


Para o sr. Ferreira, as greves não deveriam  incomodar ninguém, nomeadamente o seu nariz aristocrático e o espaço entre as suas orelhas e se pudesse acabava com elas numa decidida vassourada.


É pena que tanto zelo faxineiro não possa ser aproveitado por nenhuma Câmara municipal, nomeadamente nos dias em que os seus empregados de limpeza, incomodados com tanto mau cheiro com que certas luminárias empestam o ar, se afastam por umas horas do seu trabalho.


Fica aqui a sugestão da sua requisição civil para quando necessário...
É gente desta fibra patrioteira que o País precisa, não é?

quinta-feira, dezembro 22, 2011

ONDE PÁRA O CINISMO?



A Coreia do Norte chora em prantos a morte do seu líder mui amado e provoca no Ocidente uma vaga de  cepticismo sobre a possibilidade de em qualquer outra parte do mundo acontecer tão inacreditável manifestação de pesar pela morte do principal responsável da governação...

Do que isso nos diz sobre a nossa circunstancialidade desafectiva de incapacidade de compreensão empática dessa , para nós, despudorada manifestação pública de pesar pelo desaparecimento de um líder político, sem a referenciar como uma ópera bufa, também ela despudoradamente ensaiada, um reflexo contundente de como se manifesta sobre os povos o poder da lavagem cerebral e o medo induzido pela repressão, seja ela fascista, comunista, religiosa, cultural, financeira, económica ou...DEMOCRÁTICA, quando ela se nos apresenta, não necessáriamente com a face da Morte como em outras paragens, mas com a desconjuntividade oclusa de NÃO HÁ ALTERNATIVAS no OU...., OU reaccionário e tendencialmente autocrático que nos marca hoje o percurso histórico, é que há uma reflexão a fazer, sobre nós e sobre os outros.

Claro que seria impossível, ensaiada ou não, assistir, por enquanto, nas sociedades ocidentais esse tipo de pranto, por razões óbvias...

terça-feira, dezembro 20, 2011

RESERVAS...



Muito DIFICILMENTE comentarei o que diz, pensa e faz este senhor, a quem nunca compraria um carro usado, sem cair nos braços da Justiça. 
Se alguma vez tiver de comentar o que ele diz, pensa e faz, terei de usar de toda a minha civilidade para não cair no insulto.
Daí a ausência forçada de opiniões sobre ele...
Virá tempo...







PAZ COM A HISTÓRIA?







O ministro da Defesa, José Aguiar Branco, afirmou ontem, segundo o jornal " I ", que, cito, " Portugal vive mal com o tema da guerra colonial... e que é preciso fazer a paz com a História "


Eu quero crer que ele se refere à estória em vez da História, coisas completamente diferentes. É que a História regista os factos;  os historiadores e os interpretadores trazem à nossa memória a sua visão racionalizada, quero crer, se não seriam meras opiniões, do que, na mais das vezes, conheceram em segunda ou terceira mão.
Só as estórias do conflito continuam ainda a alimentar em desassossego algumas almas. A História, essa, registou um passado, cujas recordações traumáticas atira aos que como eu, lá estiveram, para outro campo de análise.
 Ora, isso é o campo da Psicologia e, ressalvando as consequências que sobre fracas almas provocou, tudo isso já é PASSADO. Basta perguntar aos angolanos, aos guinéus e aos moçambicanos e, eventualmente a alguns caboverdianos que ou de um lado ou doutro lá estiveram o que pensam da angústia existencial ( cinismo à parte...) do Ministro - a resposta seria uma gargalhada bem - disposta.


É também a minha...

segunda-feira, dezembro 19, 2011

PAULO BENTO



O actual seleccionador nacional da equipa portuguesa deu uma entrevista à " ÚNICA "  do Expresso e falou, de si e dos outros.


Sobre o seu perfil psicológico desvendou, ou melhor, reforçou o que, leigos ma non troppo, como eu já sabiam...
" Dou máxima liberdade, exijo máxima responsabilidade " - diz ele... Acontece que essa máxima EDUCATIVA tem as suas virtudes no relacionamento pais/filhos e é completamente improcedente e releva de uma arrogância e autoritarismo evidente na relação entre adultos pela projecção pessoal e  impertinente de um cargo hierárquico na interpretação do que é liberdade e responsabilidade para o Outro.


Sem renegar o papel de gestor/organizador que lhe cabe no funcionamento, TÉCNICO e não formador, de um grupo de homens adultos e responsáveis ( chegaria a maneira como geriram as suas carreiras profissionais...), não lhe devia caber, por uma questão de respeito, o papel de mestre-escola com que ele costuma pontuar a sua posição de TREINADOR TÉCNICO E... MAIS NADA.


A discordância, a queixa, o arrufo, as birras, a competitividade, dentro de uma equipa de futebol faz parte do seu normal funcionamento, mormente com as escolhas do seu técnico.
Saber gerir, sem juízos de carácter, os campeões na sua profissão, não é para qualquer um. Poucos o sabem fazer e Paulo Bento, se não fossem os circunstancialismos que rodearam a sua formação como homem, deveria sentir isso.
A questão que se põe quando se confunde o falar claro e ser frontal com falsas consciências não tem nada a ver com verdades e mentiras; o insulto, o autoritarismo, a ignorância,o ressabiamento, a mentira, as más decisões, por exemplo, também podem ter essas características, aparentemente virtuosas para Bento, sem deixarem de ser condenáveis, em juízo.


VIVA A SELECÇÃO NACIONAL! FORÇA RAPAZES!

domingo, dezembro 18, 2011

Da História moderna...

... após o decreto terminal da morte das Grandes narrativas resta um olhar apaziguador, comprometido, com o seu fim, de que a derrocada do experimentalismo soviético deu um grande empurrão com a incapacidade de conciliação da liberdade política com a construção de um estado TENDENCIALMENTE justo, afrontando os seus representantes com o cumprimento do compromisso que esteve na matriz da construção das comunidades, nações, estados - o equilíbrio das forças em presença em vez da lei - do - mais - forte.


Sobre o papel conformista e demissionário, pelo menos no que à sua componente científica diria respeito, dos historiadores modernos, após a derradeira tentativa falhada na ex- URSS, diz Peter Sloterdijk in Palácio de Cristal - .... por fim torna -se necessário pôr em prática um pensamento com uma configuração totalmente diferente - um discurso sobre as coisas históricas discreto, polivalente, não totalizador, mas, antes do mais, ciente da circunstancialidade das suas perspectivas.... E conclui ...- Nesta concepção, tudo é correcto, até à conclusão final, que quase sempre aponta para a direcção falsa, de RESIGNAÇÃO. ( sublinhado meu...)


O perigo do que ele chama precipitação na análise, necessáriamente circunstancial do historiador que escreve sobre a pressão dos factos e do calendário é evidente, pela distorção, quase sempre anexada a uma visão pessoal e comprometida com os factos decorrentes e a funcionar em velocidades tão pouco históricas.
Tudo isso veio - me à lembrança e como leigo deixo a minha apreciação sobre o desapreço do historiador moderno Dr. Rui Ramos sobre a escolha por parte da revista TIME, do Protester ( contestatário ) como personalidade do Ano.


O historiador faz uma distinção apressada entre o contestatário da chamada Primavera árabe e o contestatário europeu com uma, também denunciada linearidade por parte de Sloterdijk, distinção legitimada ( fantástica a nuance...) dos contestatários árabes, que na visão do historiador afrontam uma ditadura em nome de uma democracia ( vulgo, eleições... ) enquanto o contestatário europeu, já a viver uma democracia, só tem de se resignar às consequências incontroladas do seu voto e ponto final e não per der o seu tempo a tentar MELHORAR o que nítidamente fede por todos os lados, num mero hedonismo de protesto, útil para alimentar os circos mediáticos ocidentais  ( cito ), quando o que se pretende é discrição absoluta na estratégia do derrube e demolição de uma conquista civilizacional - o Estado Social.


Confesso que não soube exactamente como lidar com o texto e de quem estava a discordar, se do político, do comentador ou do historiador. O que eu sei é que o medo é muito grande e há razões para isso. Por enquanto, os sindicatos estão a fazer o papel controlador que lhes está na matriz..., porém não me admirava que da desobediência civil pacífica que tarda, se parta para uma escalada menos hedonista...


Os conselhos paternalistas, amestrantes, dentro em pouco de nada valerão àqueles a quem se aponta o caminho do exílio, porque não terão nada a perder, pelo contrário...


CUIDEM - SE!

AOS ESQUECIMENTOS CONVENIENTES...

... Que aos portugueses desatentos foram trazidos à sua lembrança, por M.Sousa Tavares no Expresso de ontem, convém um cotejo comparativo com o que nesse mesmo semanário tem sido dito e redito por esse poço de ódio e manipulação rasteira que, ao mesmo tempo que esconde os factos, insiste em bolsar estados de alma sobre o carácter de quem o ignorou e ignora - José Sócrates.


Miguel S.Tavares escreve sobre factos e sobre a injustiça das aleivosias interpretativas que sobre eles se escondem nos ataques rasteiros que semanalmente o Sr.Crespo nos traz nesse jornal, como o faz o sr. Ferreira no " I ".


Da compreensão do que faz um e fazem outros como esses dois, está a diferença entre duas maneiras de encarar o papel de um jornalista.
Eu cá prefiro a honradez de M.S.T.