sábado, outubro 24, 2009

CONSTRUIR PONTES, DERRUBAR MUROS...?

A apologia do sistema ( dizem que é o democrático ) feita na cerimónia de atribuição do Prémio Quadriga a Durão Barroso pelo P. M. polaco Donald Tusk " mostra - nos uma vez mais o que é a Europa hoje e para onde vai... - ver Expresso de 24/10/09 primeiro caderno.

A democracia, o MERCADO LIVRE e o Estado de direito são as invenções mais notáveis dos europeus... e, hoje a Europa é a síntese de todos esses valores, tradições e ideias... diz Donald Tusk e diz bem.

Para reforçar essa ideia do SINCRETISMO ideológico que, hoje, está a reduzir a pó a LIBERDADE de o recusar, cita Kolakowski e o seu livro - Como ser um Socialista - Conservador - Liberal - em que o autor defende que essas três designações específicas deixaram de ser opções que se excluem mutuamente.

Hoje, no topo da pirâmide comunitária temos uma liderança - a de M. Barroso - cujas virtudes parecem ser, nas palavras do P. M. polaco e pelos vistos dos outros líderes nacionais, exactamente essas - a capacidade de instituir na Europa, e quem sabe, no Mundo, o PENSAMENTO ÚNICO.

Como se verifica, a RUPTURA GLOBAL com essa mistificação massiva está a tornar - se em cada dia que passa uma necessidade, que a coberto de belas palavras como a Paz, a justiça, a liberdade sonega - nos o direito da diferença ideológica.
Nenhum governo europeu terá condições de fugir ao MODELO ÚNICO que a França e a Alemanha, a par da tendência geral, estão a impôr através do seu conciliador - Mor, Durão Barroso.
A ironia suprema contida nessa planificação europeia faria corar Lenin. É claro que tudo isso pressupõe e exige a domesticação das resistências políticas que está a ser executada,a troco de EUROS.
O toque a rebate que esta última convulsão provocou ao Sistema deixando a nu as falacciosas previsões que a corrupção ajudou a trazer ao conhecimento de quem não era suposto saber - o Povo, exponenciou a arrogância o Cinismo e a determinação com que o rumo dos acontecimentos está a ser conduzido.

Em pânico, o Governador do Banco de Inglaterra - Mervyn King, critica duramente o " assombroso e insuportável BILIÃO DE LIBRAS, arrancados coercivamente aos contribuintes " na manutenção de uma, para mim estúpida e imoral economia, a viver de PAPÉIS.

Até que a Revolução ( fora de moda para os situacionistas e conformistas) aconteça por dentro, num despoletar colectivo de repugnância e vergonha, o atraso e decadência global estarão na agenda dos BUROCRATAS.

sexta-feira, outubro 23, 2009

ENCRUZILHADA...

E os eleitores de esquerda, evidentemente, perguntava eu, qual o seu papel?

Os conservadores estão confortáveis na sua posição. Quer estejam ou não no Poder, sabem que a esquerda que lá está é - o nominalmente, já que a política que " tem " de seguir já foi de antemão, ( dada a realidade, a Tal de que falámos no post anterior ) formatada e aceite pela Esquerda.

Para complicar a vida dessa esquerda no Poder está a visão dos eleitores -naturalmente interesseira, curta e de curto prazo - o prazo de uma legislatura de quatro anos.
Na impossibilidade de, em tão curto prazo, se proceder a reformas sobre o Sistema cujo alcance seja imediatamente percebido, a monotorização da actividade governativa foca - se pelos pormenores e pelos fait divers intriguistas que os Media criam e alimentam, com ou sem razão.

As diferenças que por vezes algumas " reformas " marcam em termos ideológicos, rápidamente se desvanecem, como a memória da governação anterior.
Daí a recorrência quase automática e irreflectida da alternância governativa na esperança vã de soluções de curto prazo.

Enquanto a Esquerda não tiver uma autêntica e diferenciadora política que a distinga, não necessáriamente em radicalidade, dos padrões desse obtuso Centrão, como já foi chamado, e governe, como a Direita o faz, para o eleitorado que maioritáriamente votou nas suas propostas, o pântano político mundial desfeiteará por muito tempo ainda as regras que a Democracia criou e que a Burocracia Global contrabandeia.

A Rotura tem de acontecer, quanto mais não seja por uma absoluta necessidade de transparência. As sociedades são conflituosas e formadas por grupos de interesses.
Assumamos de vez os conflitos e que de uma vez por todas se comece a DAR SENTIDO AO VOTO.

terça-feira, outubro 20, 2009

O CAIM DE SARAMAGO

Saramago, ateu confesso e militante, é tão livre de pensar e escrever o que escreve como o são os " pastores " de qualquer religião no Ocidente.

Saramago " ofendeu " os cristãos e eventualmente os judeus pela palavra e só pela palavra pode ser contestado e eventualmente " ofendido ".

A culpa, esse atributo da Razão, a haver, estará na linguagem esotérica, labiríntica e metafórica do Livro, a qual permite todas as interpretações, consoante à partida O consideremos como palavras de Deus ( pelos fiéis ) ou não.

Saramago, definitivamente assim não o entende e está no seu direito de romancear sobre o sagrado dos outros como porventura ser excomungado às chamas do Inferno pelos que acreditam que o inferno existe.

Menos sorte tem a ideologia nazi, corrida de todas as Constituições Políticas do planeta. Paradoxos da Liberdade que só a Política faz por desvanecer enquanto fôr o condutor do Homem, privilégio esse que a Religião aos poucos vai perdendo desde a Inquisição.

segunda-feira, outubro 19, 2009

A ESQUERDA NA ENCRUZILHADA...

Miguel Ángel Belloso na sua crónica no jornal " I " de hoje, lança uma apelo à Esquerda sob a forma desta pergunta - " Não crê o leitor que o choque entre os desejos e a realidade deveria ser um enorme mnotivo para reflexão na Esquerda?
Temos a Direita e o liberalismo no mando e, na sua frente, um deserto. "

Eu continuaria... um deserto de ideias e de falta de imaginação a par de uma cegueira próximo da demissão, que não lhe permite enfrentar a RUPTURA GLOBAL que urge fazer com esse bloco único que abrange TODOS os partidos de Poder no Ocidente, onde inadvertida e ingénuamente se encontra.
Actualmente, quase nada separa os sociais - democratas dos socialistas e os liberais dos conservadores a não ser a semântica. O cimento aglutinador de Todos os partido do Poder no mundo de hoje é a narrativa ( essa sim acabada, por ora ) económico - política onde o capitalismo lato sensu resiste e vai contornando as crises, deixando em cada agonia, um rasto de miséria, cavando fundo nas diferenças sociais.

Para reforçar o incontornável diktat do sistema, eis que os Partidos de Poder ainda e agora, apesar da sua inegável responsabilidade no caos, premeiam o sistema sob o alibi eleitoral de protecção dos empregos, que a Crise pôs sob risco.

A própria imoralidade de tudo isto tem denunciado à saciedade o funcionamento da clique que alterna o Poder e dos interesses que estão protegidos à partida, não importando, como disse, a cor política do Governo.

Onde se situarão os eleitores no meio disto?

Continuarei no próximo post...

PAUSA...

A complexidade que a modernidade transporta e chega até mim é tão diáfana e breve como o presente inexistente, neste planeta em volúpia, onde o tempo de perceber já é passado ainda antes do questionamento.

Philip Roth, na entrevista concedida ao Actual do Expresso, diz que não tem tempo para ler os autores contemporâneos. Essa afirmação é sintomática de um estado de espírito que só a velhice contempla, na urgência de uma necessidade visceral de tranquilidade e conforto a par da perplexidade com a meteórica e insustentável leveza do ser.
O retorno a um mundo amado, o das memórias, dele e doutros preenche- lhe e bem as suas necessidades actuais - é um tempo de balanço e de reconciliação.

Por mim, outras foram as razões da minha deserção do romance. Só regresso, de vez em quando, a Dostoievsky, V. Hugo e Eça de Queirós.

A necessidade compulsiva de conhecer o meu tempo enquanto não atingir o estado de tranquilidade, urge - me à leitura de ensaios, sobre quase todos os temas, mesmo quando assumem a forma de alegorias ou metáforas sobre a natureza humana e as suas perplexidades sobre o EU como , com azedume e tristeza em Saramago e distanciado e frio com A.Bessa Luís, para só falar dos portugueses.