sexta-feira, agosto 18, 2006

Quem ganhou a guerra?...

...tem sido a pergunta que muitos comentadores e jornalistas já deram resposta, mas à qual, por falta de enquadramento dos objectivos que lhe estiveram na origem ninguém respondeu convictamente.

Eu também tenho uma pergunta ALGUÉM DA EUROPA E DO OCIDENTE EM GERAL, SABE UM ÚNICO NOME DAS VÍTIMAS DESTA GUERRA ?

Quando Israel atacou e invadiu Líbano tinha um objectivo definido ou foi uma reacção
de quem se sentiu mordido nas canelas quando dois dos seus invencíveis soldados foram raptados pelo Hezbollah ? Se tinha, qual era ? Punir os civis pelo apoio que dão a essa organização ? Libertar os soldados raptados ? Obrigar o Governo do Líbano e por arrastamento a Europa a criar uma zona tampão no sul desse País e fazer aquilo que nem ele nem o Governo libanês foram capazes de fazer - desarmar o Hezbollah ?

Se foi essa a intenção de Israel, apesar do maquiavelismo da concertação com os USA, aplaude-se a estratégia e lamenta-se ( o que P.Pereira chamou já de banho de realidade ) para a Europa a guarda do caldeirão em ebulição incontrolável. E porquê?
O Hezbollah não se vai deixar desarmar pacíficamente. E por que o faria? O mundo assistiu durante 25 dias à tentativa de o destruir sem mexer uma palha, à espera que Israel tivesse êxito. Por que se iria desarmar perante quem o considera uma organização terrorista? Por quanto tempo a ONU irá aguentar as suas forças no sul do Líbano? E o que faria no caso de um ataque extemporâneo de Israel? E depois?

Enquanto a solução do problema palestiniano for deixada a Israel - USA - Autoridade ( !!!? ) Palestiniana, ela não verá NUNCA a luz do dia.
Surgiu agora, caso se queira aproveitar uma oportunidade única de globalizar as soluções em negociações SÉRIAS, associando fortemente a Rússia, a China, a África do Sul à imposição diplomática da criação definitiva do Estado palestiniano e da segurança das fronteiras de Israel, acabando de vez com o Obsceno negócio de venda de material bélico que alimenta essas escaramuças de Iraque a Afeganistão passando pela Palestina.

Já se disse que nas guerras há duas personagens - as vítimas e as que ficam ricas.Resta saber de que lado está a Europa e a sua população.

terça-feira, agosto 15, 2006

Da Utopia cercada...

"...Aos meus companheiros de luta, glória eterna por resistirem e vencerem o Império demonstrando que é possível um mundo melhor..." ( Fidel Castro 13 de Agosto de 2006 )

Voto de melhoras da parte de CALAMATCHE
PAZ !!!?

Pararam por agora as armas, destruição e o morticínio de civis, felizmente; ( e é MUITO ) e agora a Razão dos homens sábios vai-se debruçar, creio e desejo, sobre a maneira de decifrar o " código " da resolução GLOBAL da violência por aquelas paragens. Tarefa gigantesca para a qual, como primeiros responsáveis da sua criação terão a OBRIGAÇÃO moral de ser uma parte activa e não presencial. Refiro-me, como é bom de ver, à EUROPA, porque as sucessivas Administrações americanas e hebraicas só têm feito merda por aqueles lados.

Como na decifração de qualquer código, comecemos do princípio e com pequenos passos: uma vez sustentados passemos à etapa seguinte e assim sucessivamente. A determinação europeia terá de ser vigilante e denunciar, desmontando as " cascas de banana " que irão aparecer durante este processo, quer por parte dos radicais islâmicos ou dos USA ou dos sionistas. Europa perdeu a credibilidade moral perante os árabes, incluindo dos moderados e tem de se esforçar por reavê-la nos passos que terá de dar a partir de agora. O uso da diplomacia respeitosa para com um Estado soberano como o Irão na questão nuclear é um passo, não a AMEAÇA, pela simples razão de que ali NÃO RESULTARÁ; o extremar de posições criará um inimigo nuclear quando é preferível tê-lo como amigo, mesmo que ele consiga a bomba como o fizeram a India, o Paquistão, a China, a França, os USA, a Rússia, a Grã-Bretanha, a África do Sul, Israel, a Coreia do Norte...( esqueci-me de algum ? )

Tenho por mim que a dissuasão nuclear tem sido a maior protecção dos países que a possuem contra a loucura total que tem sido a arrogância dos bombardeamentos impunes e insanos sobre populações civis.

NENHUM POVO DESEJA O SEU EXTERMÍNIO e quero crer que o Irão não é excepção, assim como Israel também não o é, como tem sobejamente demonstrado.

domingo, agosto 13, 2006

Dos novos fundamentalismos... ao charuto de Churchill

Gostei da prosa de J.Pereira Coutinho no Exp. desta semana glosando a ausência do charuto de Churchill numa peça a retratar o estadista num teatro de Edimburgo, devido à proibição de fumadores em locais públicos.
A talhe de foice, também Henrique Monteiro no mesmo jornal conta um delicioso episódio de um professor americano que acendendo um cigarro em 1989, antevê o futuro que nos esperava com uma profética esperança " Espero que nos tornemos rapidamente uma minoria para então reivindicarmos alguns direitos ".

Eu não queria cometer o pecadilho de citação própria, mas logo que surgiram as primeiras hipócritas reacções aos fumadores dos miseràvelmente poluidores americanos, sabia que a " moda " chegaria Europa com mais ou menos atraso; e enumerava os milhões de "determinações", leis, normas, etc, que diariamente dão à luz no mundo a reduzir em cada dia que passa a nossa liberdade e a nossa responsabilidade cívica para com os outros.

Como é fácil de entender eu sou um fumador inveterado e apesar de me chocar, física e estèticamente a multidão ululante de obesos, alcoólatras, mentecaptos, cretinos, porcos, energúmenos, nazis, mal- cheirosos que comigo se cruzam em lugares públicos, não desejo que o Estado lhes tire a liberdade de se " matarem " com carne, álcool ou cretinice aguda, desde que seja essa a sua vontade de adultos.
UM ALERTA AOS PACIFISTAS...

...para as perigosas e apressadas " marcações " que têm sido utilizadas na identificação dos anti - Guerra ( seja ela qual for, sejam quais forem os protagonistas, sejam quais forem os alibis ) , como simpatizantes do outro lado.

A recusa e a condenação do que já foi chamado de, erradamente a meu ver, um anacronismo do séculoXXI, não faz do, perdoe-se a simplificação e o rótulo, Pacifista, uma ingénua aberração ou portador de qualquer espécie de simpatia, melhor, empatia com beligerantes de qualquer raça, cor, religião ou ideologia.

O pacifismo é o resultado de uma evolução ética e racional que distancia o Homo sapiens, pela sua postura em relação à Natureza, do neanderthalensis que desgraçadamente não foi capaz de se racionalizar.

É que têm sido muitos os marcadores que têm sido utilizados para etiquetar os anti - guerra como simpatizantes dos islâmicos. Num futuro que antevejo sombrio, a caça às bruxas que tem estado contida pela democracia fará uso dessas marcas para apontar a ignomínia.

A redutora e limitada capacidade de análise de situações complexas criou sempre impaciência, frustração e violência nos lugares e nas cabeças onde as células cinzentas não abundam. O conhecimento é penoso para o neanderthalensis; ele não consegue ver o Mundo em toda a sua paleta de cores e perspectivas e age em conformidade com o preto e o branco da sua pobre visão.
Infelizmente, essa espécie tende a tornar-se maioritária, num retrocesso biológico notável e perturbador, de decadência. E está a acontecer em todo o lado.

Uma das razões por que vou lamentar a minha morte é não poder "presenciar " a evolução dessa situação ímpar no mundo bioógico.