sexta-feira, fevereiro 01, 2019

S.N.S.

LEIS DE BASE DA SAÚDE

Cristalina como a água limpa, Francisco Louçã, ex-líder do Bloco de Esquerda e um dos seus fundadores, recordou - nos nas páginas do Expresso, em contraponto ao Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Óscar Gaspar, as razões por que existe uma incompatibilidade real entre os interesses dos fornecedores da Saúde Privada e a Saúde Pública remetida à obrigação do Estado, português, para o caso.
" O debate ideológico  não me interessa e é uma farsa: os nossos liberais só querem empresas de saúde se o Estado lhes pagar. " Ora, sendo assim, já que o mercado é livre, porque é que não se limitam a criá - las em competição com o Estado e paga quem pode e quer?, pergunto eu...

Entre o negócio e a Obrigação, com contornos e fins que exigirão diferentes gestões porquanto o lucro norteia o primeiro enquanto a sustentabilidade no tempo a segunda, a escolha dos contribuintes líquidos é clara, quanto mais as capacidades técnicas e humanas se aproximam hoje, na evolução tecnológica, do que de melhor e infinitamente mais caro, se pratica no privado.

Hoje, dado o chorudo negócio para os privados, constituído pelas parcerias Público-Privadas estabelecidas entre o Estado e os investidores em várias actividades competidas constitucionalmente ao Estado e paralelamente aos privados, tornou - se claro que ao aperto do controlo e, eventualmente à dissolução de algumas dessas parcerias, os interesse privados lançaram mão a todos os processos de bloqueamento da entrada em vigor das novas Leis de Base da Saúde a sair da Assembleia da República, maioritáriamente apoiadas pela coligação de Esquerda.

Já não há como esconder o ataque generalizado da Direita política, empresarial, financeira e social, às escolhas políticas do governo socialista que colidam, como a Educação e a Saúde, por exemplo, com um statu quo de décadas, estabelecida pela direita cavaquista e reforçada brutalmente, com laivos de definitivo, pela ultra-liberalidade de Passos Coelho, Gaspar e companhia.

As tentativas recorrentes, que tão bons resultados deram no desmantelamento do estatismo pós-25 deAbril, de descredibilização da gestão pública, contrabandeada e boicotada por dentro por gestores comissariados para o efeito, prática ainda levada a cabo recentemente no que ainda resta da gestão pública, encontraram nas enfermeiras e nas professoras, aliadas corporativas de peso, pela nula noção de interesse nacional de que, coladas aos seus, ia dizer sindicatos, corporações lobistas, estampam como lutas sindicais.

Nenhum Governo que se preze cederá perante essa chantagem paga por interesses já não tão escondidos, sob o risco de inconsequência, mormente perante a aparente adesão do presidente da República à Oposição das Leis Gerais da Saúde.
A responsabilização pelas causas atendíveis de morte comprovada nos Serviços do SNS por falta de cuidados ou negligência exige um quadro jurídico a que só um dogmatismo ideológico sectário poderá invalidar.

Veremos...



domingo, janeiro 27, 2019

JAMAICA, PORTUGAL...

                                   
                                                                Bairro da Jamaica
... UM SINTOMA (?)...

... analisado, como diz Bruno V. Amaral, no Expresso de sábado, em pormenores de bosta.

Está lá tudo, o retrato cru da razão por que a desigualdade social em Portugal mais desigual se torna e se impõe, com todas as suas consequências, quando as suas vítimas são os habitantes da exclusão das JAMAICAS do país.
E quando a essa condição, mais adivinhada que pressentida se acresce, fundo, o preconceito social e... rácico, o sintoma é já uma ocorrência que a repetição fundamenta, nos pressupostos e contornos a ela associada.

Portugal nunca foi um país generalizadamente racista até pelo desconhecimento que do OUTRO lhe chegava, num país isolado por uma ditadura provinciana e medíocre.
No Portugal pós - colonial raras foram as perseguições a portugueses de outras raças; curiosidade, aproximação e esvaziamento dos produtos da lavagem cerebral imperial e mais tarde, fascista, que sobre si e sobre o Outro lhe foi imposto. Foi a época do Portugal de Abril.
O atraso, cultural, económico e social obrigava a a uma aprendizagem comum que a Democracia apadrinhava.

Quase 45 anos passados, o auto- convencimento da existência de algum fundo de verdade no lixo então deitado fora proporciona, a par da reformulação, da reciclagem de um imaginário nunca desaparecido, quiçá amestrado,civilizado, democratizado, mas... ainda aí... modificável e ajustável a determinadas condições históricas, jamaicadas em Portugal. Transformar esse estar, essa linguagem individualizada no sentir da comunidade seria o percurso natural do advento populista xenófobo.
Já funcionou no Brasil e noutras paragens.

A infiltração ( não será instrumental, por ora... ) nas Forças de Segurança, na Magistratura, nos MEDIA e nos partidos democráticos pela extrema - direita fascista, racista, xenófoba e reaccionária, está a acontecer, assim como a radicalização oportunista de posições políticas em partidos nascentes e jazentes.  

Pior que o racismo rácico é o racismo social, que penso estar na origem e transporte de todas as fobias do Preconceito. O " racismo " dos inferiorizados, muitas vezes como mecanismo de compensação psicológica, pela sua natureza reactiva, se não tem a mesma raíz e natureza do outro, do militante, tende, se as condições objectivas de manutenção do statu quo persistirem a mudar de natureza na sua expressão.      

Do que se ouviu nos MEDIA, no rescaldo dos últimos acontecimentos, por este cabo-verdiano que não habita bairros periféricos e que hoje não lhes conhece as dificuldades mas reconhece - as, foi, salvo raras excepções e aqui aponto o EIXO DO MAL da SicNotícias com excepcional relevância, IMBECILIZANTE.

É QUE NÃO FALARAM DE DETALHES DE BOSTA...