" DEUS É UMA MAGNÍFICA CRIAÇÃO DO CÉREBRO HUMANO "-...,

... diz António Damásio, neurocientista, na entrevista brilhantemente conduzida, como de costume, pela Clara Ferreira Alves, ao Expresso da semana passada.

" Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar?...
Gott ist tot! " - Nietzche

Em todas as Cosmogonias a existência de Deus precede o " conceito ". A Cosmogonia contemporânea procura -O e julga encontrá -LO onde pensa que está - nos neurónios, pela sua representação bio - antropomórfica e na Consciência na sua forma fantasmática.

Contrariando Nietzche na sua brilhante tese projectiva da evolução do Homem, Damásio, ao associar o nascimento de Deus ao aparecimento da Razão, garante a Sua existência, e enquanto ela existir, enterrado nos nossos crânios.
enterrado, mas não morto, nas profundezas das nossas conexões neuronais, expandindo - O, como existência, pelo Universo através da matéria, garantindo - Lhe a Omnisciência omnimodamente pelo Cosmos onde a Razão ainda não chegou, apesar da nossa omnipotência.

Como nova Cosmogonia não está mal...

Derivando...
A certo passo da sua entrevista de coroação do Sapiens como a " coroa de glória da Biologia " , esquecendo - se, ou como corolário da soberba racionalista, das OUTRAS biologias que a nossa Ciência desconhece de todo,faz uma separação entre aquilo que chama de " inconsciente genómico " e " inconsciente cognitivo ", entre o genético e o adquirido, entre a biologia e a Cultura.
A dúvida que se me pôs prende - se a dado passo, com a exclusão do cão da Clara de uma autobiografia que se lhe aparta ou se lhe cola consoante o seu determinante genómico lhe dita as memórias sem o seu conhecimento, melhor, antecipação do futuro.

É que o meu gato tem comportamentos " culturais " que só posso atribuir ao " cognitivo ", como essa aberração de Todos os dias, a determinada hora ir esperar a minha mulher que vem do trabalho e que despreza de todo quando ela está em casa.

Bem, de Biologia e seus derivados, genómicos ou cognitivos, estamos conversados. No fim de contas é disso que se trata - SOBREVIVÊNCIA, PURA E DURA, COMPLEXA OU ELEMENTAR, com as adaptações que o organismo vivo tece, sejam elas de qualquer nível e carácter.

A " victória " do SAPIENS não estará tanto na sua Razão mas na capacidade que ele tiver de a utilizar em prol da conservação da espécie com as determinantes culturais de evolução que, isso sim, a sua RACIONALIDADE lhe propõe SEMPRE e que ele tem tendência a renegar perante o imperativo biológico.

Última dúvida - DEUS, na MEMÓRIA de todos os homens,não fará parte do nosso " inconsciente genómico "? E porquê? Ultimate answer para todas as questões que a nossa Razão procura a resposta e que sabe que existe na própria formulação.!!!?

CATASTRÓFICAS...,

... As descobertas que o luso anda a ter sobre si mesmo.

Entretanto..., permito - me lembrar que...

" Há, sim senhor!
Há um Portugal sério, um Portugal que trabalha, que estuda; curioso, atento e honrado! Há um Portugal verdadeiro que não perde o seu tempo com inimigos fantásticos e cujo único desejo é apenas e grandemente ser Ele próprio! Há um Portugal, o único que deve haver e que afinal é o único que não anda por causa dos vários Portugais inventados de todos os lados de Portugal!Há um Portugal profissionalista, civil e insubornável! Há, sim senhores!
Mas entretanto...
Entretanto, a nossa querida terra está cheia de manhosos, de manhosos e de manhosos, e de mais manhosos. E numa terra de manhosos não se pode chegar senão a falsos prestígios. É o que há mais agora por aí em Portugal: os falsos prestígios.

E vai dizer - se de quem é a culpa de haver manhosos e falsos prestígios: a culpa é nossa e só nossa! Não há nenhum português, nem o escolhido entre os melhores,, que não tenha forte parte nesta culpa. Porque os portugueses, os bons, os melhores,os sérios, os inteiros, enfim os portugueses ( se se entendesse bem esta palavra ) não sabem, ou melhor, não desejam lutar contra a manha dos que chegam a ser ou favorecem os falsos prestígios. ORA, A MANEIRA DE LUTAR CONTRA A MANHA NÃO É A DA MANHA E MEIA, ANTES PELO CONTRÁRIO, É A DE DETESTÁ - LA ABSOLUTAMENTE, E MAIS, DESMASCARANDO - A PÙBLICAMENTE E ALI MESMO... "
- Textos de Intervenção - Almada Negreiros 3 DE Novembro de 1933

Será preciso explicar, quando se fala dos atavismos portugueses que lhe marcam o percurso como povo, de que estes dois males de que fala este profundo observador da casa lusa e mais a INVEJA malsã, serão sempre o travão de qualquer meta traçada, eventualmente pelos melhores?