sexta-feira, março 06, 2015

A PUTA DA CONJUNTURA...

... E O CONFORMISMO SOCIAL

Costa - Gravas o realizador de cinema, grego naturalizado francês, no seu filme - O Capital - pôs na boca de um banqueiro, voluntária e militantemente corrupto, quando posto perante as consequências das suas decisões, sobre o pântano moral em que se chafurdava, na interpelação - E agora? - respondeu - AGORA É COM A PUTA DA CONJUNTURA!

A conjuntura, como sabemos, é o conjunto resultado das decisões, individuais, colectivas, nacionais, internacionais, institucionais e governamentais das nações. Sempre, dada a sua extensão e compreensão instintiva, biológica, por parte de todos os sapiens, nebulosa, serve sempre de escape, sacudido dos ombros das responsabilidades cívicas e éticas dos decisores, também eles individuais, colectivos....

Em DEMOCRACIA, a última palavra, a definitiva, deveria estar nas decisões individuais de cada eleitor, no sentido da manutenção do status quo ou de mudanças efectivas no universo da sua deploração política e social e repugnância cívica.

Acontece que o sistema, que o regime democrático, hoje instalado sustenta, numa protecção feroz, medieval e classista dos privilégios do Dinheiro, hoje PODER, à cautela e democráticamente vai introduzindo subreptíciamente contrabando no tecido legislativo e judicial, principalmente neste, parece imutável, por mais que as alternâncias se vão sucedendo no topo das hierarquias dos Estados.

O tropismo social que ESSA democracia defenderia se o mérito e o sentido social estivessem, de facto, na narrativa actual e projectada, a par da distribuição, normal e harmoniosa nesse contexto, dos rendimentos e produção de riquezas nacionais, tem sido substituído pelo pragmatismo (i)moral que a Plutocracia, parasitária, alimenta junto dos conformistas como êmulo do " trepanço " condescendente e militantemente cúmplice do regime, que à boleia da etiqueta liberal, montou uma gigantesca teia burocrática que, literalmente, conduziu a Liberdade à irrelevância, por mais que as eleições democráticas secundizem e espelhem o alibi do conceito.

A Liberdade, no Ocidente, é sobre ISSO que estou a reflectir, já está e continuará a ser contrabandeada enquanto os pressupostos que a definam no dia - a- dia dos cidadãos não se reflictam nas suas aspirações de uma VIDA digna, conceito este intuítivamente interiorizado pela maioria dos ocidentais.
Sendo assim, a minha estupefacção vai no sentido da compreensão do tamanho conformismo da maioria dos cidadãos ocidentais com o PASMO civilizacional com que se vêem confrontados.

Esta PUTA DA CONJUNTURA, criada por uma percentagem irrelevante de, ia escrever cidadãos, criaturas que à decência ( outro conceito em relativização...) dizem nada, precisa de ser enfrentada, condicionada e, se possível, domesticada.

A GRÉCIA disse - nos COMO. A coragem dos gregos perante ela levou - os, num gesto de reflexão, revolta e dignidade ( outra abstracção em declínio... ) a recusar a " normalidade " que o regime de bárbaros, numa chantagem indecorosa e sem máscara, lhes quis impôr.

Anseio por uma revolução eleitoral na U.E. que acabe de vez com essa vil, melancólica e provinciana insensatez  que à VIDA diz não ( não digo Ocidente já que os USA não têm massa crítica capaz de enfrentar aí o regime que possui a mais estruturalmente analfabeta classe política que os meus 68 anos me deram a conhecer... )  e que fragmente profundamente o edifício eleitoral normalizado em Poder de História acabada.
Só então será possível drenar o pântano político - democrático de hoje da conspícua casta que se auto - representa, em nome dos povos, nos aerópagos conformistas da U.E.

Contra a auto - castração política, contra a cobardia, contra o conformismo, e contra o neo - fascismo democrático.

Vêem aí as eleições e já vai tarde...