segunda-feira, fevereiro 05, 2018

MORALIZAÇÃO... (2)

( continuemos... )

Todas as tentativas de desestabilização deste governo de Esquerda, uma anomalia no universo conservador da U.E., esgotados os argumentos racionais e políticos, viraram - se para os casos, esses já numa nova frente onde a Justiça impera e lidera quase impunemente.

Com os MEDIA desconsolados com os fracassos reiterados no empanar da geringonça, o Ministério Público, uma estrutura de elite, braço armado da Justiça lusa, quase inalterado no conservadorismo corporativo malgré a queda do fascismo em Portugal surge, por coincidência, dizem - nos, a encetar uma caça à bruxas sob a bandeira da anti - corrupção, dando à luz, exactamente agora, quando se esvaem as possibilidades de um retorno, através da possibilidade de uma coligação com a nova liderança do PSD de Rui Rio, ao Bloco Central um assalto judiciário aos podres da Pátria.

Mudar, no tempo que corre deste governo, de Esquerda, as percepções do país, lá fora e cá dentro, é todo ele uma agenda política que a falta aparente de uma ligação estruturada, entre o caso de Tancos ( falta de segurança interna ), os incêndios de Julho, controlados física e políticamente, e os de Outubro, concertados e... mortais,  ( um país mal governado que não sabe tomar conta dos seus cidadãos ), uma avalanche vertical de casos investigados de corrupção, de cima abaixo do tecido social do país, onde avultam as SAD do futebol e a própria Justiça, na figura de procuradores e juízes desembargadores, secretários de Estado, e... cereja em cima do bolo - o ministro das Finanças, hoje presidente do Eurogrupo, teve uma visita do Ministério Público por ter solicitado bilhetes para ir ver uma partida de futebol de que é fã confesso, ( um país corrupto e que não merecerá a confiança das Instituições internacionais ), fez por desmerecer o sentido políticamente dirigido de coincidências.

PORÉM...,
 A eventual substituição da actual Procuradora - Geral, adulada e apoiada pelos magistrados públicos, em fim de mandato, e que o Governo em pleno uso das suas prerrogativas parece não querer manter à frente do cargo e um eventual ajuste tardio de contas com o PS que já vem do tempo do ex-Primeiro Ministro socialista, José Sócrates, seguida por uma eficácia investigadora a que nem a perene falta de meios humanos e técnicos reclamadas em décadas de reivindicações pela polícia e pelos magistrados assoberbados de processos, tudo isso não passa de uma coincidência, a que só uma singularidade deu o empurrão - o GOVERNO DE ESQUERDA a cumprir, com eficácia e louvor um programa de Esquerda q.b. e que pretende continuar no mesmo rumo.

Confesso que não me comove este despertar súbito da sanha moralizadora de  mudanças do país a partir da Justiça. Para isso estão lá o Governo legítimo da República e a Assembleia da República. Qualquer mudança estrutural e não calvinista deverão ter aí, com o apoio eleitoral, a sua origem.
A César o que é de César.


domingo, fevereiro 04, 2018

MORALIZAÇÃO...

...JUSTICIALISMO ou...

...COINCIDÊNCIAS?

A tentação é grande entre os órgãos de soberania em impôr - se uns aos outros; umas vezes com subtileza e decoro, outras vezes com desplante e sobrevalorização das prerrogativas e outras com cinismo e má - fé.
Impossível separar o elemento ideológico das tensões que por vezes se estabelecem quando a harmonização dos poderes é descartada em nome de interesses que as opções ideológicas podem, em certas circunstâncias, extremar.

Portugal está a atravessar a esse nível uma fase nítidamente, não já pressentida mas real de uma confrontação " surda " porque, embora declarada pelo Ministério Público através dos seus organismos de classe, segue por caminhos não tão óbvios.
A razão da guerrilha tem tudo a ver com o quadro político vigente em Portugal - um governo do P.Socialista associado ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda, formações anti - capitalistas, ou se preferirem, contra o neo - liberalismo financeiro e político surgido em força após a crise de 2008.

Falta acrescentar que as esperanças no fracasso dessa solução governativa não foram atendidas pelo Diabo ( a UE, presume - se... ) invocado pelo ex - lider da Direita, Passos Coelho, com o acrescento da aprovação das agências de rating e dos órgão máximos da União Europeia, face ao extraordinário resultado das políticas sociais, económicas e financeiras alcançados em dois anos de governação em relativa paz social.

Ao breve flirt, que o estado de graça do Governo alimentado pelas circunstâncias, lhe foi feito pelos MEDIA, propriedades da Direita empreendedora, seguiu - se a retaliação, não já com contra-argumentos políticos económicos ou financeiros, esmagados pela realidade inequívoca dos números, debitados diáriamente, então, em todos os títulos da Imprensa pelos especialistas, mas com casos, tretas e inconsequências formalistas. Não resultou, Portugal continuava a ser bem visto lá fora e tornou - se um must internacional procurado por um mundo sedento de paz social e... retempero, físico, emocional, lazer e... negócios.

 Aconteceu, então, uma das piores épocas de incêndios em Portugal e, pela primeira vez, com muitos mortos à mistura. Uma coincidência, dizem - nos, que alimentou até hoje as páginas dos jornais e aberturas televisivas, até à náusea revoltante do aproveitamento político da Direita das debilidades então constatadas e que duravam dezenas e dezenas de anos e que, hélas, foram descobertas pelo desatento país.

( continuarei... )