quinta-feira, março 17, 2016

LULA e DILMA

AMBIGUIDADE MORAL?...



TALVEZ!, mas se numa situação, até ver, políticamente dramática como a que enfrentam tenham ouvido de GUSDORF a proclamação da assumpção da sua liberdade expondo - a " a todos os riscos da existência " , no caso também política, a Presidente do Brasil e o ex - Chefe do Estado resolveram " qualificar " as decisões sobre o seu futuro imediato remetendo - as, com a posse de Lula como Ministro da Casa Civil, para o Supremo Tribunal Federal.

GOLPE? Não o creio!
Legítima defesa? Absolutamente!
Só com muita ingenuidade não é descortinável neste processo uma demanda política anti - P.T. e, em corredio, a escalada naturalmente cúmplice por espelhamento, ou não, das relações inter - arguidos e suspeitos que o processo Lavajato permitiu INFERIR.
CONSPIRAÇÃO? O tempo que o P.T. vai ganhar na promoção e esclarecimento anti - (R)DIA, que lá como cá têm sido um veículo dos seus mandatários na demolição de qualquer projecto político que cheire a Esquerda, ajudará à reflexão sobre o seu posicionamento, não só político, programático e ético sobre a sua estrutura como sobre a " descoberta " pela Direita brasileira da Ética tout - court .

O que está em causa hoje no Brasil é uma violenta e decidida acção do reaccionarismo político da Direita brasileira contra o Partido dos Trabalhadores no poder. A tentativa do impeachment da Presidente, num impasse, suscitou um novo rumo de ataque à cúpula do Partido através de um tema fortíssimo no imaginário do país e, ainda hoje, na sua vida concreta - a Corrupção.
Tudo bem!
Façam - no com o respeito devido a TODO o cidadão da República e, se a coragem da presidente Dilma decidiu que só o Supremo daria dignidade às investigações, tirando o protagonismo aos Media e os títulos soezes aos MÉRDIA...
... POR MIM, TUDO BEM. Para mim, Lula é inocente das acusações até prova em contrário e não é vê - lo agriolhado, numa exaltação vingativa e mesquinha e simbólica, como pretenderiam certos intérpretes judiciais, sobre o P.T. que me faria mudar de opinião. Julgamentos populares induzidos por profissionais da intriga? Estou farto!

Prendê- lo para quê? Fugiria para onde? O Brasil?

P.S.
Um sintomático paralelismo da independência judicial exercida por puras vestais em templos consagrados de Democracia quando o assunto releva de substância política, concreta ou projectada, dá- nos o líder da maioria republicana no Senado, McConnell ao adiar até à posse do novo presidente dos USA a entrada em funções do juíz Merrick Garland, nomeado por Obama.
As razões? Políticas, naturalmente! E de prerrogativas, também! Obama tem o direito de fazer a nomeação e o Senado republicano, maioritário, de recusar. Ninguém andou fugido à Justiça, lá, como no Brasil ou em Portugal... 

Eu, se estivesse no lugar e circunstância da Dilma, faria o mesmo. S. Beauvoir aplaudiria...
A sua legítima defesa e directamente do partido de que é a mais alta representante é - lhe um dever que só uma Ética corporativa, instrumental ou muuuuito falsamente ingénua, desdenharia.

domingo, março 13, 2016

MARIA, MARIA...

MAIS UMA VEZ...



                                                                       Q.E.D.

" Nego rotundamente que exista hoje em qualquer recanto do Continente grupo algum enformado por um novo ethos que tenha laivos de moral... " - GASSET - século XX

Gasset referia - se a uma entidade nova parida por uma burguesia deslumbrada na sua escalada a um poderio de que não mais perdeu, representada por um  carácter a que apelidou de homem - massa.
Quase um século decorrido sobre essas reflexões sociológicas tão certeiras essa realidade impôs - se em todo o seu esplendor exactamente num espaço onde imperam as decisões que (des)orientam as ambições da diferença -o  da elite, da nata minoritária do comando e do mando tão glorificado pelo filósofo.

À medida em que a Ética se vai objectivando a todo o natural humano no seu relacionamento com o Outro e com o exterior representado pela natureza e os bichos, pelo menos ao nível da sua auto - representação e exposição política, assiste - se, na prática e onde não deveria acontecer, ao triunfo do solipsismo moral individual.

Sem querer focar - me especialmente nas incidências éticas que a situação despoletada pela ex - ministra das Finanças e a sua contratação pela Arrows, não posso deixar de me interrogar sobre qual o lugar da República onde se faz o julgamento ético sobre o que o ordenamento jurídico considera como isento de juízo, a não ser legal; naturalmente, não será a sub - Comissão de ética(!!!!???), já que ela não aprecia, portanto não julga incompatibilidades éticas mas sim legais.
A propósito, para quê essa designação? 
É que o sentido do que se quer julgar na sua percepção ética e que eufemísticamente é chamado de incompatibilidades é claramente desvirtuado, anulado, pela ausência de um JUÍZO formal e público, numa protecção incompreensível ( será? ) em casa própria que se abeira da hipocrisia mais fruste e do cinismo descarado.

Nada de mais, para sermos injustos como a matéria exige. Que a Política nada tenha a ver com a moral ( não terá? ) de cada um não é a mesma coisa que a abrangência comportamental estruturante que foi caldeada NO seu habitat durante séculos, essa coisa insignificante chamada Ética e que, quero crer, permite à Lei a sua soberania.

Fingir, ou procurar um conforto junto de quem, aparentemente, não enxerga a inconveniência sugere uma cumplicidade formativa evidente, por pura lógica comparativa.