sexta-feira, março 16, 2018

DEMOCRACIA, SOBERANIAS (2)...

... DAS NAÇÕES

Voltando à Europa, as questões acima referidas estão ao rubro. Há uma História partilhada durante séculos que deixou marcas indeléveis no imaginário político - social das nações que a constituem.
Com a redefinição, crê -se que definitiva, das fronteiras dos estados - nação com a derrocada do Império soviético e a redescoberta das identidades nacionais, ciosas de territorialidade, criaram - se novos estados, como a Sérvia, a Croácia, a Eslováquia, o Kosovo, o Montenegro, a Ucrânia, os estados bálticos e...

Todos os estados constituídos tiveram o direito ao regime que escolheram, ao regime político que, pelos votos reiterados, escolheram como  representante do tipo de administração do Estado que almejam. Goste - se ou não, é assim que a Democracia se define, no formalismo contemporizado das escolhas maioritárias no tempo e circunstâncias históricas tão díspares, de evolução social e económica dos países e espaços geográficos.

A " arrogância " sobre o que se pretende ser o " fim da História ", com que o Pensamento Único e pretensamente Universal exige, na globalização e no mimetismo nas instituições representativas de supostas existências e entendimentos compartilhados como tais, releva e define a conversa de surdos entre o núcleo fundador da U.E. e os novos aderentes a um projecto do qual, históricamente, ainda não estavam preparados.

Tenho por mim que não será tanto pelos problemas que a Globalização trouxe ao ajustamento das estratégias políticas das nações que a UE não consegue convencer os seus cidadãos das virtualidades que uma futura Federação Europeia poderia trazer à Europa Continental.
As razões, profundas, têm mais a ver com a desconfiança quase atávica com que o imaginário social e histórico, formatado e sucessivamente actualizado, que reina entre os Estados da União, vê a fragmentação das identidades e perdas de soberania que definiam uma pertença caldeada por séculos de sedimentação histórica, em nome de um projecto a raiar a distopia política, para grande parte das nacionalidades europeias.
Enquanto que nos USA a união fez - se de base, na Europa há uma tentativa de reinvenção daquilo que os Impérios nunca conseguiram.

Apesar de ter em conta que a Globalização, ainda em hipótese sincrética, como resultado de uma cínica avaliação de diferentes percursos históricos que o deus DOLLAR, efigético, se encarregaria de equalizar através e até agora, únicamente, pelo comércio e livre circulação do Capital como valor de referência universal, depois da fase de deslumbramento, está a pôr a nu as consequências pouco virtuosas da sua expansão - a falência da redistribuição dos rendimentos e riqueza, esperava - se, das nações pelo bem - estar das suas populações, do estado das economias da zona euro, reequilibradas, esperar - se - ia outra tranquilidade nos seus propósitos que não uma guerra de identidades e... populismos desconexos. Pelo que, penso eu, o problema está além, melhor, dentro das contradições ainda não resolvidas entre a Democracia e... LIBERDADE, hoje em posse narcísica e individualizada.

quarta-feira, março 14, 2018

DEMOCRACIA, SOBERANIAS...

... DAS NAÇÕES E... NÓS


Só a força bruta foi capaz de domar sentimentos nacionalistas em toda a História da Humanidade.
Da época dos Impérios à libertação, também ela pela força, das nações e do seu enquadramento territorial, do jugo da dominação, militar, cultural e económico, se fez a História do mundo.

Dominação e poder foram os êmulos impulsionadores das primeiras civilizações que, sob outras vestes, pulsionam, e tentam refazer, nomeadamente hoje, outros Impérios como o foram a Rússia, a China e... os USA.
A Europa, farol universal, pelas suas vitórias de harmonização social durante meio século, por sobre os escombros da auto - aniquilação durante séculos, hoje cansada e envelhecida, sábia e conformista face à natureza humana escrutinada pelos filósofos, rende - se ao pragmatismo gestionário e geracional, desambiciona o Poder, enquanto vê implodir as suas democracias em populismos sebastianistas. A Paz é - lhe um tesouro cuja guarda deixou à Burrocracia na gestão da sua velhice e eventual decadência.
À primeira vista, o que do ponto de vista estratégico pareceria um suicídio face às pulsões belicistas dos Outros, exacto, dos outros, já que o conceito de Ocidente está a ser desmantelado pela América de Trump e pelo isolacionismo do Brexit, dizia, configura, a meu ver, uma maturidade política, ética e civilizacional exemplar, face ao turmoil histérico que a circunda e que de quando em vez nos perturba..., em casa.
Uma potência de luz e discernimento e não de sombras e miséria, portador de um novo Iluminismo que eduque a infantilidade soberana de povos e de... personalidades, terá de ser o caminho da refundação europeia, sob o risco de contaminação dos bárbaros.

Ver de fora o jogo de sombras entre um Império caquético governado por uma megalomania narcísica e armado até à medula e um Estado que se reclama do direito à existência e à experiência de um sistema de governo sem querer correr o risco que outros sistemas correram e sofreram, correm e sofrem, pela insubmissão ao Império, servirá de alerta à Europa na decifração dos seus interesses estratégicos, dos seus amigos, e de prevenção, pelo reconhecimento de décadas de manipulação de que foi alvo pelos interesses americanos.
Essa guerra entre dois egos imbecis não poderá ser a sua. Saiba a sua diplomacia PÔR - NOS FORA DISSO.

( continuaremos... )




terça-feira, março 13, 2018

WHY NOT?

UMA CÁTEDRA?


Passos Coelho, o ex - primeiro Ministro de Portugal durante o período de austeridade imposto ao país, por culpas próprias e alheias, foi um bom aluno, na hipervalorização seguidista das receitas daninhas da Troika financiadora do resgate do país a uma crise financeira de monta.

Sem querer alongar - me sobre as razões que obrigaram o governo socialista de Sócrates a pedir ajuda às instâncias internacionais, o que ficou deste tempo foi a memória, aos poucos apagada, da pauperização do país pela alienação de sectores estratégicos da economia e um brutal corte de rendimentos da classe média e o empobrecimento dos mais desvalidos. 
Soubemos agora que, ao abandono da militância política, coube - lhe o convite de algumas universidades como professor catedrático convidado, com todas as regalias do cargo.
Dentro de algumas academias estalou a polémica sobre o que considero ser uma banalidade no tratamento de ex - governantes. Nada de novo, portanto.

As universidades têm sido o veículo de transmissão, os polos promotores do que do mais conservador existe em matérias político económicas nos países ocidentais. A formação dada aos alunos formata - os política, burocrática e económicamente nas ideias liberais e conservadoras de gestão pública ou privada.
Passos Coelho saiu dessa fornada e aderiu - lhe totalmente - Um Estado esquelético e o laissez faire para os negócios. A receita, essa, aplicou - a até onde lhe foi possível, durante o tempo em que esteve no poder. Todo o conhecimento que sobre a matéria terá, deve - o à experiência como governante e será, EXACTAMENTE, por isso, pela sua vivência no primeiro plano da AUSTERIDADE aplicada que a sua cátedra faz sentido para quem o convidou. Uma experiência acumulada que valerá a pena ser transmitida.

Cavaco Silva optou pelos diários da presidência, num exercício narcísico da sua actuação como chefe de Estado. Passos Coelho, eventualmente não teria leitores assim como Cavaco não os teve, pelo que essa saída limpa que lhe foi proposta caiu do céu.

Que lhe faça bom proveito e que as suas crónicas sirvam de aviso contra a T.I.N.A., o Pensamento Único que varreu a UE com as consequências hoje visíveis do afastamento dos cidadãos dos seus promotores.

segunda-feira, março 12, 2018

MAL ENTENDIDOS...

... OU " SUBTILEZAS " POLÍTICAS?

Diz - nos o Expresso que... " Nas audiências com os partidos, o Presidente da República admitiu ainda que se o Estado voltasse a falhar aos cidadãos, não poderia segurar o Governo ".

O que é que isto quer dizer? De quem é a perspectiva errónea sobre a vigência deste Governo? Dos Media, cujas fontes desconhecemos ou do próprio Presidente?
Que saibamos, em Portugal, os governos são apoiados ou não pela Assembleia da República e só em circunstâncias excepcionais de degradação democrática podem ser obrigados a demitir - se na sequência da dissolução desta, prerrogativa do presidente da República. 
Ora, no Portugal de hoje, exerce - se uma visão política de Esquerda, que em contraponto com o governo liberal -  conservador anterior, da área política do actual presidente da República tem, não só o apoio maioritário dos deputados na Assembleia como na população portuguesa, à vista dos resultados da governação e em sucessivas sondagens de opinião pública.

A acrescentar a isso temos a rendição da U.E., do FMI, das agências de rating, à eficácia da solução governativa, que dantes deploraram.

E... o que é isto de " falhar aos cidadãos ? "  Em Democracia os governos falham aos cidadãos, porque os políticos erram na exacta medida da frustração das minorias ou maiorias falhadas. No falhanço aos cidadãos se radica a essência da alternância democrática e na volubilidade do voto a existência de partidos ou projectos políticos.
Custa - me a acreditar que a " conspiração " reaccionária que se instalou em Portugal no fornecimento de perspectivas negativas, alheias a este governo, através dos miseráveis incêndios deflagrados por todo o território, a poluição do Tejo, a queda das Raríssimas, o surto da legionela, os e - mails do Benfica, a guerra diplomática com Angola,  o despertar do Ministério Público numa campanha de limpeza do lixo da corrupção, conseguiu sensibilizar à criação de uma linha vermelha de " falhanço " aos cidadãos por parte do Executivo, caucionando trôpegos alibis para a dissolução do Parlamento.

A  não ser que a ideia seja provocar uma maioria absoluta do PS nas eleições subsequentes, o que não acredito, não vejo nenhuma razão para esta presença, para este estar, para este avisar, para este aprazar, por parte de Marcelo, nessa pulsão incontrolável de ser o centro das atenções na vida política portuguesa.
Marcelo oscula pelo país, selfia com o mundo luso, afaga, conforta os sem - abrigos, acolhe a cada infortúnio, tenta definir a democracia - cristã numa República laica governada hoje por socialistas, comunistas e radicais de Esquerda. 

Creio que não há populismos positivos versus populismos negativos. Enfermam dos mesmos males que a subtileza político/intelectual na manipulação consegue atenuar a grosseria.