segunda-feira, junho 06, 2011

POR OUTRO LADO...

...Não posso deixar de aprovar, em consciência, se acaso tenha sido ( e esforço - me por acreditar... ) a racionalidade a promover a maioria de Direita contra o pântano que a dispersão aleatória dos votos provocaria.
Se foi esse o caso, isso diz - nos que quem foi votar fê -lo na consciência plena do que estava em jogo. Ao menos primou - se pela clareza e assumpção das responsabilidades futuras pelos actos da governação.

Por outro lado, se a razão profunda do voto esteve na " aversão " ao ex - P. Ministro a batota vai sair cara. É que, verdade seja dita, a Direita não escondeu o seu programa liberal e foi a esse programa que se deu a maioria de governação e a legitimidade para o promover democráticamente.

Nada obriga aos partidos anti - troika à aceitação do programa governamental da Direita e também eles foram claros em relação a isso.
Como a sua oposição na Assembleia será inconsequente, será na RUA e com a militância dos seus partidários e , como dizia Jerónimo de Sousa, com o cinismo dos " oportunistas " que sufragaram hoje a dupla troika, que se tentará travar as gravosas medidas que se preparam.

Em difícil posição se encontra o P.S. hoje. É o que dá proclamar - se de esquerda e governar com as receitas do outro lado. A sua também proclamada modernice, vulgo pragmatismo ideológico, uma contradição evidente, limita - lhe, hoje como ontem, inexorávelmente, o campo de actuação sobre a massa votante, também ela pragmática e, sem sentido ofensivo, oportunista.

Na escolha do novo líder se verá que caminhos irá seguir o P.Socialista pós - Sócrates. Ou perde de vez a sua identidade com Seguro ou recuperá - la- á com Costa ou Assis...

SÓCRATES sai de cena...


... E fá - lo com elegância...
" Ignoro, Atenienses, a impressão que vos causaram os meus acusadores. Por mim, de os ouvir, quase me esqueci de quem sou, tão persuasivos eram os discursos deles. E, no entanto, posso garantir que não disseram uma só palavra de verdade... " - Apologia de Sócrates - Platão

Ontem poderia ser este o estado de espírito do ex - Primeiro Ministro antes de ser confrontado com os seus juízes eleitores. Bebido o cálice até ao fim, retirou - se, de pé.
O balanço dos anos da sua governação far - se - á um dia,assente a poeira do ódio, do revanchismo que a sua indomável coragem criou, pela sua abrangência, num povo que não lhe perdoou traços de carácter que não vislumbra em si.
Muito longe de preencher a contento a defesa das minhas posições " utópicas " sobre a Democracia, apoiei - o, dentro de um quadro políticamente situado - a nação lusa e os seus resilentes atavismos - que ele tentou inglòriamente sacudir, exigindo dela o que ela NÃO QUER DAR ou NÃO POSSUI...
A consequência será a capitulação a uma Mediocridade geral que hoje a DIREITA, atingido o pleno, com uma legitimidade acrescida de mudança expressa e negligência assumida por metade dos votantes, está livre de promover, apoiada num programa miserável, pelo seu carácter regressivo e... naturalmente repressivo.

Para terminar, uma palavra aos MEDIA, principalmente a televisão pública...
Foi deprimente o espetáculo histérico dos meios, dos figurantes e dos protagonistas que acompanhou toda a transmissão dos resultados eleitorais. Um imenso e libertador orgasmo simbólico repetido até à NÁUSEA, no seguimento da degradação contínua da qualidade em prol do reboliço, da cacofonia e da sem - vergonha, cuja presença, também ela simbólica de José Eduardo Moniz, deu o toque exótico de vingança fria.
LAMENTÁVEL!