quarta-feira, janeiro 31, 2018

O ESTADO DA UNIÃO

A PALAVRA E O ACTO

TRUMP não terá escrito este discurso " conciliatório " que, a não ser pela permanência de Guantánamo, poderia ter sido verbalizado por qualquer outro presidente republicano que não ele.
O apelo ao melhor dos americanos foca - se essencialmente na captura da sua capacidade empreendedora - cada um por si - e no seu individualismo, liberto de considerações subsidiárias de alcance social.

Ao isolamento que a crença na exploração nacional dos recursos naturais inesgotáveis do país acarinha, cola - se a retórica do desequilíbrio comercial com a Europa e com a China, hoje rivais imbatíveis no contexto das nações, enquanto lança um manto de silêncio sobre a Rússia.

Face ao rearranjo das alianças estratégicas da Rússia no Oriente - Médio, Trump acredita na utopia de conciliar o REINO com Israel, desprezando o contributo vital da Turquia na NATO, que farto de esperar pela UE, amiga - se com Putin e ... aniquila o DAESH, uma lança sunita contra o IRÃO e os xiitas do Iraque, financiado pela Arábia Saudita.

Entretanto, enquanto o mundo pós-trumpista se organiza, face à deserção, Trump brinca aos cowboys com KIM e, felizmente, sem o querer e sem dar por isso levará à paz entre os coreanos e o apoio decisivo da China pelo reforço militar e económico daquela zona do Pacífico a que pouco faltará a adesão do único aliado de peso dos USA na região, o Japão.

Voltando ao Estado da União, dividida entre os urbanos e os rednecks, as Corporações e a ausência de representações do mundo do trabalho, entre os progressistas e os reaccionários, uma proeza de monta caucionada pelo actual presidente, que pura e simplesmente leu o discurso conciliador, tácticamente elaborado por quem ainda tem esperança de conter a prodigalidade néscia do seu patrão.

A União não está bem e não se recomenda.

terça-feira, janeiro 30, 2018

FRENESIM POLICIAL

PORTUGAL...,

... Um país de corruptores e corruptíveis?

Um olhar sobre o panorama judicial luso da última década põe - nos em contacto com uma enxurrada de casos policiais em investigação, envolvendo crimes de colarinho branco, nomeadamente tráfico de influências, peculato, corrupção política, lavagem de dinheiro e fraudes bancárias.

Dir - se - ia que a Polícia Judiciária, finalmente, se encontrou com rédea livre para desmontar as teias do compadrio e promiscuidade entre as classes mais abastadas do país ou, então que, finalmente, já possui meios e competência, resguardados por apoio nunca enjeitado pela actual Procuradora Geral da República, Marques Vidal, para sair à caça.

Hoje tivemos a notícia de uma investigação a vários juízes e a um juíz - desembargador sobre acusações gravíssimas de corrupção quando ainda fresco está o julgamento de um procurador acusado, também ele, de corrupção passiva.

Esta " limpeza " judiciária pendurou - se sobre os ombros dos MEDIA e com a cumplicidade de uma nova raça de bufos e do povo sedento de sangue dos grandes, ameaça tudo o que estiver ao alcance de uma denúncia anónima.
Corre - se o perigo do emporcalhamento público de inocentes, cujas vidas poderão ser mudadas de uma maneira dramática.

Para isso estarão os tribunais, dir - se - á, enquanto os MEDIA se encarregam do julgamento público. Judicialismo com populismo será uma combinação venenosa e anti - democrática pela obliteração da presunção de inocência e pela mistura de alhos com bugalhos ao sabor de um sopro.

Não será, seguramente, o tipo de Justiça que os cidadãos democratas iriam desejar no seu país.